Relatório “Estado da Alimentação e da Agricultura 2016” pede mudança urgente na produção e consumo de alimentos
A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO, informa que Angola e Brasil lideram as emissões de gases de carbono na agricultura, florestas e uso da terra entre os países de língua portuguesa.
De acordo com estimativas apresentadas em 17 de outubro, em milhões de toneladas de CO2, o Brasil emite 441.905, seguido por Angola com 29.584.
Melhorar a produção
Para a Diretora do Escritório da FAO nas Nações Unidas em Nova Iorque, Carla Mucavi, o mundo deve optar por produzir mais com menos recursos e aproveitar os resíduos para melhorar a produção.
“Temos que gerir ou manusear os recursos naturais de forma mais responsável. Vários países em vias de desenvolvimento deparam-se com este problema e até países mais desenvolvidos de forma diferente quando a gente fala de perdas de produção. Produzimos mas não conseguimos ter o produto final em condições que podiam nos permitir produzir menos.”
Queima de resíduos
Nas posições seguintes estão Moçambique com 17.705 milhões de toneladas, Portugal com 6.324 e Guiné-Bissau com 1.651.
Timor-Leste emite 784 milhões de toneladas de gases de carbono na agricultura, Cabo Verde 112 e na última posição está São Tomé e Príncipe 16. O Brasil também lidera na queima de resíduos de colheita com 1.932 milhares de toneladas.
Mudança
O Estado da Alimentação e da Agricultura 2016, com a sigla Sofa, destaca que a forma como são produzidos e consumidos os alimentos deve mudar urgentemente.
O objetivo é reduzir a quantidade de emissões de gases de carbono produzidos pela agricultura e ajudar os agricultores a adaptarem-se às mudanças climáticas. O documento foi lançado como parte da celebração do Dia Mundial da Alimentação assinalado em 16 de outubro.
A agência defende que sem uma ação rápida, a mudança climática vai colocar milhões de pessoas em risco de fome e a pobreza.
Renda
A FAO destaca desafios assustadores mesmo sem as alterações climáticas na agricultura mundial no estado da segurança alimentar. Entre eles está o crescimento da população e do aumento da renda em grande parte do mundo em desenvolvimento que têm pressionado a demanda por alimentos e outros produtos agrícolas a níveis sem precedentes.
A estimativa da agência é que para atender à demanda por alimentos em 2050, a produção mundial anual de produtos agrícolas e gado seja de 60% maior do que era em 2006.
Safras
A agência destaca ainda que cerca do 80% desse aumento deverá vir dos rendimentos mais elevados e 10% do número de safras anuais.
O estudo destaca que o potencial de rendimento é limitado pela degradação generalizada da terra e a crescente falta de água.
A agência quer mais esforços para reduzir a pobreza e para uma transição para uma agricultura produtiva e sustentável. Sem isso, muitos países de baixa renda terão dificuldades de garantir o acesso a quantidades suficientes de comida para toda a sua população.