Uma nova análise de conjuntos de dados globais, conduzida por pesquisadores da Universidade de Notre Dame (EUA), mostra que os países de baixa renda são significativamente mais propensos a serem afetados pela poluição tóxica e pelas mudanças climáticas. O relatório ainda fornece uma lista dos países sob maior risco, além de revelar as nações mais bem preparadas para iniciar imediatamente esforços diretos para a redução do risco de poluição. A análise foi publicada no dia 7 de julho, na revista científica PLOS ONE.
As atividades humanas estão, há décadas, desestabilizando nosso planeta em vários sistemas. Pesquisas anteriores mostraram que os países de baixa renda enfrentam maiores riscos associados à poluição tóxica e às mudanças climáticas do que aqueles de alta renda. No entanto, poucos estudos exploraram a relação entre esses dois riscos.
Para testar a relação entre poluição tóxica e mudança climática, os autores reuniram e analisaram três conjuntos de dados públicos usados com frequência, ND-GAIN (Índice de Adaptação Global de Notre Dame), EPI (Índice de Desempenho Ambiental de Yale) e GAHP (Aliança Global sobre Saúde e Poluição ), usando dados de 176 países de 2018.
Eles encontraram uma relação forte (rs = -0,798; IC 95% -0,852, -0,727) e estatisticamente significativa (p <0,0001) entre a distribuição espacial do risco climático global e poluição tóxica. Em outras palavras, os países com maior risco de impactos das mudanças climáticas foram, na maioria das vezes, também os países que enfrentam os maiores riscos de poluição tóxica.
Aliás, como mostram outros estudos, as mudanças climáticas e a poluição tóxica interagem para criar problemas de composição: por exemplo, o aquecimento das temperaturas aumenta as taxas de doenças mortes relacionadas ao calor, bem como aumenta a toxicidade de contaminantes ambientais.
O terço superior dos países mais em risco representou mais de dois terços da população mundial, geograficamente concentrada em países de baixa renda na África e Sudeste Asiático. Os autores observam que os fatores demográficos, ecológicos e sociais em ação estão interligados e demonstram padrões mais amplos de desigualdade.
Eles ainda enfatizam que a geografia física, as condições estruturais locais (como uma capacidade relativamente baixa de política ambiental e fiscalização) e fatores externos (como empresas estrangeiras que aproveitam a regulamentação ambiental reduzida) também desempenham um papel na exacerbação dos riscos nesses países.
Com base nessa análise, os autores criaram uma “lista-alvo” dos dez principais países que poderiam fornecer o máximo de retorno sobre qualquer investimento para redução dessas ameaças com base em seu próprio risco, bem como em sua capacidade estrutural de promulgar mudanças. A lista inclui Cingapura, Ruanda, China, Índia, Ilhas Salomão, Butão, Botswana, Geórgia, República da Coreia e Tailândia.
Os dados usados neste estudo não capturam todas as formas de dano ou risco potencial de poluição tóxica e mudança climática, mas apenas aqueles medidos nos conjuntos de dados iniciais. Além disso, os autores observam que abordar os impactos pode exigir uma avaliação mais detalhada dentro do país, uma vez que os riscos podem variar amplamente dentro dos países.
No entanto, as descobertas imediatas apontam claramente para a necessidade de abordar em conjunto os efeitos da poluição e da mudança climática globalmente, ao mesmo tempo que sugere uma abordagem para os formuladores de políticas em todo o mundo.
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