Entenda mais sobre o arroz dourado e para que ele serve
O arroz dourado é um tipo de arroz geneticamente modificado que foi criado para suprir a necessidade de vitamina A. Acredita-se que ele pode salvar milhares de vidas pelo mundo, principalmente de crianças em países em desenvolvimento.
O grão foi desenvolvido a fim de acabar com a deficiência de vitamina A em países onde pelo menos metade da ingestão calórica é obtida pelo arroz.
A cor do arroz dourado é derivado de betacaroteno, uma substância que é convertida em vitamina A no corpo. O arroz convencional já contém betacaroteno, porém, apenas em suas folhas e caules, e não nos grãos. Por isso, o arroz dourado foi modificado — para apresentar a propriedade em sua parte que é consumida.
A deficiência de vitamina A é prevalente em países em desenvolvimento e causa milhões de mortes por ano, principalmente em crianças. Em outros casos, ela também é responsável por mais de 500 mil casos de cegueira.
Porém, a produção de arroz dourado não é aprovado em diversos países onde pode ser implementado.
Pontos positivos
Além de possivelmente oferecer uma saída para a deficiência de vitamina A em países em desenvolvimento, o grão também é barato e fácil de plantar. Ele é considerado por seus criadores como indefinidamente sustentável, o que significa que agricultores de baixa renda podem salvar as sementes de qualquer colheita e plantá-las na temporada seguinte, sem ter que comprar sementes novas.
Estudos feitos já provaram sua segurança em termos de toxicidade e alergenicidade. Além disso, foi comprovado que o arroz dourado é uma melhor fonte de vitamina A que espinafre e que óleo de betacaroteno puro.
Alvo de ataques
Mesmo tendo benefícios promissores, o arroz dourado foi alvo de ataques da oposição extremista, protestos e até mesmo vandalismo. Organizações como o Greenpeace expressaram seu descontentamento com alimentos geneticamente modificados.
A plantação do alimento também apresentou alguns obstáculos. O primeiro foi científico e tecnológico de como produzir um alimento rico em vitamina A. Após conseguirem criar o arroz dourado, ele estava suscetível a diversas influências externas que ameaçavam a plantação. Além do tempo que se leva para cultivar o grão, ataques de insetos, desastres naturais e climas extremos também têm impacto negativo na invenção.
Porém, o maior obstáculo que o arroz dourado teve que enfrentar e ainda enfrenta é a regulamentação governamental.
O Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança tem como objetivo o uso seguro de organismos vivos modificados (OVMs). Um de seus princípios, conhecido como princípio da precaução, afirma que se um produto criado a partir de biotecnologia moderna oferece riscos à humanidade, sua produção pode ser interrompida.
Princípio da precaução
O princípio da precaução tem como pressuposto que alguns produtos criados a partir de biotecnologia não contém as provas científicas necessárias que assegurem que eles são seguros para o uso humano. Essas provas englobam todo e qualquer risco que pode ser oferecido, tanto em dias atuais como em um futuro próximo.
No caso de alimentos geneticamente modificados, por exemplo, além de seus efeitos na saúde, por ser algo com o objetivo de ser ingerido, eles também podem oferecer impactos ao meio ambiente. O planeta já sofre com os efeitos de processos da agricultura e agropecuária. Portanto, evitar possíveis danos irreversíveis que podem ser prevenidos é essencial para a preservação do meio ambiente e de qualquer outro fator que afete a vida humana.
Origem
O projeto para produção de arroz dourado começou em 1990, quando dois cientistas da Universidade de Freiburg, na Alemanha, começaram a transferir as propriedades do betacaroteno para os grãos de arroz convencionais. O estudo teve êxito em 1999 e o arroz dourado foi licenciado para uma empresa britânica em 2000. A condição estabelecida pelos cientistas da pesquisa era de que a empresa poderia vender o arroz dourado como um alimento saudável, se eles continuassem fundando o trabalho futuro de disponibilizar o arroz gratuitamente para pequenos agricultores.
Pouco tempo depois, em 2003, o Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança foi sancionado e começou a agir em diversos países da União Europeia. Isso criou diversos empecilhos para a produção e distribuição do grão.
Acredita-se que se a produção de arroz dourado não tivesse sido alvo de restrições e oposições públicas, ele poderia ser cultivado e distribuído nas regiões mais pobres do Sul e Sudeste da Ásia.
Soberania alimentar
Embora o otimismo promissor do arroz dourado pareça bom demais para ser verdade, temos que lembrar que promessas são apenas promessas. A soberania alimentar também pode ser alimentada na produção do alimento. Como a patente do arroz dourado é obtida por nomes grandes da indústria agrícola, eles podem acabar inviabilizando a produção do alimento pelos países que o carecem.
Ainda existe um bom caminho a ser andado antes que os alimentos geneticamente modificados sejam considerados 100% seguros tanto para o meio ambiente, quanto para a saúde e para questões socioeconômicas.