Projeto desenvolvido por alunos da USP, em São Carlos, recebeu prêmio de R$ 30 mil
Como diminuir as 47 mil mortes que ocorrem todos os anos no trânsito no Brasil? Essa foi a pergunta que motivou estudantes de engenharia da USP, em São Carlos, a criarem um aplicativo baseado em gamificação para diminuir os acidentes de trânsito: o Arquimedes. Eles desenvolveram o projeto dentro do Renault Experience (RX), um programa de incentivo a novas startups e tecnologias no Brasil, patrocinado pela montadora de automóveis Renault.
Neste ano, o tema da competição foi “Mobilidade como chave para uma sociedade mais eficiente e consciente”. Com o Arquimedes, a equipe venceu o programa e recebeu um investimento de R$ 30 mil para desenvolver a iniciativa, além de participar de um processo de aceleração pela Renault.
“A OMS (Organização Mundial de Saúde) considera acidentes de trânsito como uma doença crônica. Só no Brasil, são cerca de 47 mil pessoas mortas todos os anos, o que gera um prejuízo de R$ 19 bilhões para o país. Desse total de mortes, a falta de atenção é a principal causa, representando 31% dos acidentes fatais. Em conversas com o público, verificamos que o uso do celular é a maior fonte de distração”, conta Vinícius Garcia, chefe-executivo do projeto.
Utilizando esses dados como inspiração, os estudantes criaram o Arquimedes para buscar aumentar a taxa de concentração dos motoristas. O aplicativo funciona assim: primeiro, o motorista escolhe um mascote para acompanhá-lo durante a viagem. Quando a condução começa, o Arquimedes bloqueia todas as notificações de aplicativos que podem distrair o condutor – apenas os aplicativos de controle de mídia, mapas e o próprio Arquimedes continuam enviando alertas.
Conforme a quilometragem do percurso aumenta, o mascote escolhido no Arquimedes vai crescendo e avançando por níveis. “Quando essas evoluções acontecem, o usuário ganha pontos que podem ser trocados por descontos em lojas e instituições parceiras do aplicativo, o que estimula o motorista a adotar condutas que aumentam sua própria segurança”, completa Vinícius Garcia.
Com a ideia inovadora, a equipe, que também é formada por Rosival Neto, Alexandre Bellas, Gustavo Silva, Gabriel Pussoli e Wesley Perissin, passou pelas três fases do RX. Das 400 propostas enviadas inicialmente, eles ficaram entre as dez finalistas e, posteriormente, entre as três premiadas pela Renault.
Durante o processo, os criadores do Arquimedes já tiveram a mentoria do empreendedor Fábio Arazaki, de Curitiba, que contribuiu para o amadurecimento da empresa e da equipe. Após uma sabatina com os executivos da Renault, a premiação foi confirmada, garantindo ao grupo, além do investimento em dinheiro, uma imersão empreendedora de 21 dias em Curitiba, patrocinada pela empresa francesa, cujo objetivo é auxiliar na estruturação e aceleração da startup.
O Arquimedes contou também com o estímulo do professor André de Carvalho, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, e do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (Cemeai). Ele orientou os alunos no desenvolvimento do produto, fornecendo um local adequado de trabalho e incentivando o projeto ao longo do processo.
“O projeto é muito criativo e socialmente relevante. Eles levaram a ideia muito a sério, com grande dedicação. O mérito do prêmio é totalmente deles e isso traz um grande orgulho para o campus de São Carlos”, comemora Carvalho.
Sobre o Cemeai
O Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria tem sede no ICMC e é um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids) financiados pela Fapesp.
O centro é estruturado para promover o uso de ciências matemáticas como um recurso industrial em quatro áreas básicas: Otimização Aplicada e Pesquisa Operacional, Mecânica de Fluidos Computacional, Modelagem de Risco, Inteligência Computacional e Engenharia de Software.
Além do ICMC, CCET-UFSCar, IMECC-Unicamp, Ibilce-Unesp, FCT-Unesp, IAE e Instituto de Matemática e Estatística (IME) da USP compõem o Cemeai como instituições associadas.
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