A arqueogenética é o estudo do passado através de técnicas de genética molecular. De maneira simples, essa ciência foca na análise genética do passado para que o futuro possa ser compreendido com facilidade.
O termo foi criado por volta de 1990, pelo arqueologista Colin Renfrew. A palavra arqueogenética vem do grego Archaios (antigo) e do termo “genética”. Para que algo seja considerado como parte dessa área de estudo, é preciso que haja análise do DNA de diversos grupos étnicos ou espécies animais que já habitaram a terra em algum momento.
Esse DNA é comumente obtido através do trabalho de anos de arqueologistas, paleo-antropologistas e linguistas, que dedicam suas carreiras para iluminar o passado terrestre, muitas vezes misterioso.
Antes de ser conhecida como “arqueogenética”, essa área já tinha alguns estudiosos. Ludwik e Hanka Hirszfeld, William C. Boyd e Arthur Mourant foram alguns dos precursores da ciência, bem antes de Renfrew. Em 1960, Lucas Cavalli-Sforza utilizou marcadores genéticos para examinar a população pré-histórica da Europa, o que culminou no livro “A História e a Geografia de Genes Humanos”, em 1994.
Desde então, a história genética das principais espécies de plantas e animais domésticos foram analisadas. Esses estudos foram possíveis graças às informações encontradas em sua variação mitocondrial do DNA, que proveu dados sobre seu período de domesticação e o impacto da pecuária nesse processo.
Os profissionais da arqueogenética coletam materiais antigos, como fósseis, ossos, pedaços de cabelo e até mesmo objetos, para fazer uma recuperação sistemática de sua matéria genética. A partir disso, eles buscam entender como funciona a transmissão hereditária de características e doenças entre ascendentes e descendentes.
Apesar de não ser fácil extrair DNA de fósseis, devido a redução dos fragmentos com o passar do tempo, pesquisadores, como o sueco Svantee Paabo, conseguiram desenvolver tecnologias que facilitam esse trabalho. Isso garantiu a Paabo um prêmio Nobel, pelo o que ele chama de DNA antigo ou aDNA.
Por meio desses novos conhecimentos da arqueogenética é possível não apenas catalogar conhecimento a respeito de povos antigos, mas também analisar a evolução de organismos extintos, podendo ser eles antigos ou recentes. Um exemplo disso são as pesquisas que localizaram o aDNA de espécies como mamute-lanoso e urso-das-cavernas, que foram preservadas no permafrost cerca de 50 mil anos atrás.
Além de ajudar arqueologistas e paleo-antropologistas a catalogar a história de povos e animais que já passaram pelo planeta, a arqueogenética pode ensinar o ser humano como preservar a biodiversidade no futuro. Isso porque ela permite a análise de espécies que foram extintas há pouco tempo, através da coleta de DNA de seus esqueletos preservados em museus.
Um exemplo é o que tem sido feito com os anfíbios no período dos anos 90 aos 2000. Devido ao declínio ambiental, diversas espécies de anfíbios foram perdidas, sem que seu DNA fosse preservado, graças à falta de tecnologia. Porém, com o avanço da arqueogenética, é possível percorrer o aDNA dessas espécies com possíveis restos animais preservados em museus.
Para além do maior conhecimento a respeito das características dessas espécies, e qual a melhor forma de proteger a biodiversidade global, esses estudos trazem uma possibilidade quase de cinema: ressuscitar animais extintos. Essa técnica, chamada de “desixtinção”, apesar de ainda não ser totalmente viável, já vem sendo analisada como algo possível por meio da arqueogenética.
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