Além de ser um fator para a poluição de microplásticos, o descarte de máscaras descartáveis tem impacto negativo no ecossistema marinho
Embora as máscaras descartáveis sejam essenciais e não substituíveis no combate à Covid-19, seu descarte impróprio pode causar mais impactos do que o esperado. Acredita-se que a poluição nos oceanos é equivalente a mais de 54 mil piscinas olímpicas, o que é de grande impacto no ecossistema marinho.
Enquanto a demanda para a produção de máscaras cirúrgicas atingia cerca de 126 bilhões por mês em 2020, no mesmo ano mais de um bilhão dessas máscaras foram descartadas incorretamente e pararam no oceano.
O plástico usado na confecção das máscaras, assim como qualquer outro plástico, é suscetível aos fatores externos que causam sua degradação. As intempéries fragmentam as máscaras em diversas partículas de micro ou nanoplásticos, ambos considerados extremamente poluentes e difíceis de serem retirados do meio ambiente.
Além da formação de microplásticos, as alças das máscaras oferecem outra ameaça para a fauna do planeta e principalmente do ecossistema marinho. Animais podem facilmente se prender em um das aberturas do elástico, o que pode diminuir sua mobilidade e eventualmente prejudicar o seu ciclo de vida.
Para conseguir analisar o nível de poluição causado pelas máscaras, um time da Universidade da Cidade de Hong Kong (CityU) simulou o seu descarte em águas salgadas. Eles descobriram que apenas uma máscara cirúrgica que pesa por volta de três gramas tem capacidade de liberar cerca de 3 mil microplásticos. Durante a decomposição inteira do material, é estimado que 0,88 a 1,17 milhões sejam liberados.
Os cientistas do estudo também analisaram os impactos do microplástico na fauna marinha. Os copépodes que foram expostos aos microplásticos tiveram uma redução de fertilidade em até 22%.
A redução dos copépodes, que são animais essenciais para o ecossistema marinho, pode acarretar todo o desequilíbrio desse sistema.
Além de seu impacto na reprodução desses animais, o material das máscaras também pode afetar a cadeia alimentar desses animais. Outros animais marinhos que se alimentam de copépodes acabam se contaminando com microplásticos quando se alimentam, o que continua em um ciclo até chegar nos humanos.
Os microplásticos podem ser achados em diversos alimentos do nosso dia a dia, incluindo os peixes e até o sal de cozinha.
Como fazer o descarte correto
Como já mencionado, as máscaras descartáveis, como a PFF2 e a N95 são essenciais para o combate a Covid-19 e não podem ser substituídas nem por máscaras de pano. O que nos resta a fazer, afinal, é realizar o descarte correto desses materiais, que também envolve o uso do plástico.
Para evitar que as máscaras cheguem ao mar, pelo menos, o mais simples a fazer é não jogá-las na rua.
A maioria das máscaras descartáveis não podem ser recicladas, mas podem ser descartadas corretamente. Antes de descartar sua máscara corte os seus elásticos, depois coloque-a dentro de uma sacola plástica, amarre bem e depois embale-a de novo com outra sacola plástica.
Essa técnica, além de se certificar que o material vá para aterros sanitários, também impede a possível contaminação de outras pessoas pelo vírus.