Ferramenta desenvolvida por pesquisadores e egressos da USP orienta sobre melhor espécie florestal a ser plantada na propriedade; são disponibilizadas informações de tipo de solo, textura de solo, vegetação, uso do solo e silvicultura
Por Jornal da USP — Para contornar as restrições climáticas e potencializar a produtividade no cerrado brasileiro, o projeto Siflor Cerrado foi criado para recomendar ao produtor espécies florestais e clones para o cultivo do componente florestal em sistemas de monocultivo e integração lavoura-pecuária-floresta. A iniciativa tem participação da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) e do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) de São Carlos, ambos da USP.
O projeto inclui um aplicativo gratuito que pode ser acessado neste link por computador ou dispositivos móveis e traz a recomendação de espécies florestais e clones. Traz ainda dados biofísicos que auxiliam no planejamento da implantação do componente florestal. Todas essas informações estão disponíveis por geolocalização, para produtores rurais e profissionais ligados à cadeia de florestas comerciais.
“O Siflor Cerrado identifica espécies arbóreas segundo a aptidão da propriedade. Isso agiliza o trabalho do produtor, que pode potencializar a produtividade na sua área”, comenta Luciana Duque Silva, docente do departamento de Ciências Florestais da Esalq, e coordenadora do projeto.
A diretora de Produção Sustentável e Irrigação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Fabiana Vila Alves, explica que todas essas informações estarão disponíveis por geolocalização e na palma da mão via aplicativo para produtores rurais e profissionais ligados à cadeia de florestas comerciais. “A ferramenta é de extrema importância para a tomada de decisão, diminuindo o risco e aumentando a qualidade dos sistemas de cultivo implantados nas propriedades. Aliado à ajuda de técnicos, cuja consulta será sempre estimulada, o sistema visa que as plantações florestais no Brasil tenham produtividade ainda mais reconhecida pela sustentabilidade ambiental, econômica e social”, acrescentou.
Espécies
As recomendações elencadas no aplicativo são baseadas em prospecções de campo. Estão disponíveis cerca de 1.800 parcelas em propriedades rurais localizadas no Bioma Cerrado, nestas foram avaliadas quantitativamente e qualitativamente 88 espécies florestais e clones, de Eucalipto, Pinus, Cedro australiano, Mogno africano e Teca.
O diretor da Esalq, Durval Dourado Neto, destaca que o projeto atende uma demanda importante da sociedade. “Trata-se de um bom exemplo de extensão universitária, que utiliza o conhecimento científico como base para subsidiar ações no campo. Esse projeto responde à pergunta de quais as melhores espécies para viabilizar o sistema conhecido como Integração Lavoura Pecuária Floresta”. Segundo Durval, é necessário melhorar nossa produtividade, sem aumentar a área cultivada. “Esse sistema atende quase 180 milhões de hectares no Brasil e pode utilizar espécies que tem utilidade econômica para viabilizar a atividade, principalmente para os produtores de carne e de leite”.
Além da Esalq e do ICMC, a iniciativa tem realização da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e integra o Plano ABC – Agricultura de Baixa Emissão de Carbono, do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), com apoio da Embrapa Agricultura Digital. A estrutura digital envolveu profissionais da Langtech e Triângulos Tecnologia.
Tecnologia
Todo o desenvolvimento tecnológico do Siflor Cerrado contou com egressos do curso de Computação do ICMC e participação de professores do instituto. A professora Simone do Rocio Senger de Souza destacou o fato do projeto ser interdisciplinar e integrar conhecimentos em uma área que se destina à sociedade. Rafael Lang, desenvolvedor da Langtech, participou na integração dos mapas com as recomendações ao produtor. “Fizemos os sistemas que disponibilizam a informação ao usuário de maneira que ele possa ter a real noção do que ocorre na sua propriedade. É nosso primeiro projeto com sistemas georreferenciados ligados à agricultura e foi motivador desenvolver tecnologias junto com a academia, que estão agora disponíveis para a sociedade”.
Além do aplicativo, o Siflor Cerrado chega ao produtor na forma de livros e capacitação. “Disponibilizamos também duas publicações que podem ser obtidas gratuitamente, que trazem o embasamento teórico, a metodologia e o trabalho de campo e, ainda este ano, oferecemos treinamentos on-line de capacitação para interessados no projeto”, complementa a professora Luciana Duque Silva.
Saiba mais em www.siflorcerrado.com.br.
Acesse os livros: Livro – Siflor Cerrado Vol. I | Livro – Siflor Cerrado Vol. II
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O podcast Estação Esalq entrevistou a professora Luciana Duque Silva, uma das coordenadoras do Siflor Cerrado, clique no player abaixo para conferir:
Texto adaptado de Caio Albuquerque, da Assessoria de Imprensa da Esalq.
Este texto foi originalmente publicado por Jornal da USP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original. Este artigo não representa necessariamente a opinião do Portal eCycle.