Apesar de a produção mundial de alimentos ser maior que a demanda, a fome no mundo permanece. Pensando numa forma de amenizar esse problema, o escritório Forward Thinking Architecture elaborou um projeto de fazendas flutuantes inteligentes que seriam colocadas em alto-mar, cultivando produtos 365 dia do ano.
Segundo o arquiteto supervisor do projeto, Javier Ponce, a ideia foi inspirada pelo sistema de plantio utilizado na era pré-Colonial das Américas, as chinampas. A novidade é baseada na estratégia de uma plataforma de múltiplas camadas com a estrutura sendo uma combinação de aquicultura, cultivos hidropônicos, e tecnologia fotovoltaica. O intuito é que as fazendas sejam localizadas em áreas onde os alimentos são mais necessários.
A estrutura teria três andares. O primeiro andar apresenta coletores de água de chuva para irrigação e painéis fotovoltaicos para obtenção de energia. Os criadores do projeto dizem também ser possível a integração de outras fontes de energia renovável, como eólica e ondomotriz (energia a partir do movimento das ondas). O segundo andar possui uma estufa e um sistema de cultivo hidropônico que permite o cultivo o ano todo, sem preocupações como o tipo de solo, condições climáticas ou desastres naturais. O térreo, último andar, focaria na aquicultura e estaria equipado com pontos de acesso para água, uma planta de dessalinização, barreiras de ondas e proteção, assim como um área para o processamento e embalamento dos produtos.
O projeto procura ser flexível para se adaptar à produção de alimentos locais e pode ser localizado perto de outras grandes cidades ou áreas com grandes concentrações populacionais com acesso à água, como Nova Iorque, Tóquio, Cingapura, Mumbai, Cairo, Hong Kong, São Paulo, Dubai, Istambul, Seul e Sidney. Outra vantagem da estrutura com relação à agricultura tradicional é sua mobilidade, podendo se transportar, por exemplo, de Nova Iorque para Seattle.
Os designers estimam uma produção de oito mil toneladas de vegetais e mil toneladas de peixes anualmente em uma instalação de 200 m² x 350 m².
Foram levantadas, por parte do público geral, preocupações com fenômenos naturais como tempestades e tufões, ainda mais em épocas de risco como durante o El Niño. No entanto, a estrutura seria projetada como as de navios modernos, feita para aguentar a pior das circunstâncias no mar. Os arquitetos também esperam que o complexo seja inteligente, podendo ser controlado remotamente.
Mesmo que a ideia não vá para frente, já que é apenas um conceito, Ponce acredita na importância de se abrir a novas possibilidades e fazer as pessoas refletirem sobre a produção de alimentos até agora.
Lembra daquela aula de geografia (ou estudos sociais) do Ensino Médio que falava sobre as diferentes teorias populacionais? Thomas Malthus acreditava que a população mundial iria crescer mais rápido que a produção de alimentos para alimentá-la. Anos depois, a teoria foi considerada inválida por não prever o que seria a produção em massa da Revolução Industrial, porém, parece que Malthus estava um pouco certo. Segundo dados da ONU, a previsão é que a população irá crescer de 6,9 bilhões em 2010, para 8,3 bilhões em 2030 e, depois, para 9,1 bilhões em 2050. Coincidentemente, a previsão é de que, até 2030, a demanda de alimentos aumente em até 50%; e em 70% em 2050.
Atualmente, produzimos mais do que poderíamos consumir, no entanto, a distribuição desses alimentos é descentralizada, o que leva à grande quantidade de alimento desperdiçado no mundo todo. Um exemplo disso é a situação de países na África, com uma boa produção de alimentos, porém devido a problemas políticos, econômicos e sociais, possuí dificuldade em distribuir esses produtos para sua população.
O diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o brasileiro José Graziano da Silva, também já demonstrou a preocupação da ONU com o impacto das mudanças climáticas na produção de alimentos, outro fator que deve ser levado em conta quando discutimos produção de alimentos.
Fonte: Ecowatch
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