Arqueologia molecular: o que é e características

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Arqueologia molecular é um estudo que combina aspectos biológicos e físico-químicos na análise de artefatos, ossos e outros objetos arqueológicos em nível molecular. Com esses aspectos, em conjunto com a tecnologia, é possível obter um maior nível de compreensão sobre a ancestralidade humana, genética, saúde, nutrição, migração e tecnologias agrícolas do passado. 

Esse estudo também possibilita um entendimento maior de partes da história humana, como o estudo do DNA humano presente em sites arqueológicos. Em frente a essa possibilidade, especialistas de arqueologia molecular da Universidade de Viena, conseguiram comprovar que genes antigos estão mais presentes no DNA humano atual do que se esperava. 

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Anteriormente aos avanços da arqueologia molecular, cientistas debatiam sobre a possibilidade de coexistência entre diferentes espécies humanas. Com as descobertas da universidade, foi possível provar que sim, seres humanos de espécies distintas coexistiram por algum tempo no passado. 

Avanços das pesquisas

Os arqueólogos Tom Higham e Katerina Douka trabalharam juntos por 15 anos em pesquisas dentro da área de arqueologia molecular, tentando responder a essa pergunta. Eventualmente, em 2010 ela foi respondida com a publicação do genoma neandertal, que provou que seres humanos vivos compartilham parte de seu DNA com neandertais via um processo de cruzamento entre espécies. 

A primeira geração de híbridos entre espécies foi relatada em 2015, quando arqueólogos encontraram fragmentos de um osso. Quando seu DNA foi analisado e sequenciado, especialistas estimaram que o osso era pertencente a uma menina de 13 anos, cuja mãe era neandertal e o pai, Denisova. 

Imagem de Crawford Jolly no Unsplash

O trabalho de Higham e Douka, em conjunto com diversos outros pesquisadores da área, não só respondeu essas perguntas, como também evidenciou que até oito espécies de seres humanos coexistiram durante o mesmo período entre 150 mil a 30 mil anos atrás.

Essas descobertas só foram possíveis com o avanço da tecnologia da arqueologia molecular. De acordo com Higham, nem mesmo em 2010 seria possível concluir uma análise tão detalhada desses fragmentos. 

A importância da arqueologia

Higham também defende a importância da arqueologia como um todo, constatando que o estudo é o único método onde o entendimento do passado antigo — antes da escrita e registros — é possível. O estudo desses artefatos e ossos, mesmo antes do desenvolvimento mais aprofundado da arqueologia molecular, evidenciam uma parte da história que poderia ser esquecida sem os registros apropriados. 

A análise continua, uma vez que apenas uma pergunta foi respondida na linha de pesquisa de Higham e Douka: a coexistência humana entre espécies existiu, e ainda há rastros desse cruzamento nos dias atuais. Estima-se que pessoas de origem europeia ou asiática podem apresentar até 2% de DNA de neandertal em seu sangue até hoje.

Contudo, com a progressão dos estudos, novas perguntas são formuladas. A arqueologia, assim como toda área de estudo do passado, prova todos os dias que a curiosidade humana sobre sua própria espécie e história não acaba.

Júlia Assef

Jornalista formada pela PUC-SP, vegetariana e fã do Elton John. Curiosa do mundo da moda e do meio ambiente.

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