Por Plenuska, sob CC BY-SA 4.0, em Wikimedia Commons
A arruda é uma planta de nome científico Ruta graveolens pertencente à família das Rutáceas. Ela é cultivada em diversas partes do mundo. A arruda pode alcançar até um metro de altura em um solo bem drenado. Seu corpo tem flores amarelas, haste lenhosa e caracterizada por seu cheiro forte.
Seu fruto é uma cápsula com quatro ou cinco valvas, que se abrem, e suas folhas são alternas, pecioladas e carnudas. Na medicina popular, é indicada para impulsionar a menstruação e promover o aborto.
Esses efeitos se devem à sua capacidade de causar fortes contrações uterinas. Elas podem provocar hemorragias, e, em altas concentrações, até a morte da mulher.
Entretanto, em pequenas proporções e usada de outras formas, a arruda pode apresentar propriedades benéficas.
Quem não pode usar arruda? Segundo a nutricionista especialista em fitoterapia na gestação, Laís Amigo:
A arruda deve ser usada de forma prudente e comedida, sendo contraindicada para gestantes ou casais que desejam engravidar. Isso porque ela é rica em alcalóides rutamina, graveola e fluoroquinolona, compostos que apresentam atividade espasmolítica sobre os músculos lisos, podendo causar contrações associadas ao parto prematuro, efeito inibitório sobre a espermatogênese e efeito abortivo em mamíferos.
A nutricionista Laís aponta que a erva é rica em flavonoides com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. Ela também possui uma ação positiva na circulação sanguínea e na prevenção de coágulos sanguíneos. Isso porque ajuda a fortalecer e aumentar a flexibilidade dos vasos sanguíneos.
A profissional destaca que o consumo frequente da planta ajuda a diminuir a permeabilidade dos capilares. Essa diminuição ocorre pois ela aumenta sua resistência e melhora a circulação em todas as afecções vasculares.
Em altas doses, a planta ajuda na reabsorção de edemas linfáticos. Em outras palavras, a planta ajuda a tratar os sintomas de inchaço nos braços ou nas pernas, geralmente acompanhado por dor ou desconforto.
Um estudo publicado pela revista Elsevier mostrou que a arruda tem potencial para ser utilizada como um herbicida natural. Esse tipo de substância, por sua vez, tem a propriedade de inibir o crescimento de outras plantas.
Na agricultura, por exemplo, às vezes é necessário impedir o crescimento de outras plantas para que o cultivo se desenvolva. O problema é que os herbicidas sintéticos convencionais, como o glifosato, podem ser fatais não apenas para outras plantas, mas também para humanos e animais.
Nesse sentido, o extrato da arruda pode ser uma opção natural e menos prejudicial de herbicida. Entretanto, para afirmar com certeza que ela é eficaz e menos prejudicial à saúde humana e do meio ambiente, são necessários mais estudos.
Um estudo publicado pelo Journal of Agricultural and Food Chemistry avaliou o potencial fungicida do extrato das folhas de arruda. A pesquisa concluiu que alguns compostos presentes no extrato da folha de arruda apresentaram atividades antifúngicas contra algumas espécies de fungos. Elas incluem Colletotrichum, C. acutatum, Fusarium oxysporum, Botrytis cinerea e Phomopsis.
A Revista Africana de Biotecnologia publicou um estudo em que foram testados os efeitos anti-inflamatórios de extratos de arruda. A análise testou em ratos e comparou os efeitos dessa planta com os efeitos de uma droga anti-inflamatória conhecida, o Voveran.
De acordo com o estudo, a administração de 50 mg de extrato metanólico de arruda por quilo corporal proporcionou efeitos anti-inflamatórios. Esses resultados foram mais significativos do que a administração de Voveran. Entretanto, vale ressaltar que o estudo foi feito com ratos. Isso significa que ingeri-la de maneira caseira sem saber as concentrações seguras pode ser uma má ideia.
Outro estudo publicado pela revista Science Direct mostrou que o extrato de arruda tem a capacidade de frear a produção de óxido nítrico e prostaglandinas, substâncias pró-inflamatórias. Isso significa que esse segundo estudo também concluiu que a arruda possui efeitos inibitórios de inflamação.
Um estudo publicado pela revista Elsevier mostrou que o extrato de arruda apresenta efeitos antimicrobianos. Ele provou ser eficaz contra as bactérias Staphylococcus aureus, Streptococcus pyogenes, Listeria monocytogenes e Bacillus subtilis.
Uma pesquisa publicada pela revista Thieme chegou à conclusão de que o extrato de arruda apresenta atividade contraceptiva significativa, pelo menos em ratos.
Cobaias de ratos que ingeriram extratos de arruda de um a dez dias após o coito mostraram que a planta é capaz de atuar como um contraceptivo no início da gestação. Apesar dos resultados da pesquisa, é importante ressaltar que altas doses da planta podem ser perigosas.
Se a camisinha estourou, ou você esqueceu de usar seu método anticoncepcional, você pode considerar tomar anticoncepcionais de emergência. É importante observar que essas combinações hormonais não são um método anticoncepcional seguro para uso regular. Porém, podem prevenir a gravidez em caso de emergência.
Existem dois tipos: levonorgestrel (marcas: Plan B e Next Choice) e acetato de ulipristal (marca: Ella). São pílulas compostas por hormônios que evitam que um óvulo se implante no revestimento uterino. Mas devem ser tomadas imediatamente após o coito ou algumas horas depois. Quanto mais perto do momento do coito, maior a chance de agir.
Um estudo publicado pelo Asian Pacific Journal of Cancer Prevention chegou à conclusão de que o extrato de arruda diminuiu determinados tipos de células tumorais de animais cobaias, alongando o seu tempo de vida.
Além de seus usos medicinais, acredita-se que a arruda também conta com propriedades espirituais, podendo ser utilizada de diversas formas. Religiões ao redor do mundo fazem proveito dessa planta, desde a base até suas folhas. Seja para repelir o mau olhado ou como forma de proteção.
Popularmente, o chá de arruda tem sido usado para fazer descer a menstruação, acalmar e até mesmo promover o aborto. Neste último caso, o chá é muitas vezes misturado com pinga.
Além da prática do aborto ser proibida no Brasil, a ingestão de chá de arruda em grandes quantidades é perigosa para a saúde. Isso porque ela pode provocar hemorragia intensa, tremores, gastroenterites, convulsões, vômito, dor abdominal, salivação e fotossensibilidade.
A nutricionista Laís recomenda fazer a infusão quente de duas a três gramas de folhas secas de arruda em um litro de água. O recomendado é ingerir até duas xícaras por dia.
Ela ainda aconselha que, assim como todo tipo de chá, seu consumo deve ser feito longe das principais refeições. Isso para que seus compostos não prejudiquem a absorção dos nutrientes dos alimentos.
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