Imagem de Bri Tucker no Unsplash
Um estudo recente revelou que pesticidas veterinários usados em tratamentos antipulgas para cães e gatos estão contaminando ninhos de aves silvestres no Reino Unido. Pesquisadores identificaram resíduos de fipronil e imidacloprida, inseticidas proibidos na agricultura da União Europeia, em 100% dos 103 ninhos analisados de chapins-azuis e chapins-reais. Os compostos, associados a danos neurológicos e reprodutivos em pássaros, chegam aos ninhos por meio de pelos de animais domésticos – coletados pelas aves para isolar ovos e filhotes.
A prática de deixar pelos escovados de pets em jardins, comum entre donos de animais e entusiastas da vida selvagem, tornou-se uma via silenciosa de intoxicação ambiental. Com 80% dos 22 milhões de cães e gatos britânicos recebendo tratamentos regulares contra parasitas, os resíduos químicos persistem na pele dos animais e são transportados para ninhos durante a primavera. A exposição contínua a esses produtos, mesmo em baixas concentrações, pode explicar taxas elevadas de ovos não eclodidos e mortes de filhotes registradas em ninhos com maior carga tóxica.
Embora proibidos em lavouras devido aos riscos à biodiversidade, fipronil e imidacloprida continuam sendo amplamente utilizados em medicamentos veterinários. O problema se agrava pelo uso excessivo: muitos tutores aplicam antipulgas durante todo o ano, mesmo no inverno, quando pulgas e carrapatos são menos ativos. Alternativas como comprimidos orais – que evitam o contato direto da pele tratada com o ambiente – são sugeridas, mas exigem avaliações rigorosas sobre seu impacto no solo e na água.
Especialistas defendem revisões nas políticas regulatórias para incluir análises ambientais detalhadas antes da aprovação de tratamentos veterinários. A redução no uso sazonal de antipulgas e a preferência por métodos menos invasivos surgem como estratégias urgentes para equilibrar o cuidado com os animais domésticos e a preservação da vida selvagem.
O estudo, publicado na Science of The Total Environment, reforça a necessidade de diálogo entre cientistas, legisladores e a sociedade para evitar que boas intenções – como ajudar aves a construir ninhos – se transformem em ameaças invisíveis aos ecossistemas.
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