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Publicação analisa desafios e soluções para modelos de produção mais sustentáveis

Por WFF Brasil | A expansão da agricultura e da agropecuária é responsável pela maior parte das perdas de ecossistemas no mundo inteiro. Com um olhar especial para a Amazônia brasileira, o artigo  “Compreendendo as amarras que mantém o desmatamento: insights de assentamentos da reforma agrária na Amazônia”, publicado na reconhecida editora de pesquisa e plataforma de ciência aberta, Frontiers, analisa e destaca os padrões insustentáveis de uso da terra e ressalta como eles estão interrelacionados.

Realizado por pesquisadores do Centro de Estudos e Documentação Latino-Americanos da Universidade de Amsterdã (CEDLA) e do Instituto Ambiental de Estocolmo (SEI), o artigo analisou, como estudo de caso, a situação de três assentamentos de reforma agrária na Amazônia brasileira, tendo em vista que aproximadamente um terço do desmatamento do bioma ocorre nesta categoria fundiária.

A partir de um trabalho de campo nos assentamentos fundados nos anos 90, localizados no oeste do Pará, o estudo resgata as origens do programa de reforma agrária no Brasil da década de 1960 até os dias atuais para analisar os contextos de uso da terra na região que compreende 28 municípios com cerca de 1,2 milhão de habitantes e ainda possui grandes áreas de floresta conservada.

“O propósito desse artigo é demonstrar que tem muita gente na Amazônia querendo ser sustentável, querendo proteger a floresta, querendo fazer diferente; mas que muitas vezes esse desejo é impedido por diversas restrições sistêmicas impostas pelo governo, pelo setor bancário, pela assistência técnica, entre outros”, comenta a autora principal do estudo, Gabriela Russo Lopes.

O artigo tem destaque para o que chamou de “amarras do desmatamento”, ou seja, os obstáculos a uma transição rumo a modelos de produção mais sustentáveis. As amarras levantadas estão agrupadas em três categorias principais: político-institucionais, técnico-econômicas e sociocognitivas. 

Entre alguns exemplos estão o domínio do agronegócio no Congresso brasileiro, a política de crédito dos bancos e extensão agrícola focadas em práticas convencionais, falta de condições técnicas ou de mercado para alternativas sustentáveis,  e uma cultura do desmatamento, como explica Russo Lopes. “É importante entender o desmatamento como um fenômeno multidimensional no Brasil. Ele envolve processos econômicos de busca por lucros, processos políticos de concessão de incentivos públicos, e processos socioculturais de propagandear-se o desmatamento como uma forma de ascensão social e desenvolvimento econômico”, afirma.

ara Mairon Bastos Lima, co-autor do estudo, as soluções dependem de ações em conjunto. “É fundamental identificar e tratar em conjunto essas várias amarras porque elas estão interligadas. Não adianta só aplicar as leis sem promover alternativas econômicas, nem promover alternativas econômicas sem conjuntamente fomentar uma cultura de valorização da floresta, ou falar em valorizar a floresta sem oferecer os meios técnicos e econômicos de as pessoas melhorarem de vida mantendo a floresta em pé.”

Dados analisados pelo artigo mostram, por exemplo, que muitos assentados e outras comunidades na Amazônia almejam organizar sistemas produtivos mais diversos e sustentáveis, mas acabam encontrando na criação de gado a alternativa econômica mais viável. Quando não, acabam por arrendar suas terras a produtores de soja e abandonam o campo em direção às cidades.

Como ressalta Bastos Lima, “é importante entender que uma mudança é urgente. Ao mesmo tempo, a ideia de transição comunica que não se trata de fazer pequenos ajustes e manter quase tudo como está; é preciso pensar num novo regime de uso do solo na Amazônia, um que seja virtuoso, mantenha a floresta em pé, gere riquezas para a população e para o país de modo sustentável, e que fomente uma cultura da prosperidade dentro da conservação, não uma que vê desmate como sinal de desenvolvimento”, conclui.

A Amazônia exerce um papel global no fornecimento de serviços ecossistêmicos fundamentais, como o regime de chuvas e a manutenção do clima, além de ser lugar de imensa biodiversidade. Dada a importância do bioma e o alarmante cenário de perdas, o artigo analisa as amarras do desmatamento e traz recomendações sobre como superá-las a fim de promover uma transição à sustentabilidade no uso da terra na Amazônia. Leia o artigo.
 

Sobre o CEDLA


Desde sua criação em 1964, o Centro de Pesquisa e Documentação Latino-Americana (CEDLA), sediado na Universidade de Amsterdã, tem promovido estudos latino-americanos na Holanda, Europa. O CEDLA conduz e estimula pesquisas relevantes e originais sobre desenvolvimentos na América Latina, distribuindo os resultados dessas pesquisas internacionalmente por meio de educação superior nos níveis de bacharelado, mestrado e doutorado e por meio de publicações acadêmicas.
 

Sobre o Departamento de Geografia Humana da Universidade de Estocolmo

O Departamento de Geografia Humana da Universidade de Estocolmo é um ambiente de pesquisa dinâmica. A pesquisa concentra-se em quatro perfis de pesquisa:  Estocolmo Urban and Regional Research Environment (SURE), Geografia Histórica e Estudos de Paisagem, Geografia da População, Migração e SIG e África Urbana.
 

Sobre o Instituto Ambiental de Estocolmo

Somos uma organização internacional sem fins lucrativos, dedicada à pesquisa e análise de políticas para enfrentar os desafios ambientais e de desenvolvimento. Conectamos ciência e tomada de decisão com vista a desenvolver soluções para um futuro sustentável a todos.
 

Sobre a Frontiers


Nossa missão é tornar a ciência aberta – para que os cientistas possam colaborar melhor e inovar mais rapidamente para fornecer as soluções que permitam vidas saudáveis ​​em um planeta saudável. A pesquisa é a base da sociedade moderna e é graças aos avanços da ciência que desfrutamos de vidas mais longas, saudáveis ​​e prósperas do que nunca na história da humanidade.

Este texto foi originalmente publicado pela WFF Brasil de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.


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