A arte de Inteligência Artificial é definida como qualquer tipo de arte, como desenhos, imagens ou músicas, produzidas através do uso de softwares de Inteligência Artificial (IA). A sua produção acontece a partir do “treinamento” dos programas, que são expostos a milhões de pares de imagens, legendas e sons da internet, e então reproduzem um tipo de arte digital baseada nesse conteúdo.
Como um programa de computador, a arte de Inteligência Artificial é feita a partir das vontades do público. Em poucas palavras, o recipiente faz uma descrição da arte que quer visualizar e em segundos ela está pronta para divulgação.
Diversas plataformas da IA são gratuitas para o público, e sua ascensão foi possível através da divulgação nas redes sociais. Filtros do TikTok e “desafios” com a arte de IA possibilita que os usuários experimentem observar imagens fantasiosas com seus rostos, paisagens futurísticas e qualquer outra imagem a partir de suas descrições.
No entanto, com a viralização desses softwares, diversos artistas começaram a se opor contra a arte de Inteligência Artificial, levantando pontos essenciais para a discussão desse marco da modernidade.
A discussão contra a arte de Inteligência Artificial possui diversas vertentes, que podem variar entre valores éticos ou valores emocionais associados à arte como um todo. Primeiramente, muitos artistas defendem a ideia de que esse estilo de arte contemporâneo vai contra os fundamentos da arte.
De acordo com o autor e ilustrador de livros infantis, Rob Biddulph, por exemplo:
“[A arte de IA] é exatamente o oposto do que eu acredito que a arte seja. Fundamentalmente, sempre senti que a arte é traduzir algo que você sente internamente em algo que existe externamente. Qualquer que seja a forma que assuma, seja uma escultura, uma peça musical, um texto, uma performance ou uma imagem, a verdadeira arte é muito mais sobre o processo criativo do que sobre a peça final. E simplesmente apertar um botão para gerar uma imagem não é um processo criativo”, disse em depoimento ao The Guardian.
Mas, além da criatividade, existe outro problema ressaltado dentro da discussão: a propriedade artística de outras pessoas.
Para que os softwares dessa arte funcionem, eles são “alimentados” de diversos conteúdos espalhados pela internet, inclusive obras protegidas por direitos autorais de outros artistas. Porém, a máquina não faz distinção entre obras protegidas e aquelas de uso livre. Isso resulta na criação de imagens baseadas em outros projetos.
Portanto, muitos artistas reais sofrem com a cópia de sua propriedade intelectual sem nenhuma forma de compensação financeira. De fato, alguns programas podem reproduzir obras inteiramente baseadas em artes credenciadas de artistas reais.
As imagens, feitas em segundos, ignoram o verdadeiro trabalho por trás de obras de arte. Elas reúnem informações, paisagens, faces e qualquer outro tipo de arte a partir do consumo de obras já produzidas.
E, enquanto a arte de Inteligência Artificial não vai apagar a criatividade humana, artistas vão continuar na luta contra o roubo de suas propriedades intelectuais e pelo reconhecimento de seu trabalho árduo.
Embora existam diversos casos contra a arte de Inteligência Artificial, esse meio foi popularizado por um motivo. O público dessas plataformas e softwares começaram a se engajar com esse tipo de arte prática e gratuita.
Algumas pessoas defendem o avanço tecnológico da arte, que abriu espaço para que esses programas pudessem funcionar. E, além disso, apreciam os resultados oferecidos pelo esforço de profissionais em proporcionar esse tipo de arte.
No primeiro semestre de 2023, centenas de escritores e artistas de Hollywood entraram em greve contra seus estúdios. Entre os motivos protestados pelos profissionais, estava o uso de IA para a produção de séries e filmes.
A escrita é um tipo de arte, que deve ser valorizada e compensada apropriadamente pelo esforço de profissionais. Entretanto, com o uso dessas tecnologias, o futuro da escrita torna-se cada vez mais incerto, fazendo com que muitos escritores sintam-se ameaçados pela possibilidade de serem substituídos por máquinas.
A partir disso, a organização Writers Guild of America (WGA), iniciou uma greve após chegar a um impasse nas negociações com a Alliance of Motion Picture and Television Producers, que representa a indústria de entretenimento dos Estados Unidos.
“As demandas do WGA são um indicador de que os trabalhadores não pretendem defender empresas que usam IA para justificar a desvalorização de seu ofício e experiência. O WGA está apontando uma questão importante – quem está se beneficiando do desenvolvimento e uso desses sistemas e quem é prejudicado por eles?”, disse Sarah Myers West, do AI Now Institute, em Nova York.
Um estudo lançado pela MIT Technology Review descobriu que a fase de “treinamento” de softwares de inteligência artificial, usando apenas uma placa gráfica de alto desempenho, tem a mesma pegada de carbono que um voo pelos Estados Unidos. Essa pegada é ainda maior em dispositivos mais complexos, como os usados para criar obras de arte.
Isso é um resultado da dependência de um alto consumo de energia desses programas, que é responsável pela liberação de gases do efeito estufa. Além disso, computadores e outros dispositivos utilizados para o armazenamento de informações da IA produzem muito calor, e precisam de resfriamento.
Através do desenvolvimento da área, diversas empresas tecnológicas começaram a se adaptar à sustentabilidade. A Microsoft, por exemplo, anunciou suas intenções de serem neutros em carbono até 2030, desenvolvendo ferramentas para ajudar os clientes a entender a pegada de carbono.
Contudo, essas iniciativas precisam ser estendidas para todas as empresas do meio tecnológico para que os impactos artificiais da IA sejam minimizados.
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