Entenda mais sobre a aporofobia e como ela impacta a sociedade
A aporofobia foi um termo criado pela filósofa espanhola Adela Cortina para descrever a rejeição ao pobre decorrente da marginalização dessa classe social. A palavra é derivada do grego “poros” (sem recursos ou pobres) e fobias (medo).
O fenômeno é responsável por moldar muitas interações entre pobres e não pobres, e é caracterizado por sentimentos de aversão, antipatia, nojo, descaso, medo e ódio, sendo um dos maiores problemas enfrentados pela sociedade. Desse modo, casos de aporofobia são impulsionados e prosperam diante da desigualdade social.
Casos de aporofobia possuem diversas consequências na sociedade moderna, como o impulsionamento da marginalização e desvalorização dessa classe social. Assim, a normalização de comportamentos aporofóbicos é responsável por diversos danos a indivíduos em situações já vulneráveis.
Cortina também defende a ideia de que a maioria dos casos considerados como xenofobia são, na verdade, um resultado da aporofobia.
Xenofobia
Diferentemente da aporofobia, a definição da xenofobia não possui fundamentos estruturais dentro de classes sociais. Assim, a xenofobia é definida como a intolerância e descriminação contra pessoas, culturas e costumes de outros países – ou seja, estrangeiros.
Ele é constantemente associado ao patriotismo e nacionalismo excessivos, que faz com que o xenófobo em questão veja seu país como “superior”. Muitas vezes, também é decorrente do racismo — assim como a aporofobia.
No entanto, em geral, são termos diferentes e que precisam ser reconhecidos em suas características divergentes.
A diferenciação ocorre porque, mediante a turistas ou imigrantes ricos, xenófobos não demonstram os mesmos sentimentos de intolerância. Portanto, o ódio é derivado, na maioria das vezes, da classe social do indivíduo.
Impacto
O termo em si ficou conhecido em 2017, a partir da publicação do livro de Adela: “Aporofobia, a rejeição do pobre”. Desde então, a palavra ganhou um significado no dicionário espanhol e se tornou a palavra do ano de 2017 com o objetivo de trazer consciência para o termo na luta contra a intolerância que ele representa.
A partir de sua diferenciação da xenofobia, o governo espanhol tomou ciência do fenômeno, produzindo estatísticas preliminares de aporofobia. Além disso, impulsionou uma potencial reforma do Código Penal Espanhol, onde a aporofobia seria considerada crime.
Importância
Especialistas das áreas de justiça social reforçam a importância do reconhecimento da aporofobia como um termo único. Um texto publicado no site Stop That Wall enfatiza um fenômeno social que pode ser evitado pela pregação do termo em ambientes sociais — de acordo com Diego Battistessa, “quem não se comunica não existe e o que não tem nome não pode ser comunicado”.
Portanto, o termo potencializa uma nova voz para comunidades marginalizadas, que sofrem das consequências da desigualdade imposta por condições estruturais da sociedade que estão fora de seus alcances.