Ramos e galhos de grandes árvores chegam a “cair” até dez centímetros ao longo da noite
Da próxima vez que você decidir viajar para “o meio do mato” para acampar, é importante que você não faça muito barulho, pois as árvores estarão dormindo.
Você não leu errado. Essa é a fascinante conclusão de uma equipe de cientistas de Áustria, Finlândia e Hungria que queriam saber se as as grandes árvores seguiam ciclos dia/noite similares aos observados em pequenas plantas. Usando scanners de laser apontados para duas bétulas brancas, os cientistas gravaram as mudanças físicas indicativas de uma sonolência noturna, com as extremidade dos ramos das bétulas apresentando uma pequena queda de até dez centímetros em relação ao período final na noite.
“Nossos resultados mostram que toda árvore ‘cai’ durante a noite, o que pode ser visto com uma mudança de posição de folhas e ramos”, disse Eetu Puttonen do Finnish Geospatial Research Institute. “As mudanças não são tão grandes, apenas cerca de dez centímetros para árvores com uma altura de cinco metros, mas elas são sistemáticas e coincidiram com a precisão de nossos instrumentos”.
Em uma publicação em maio de 2016 no Frontiers in Plant Science, os cientistas explicaram como eles escanearam as duas árvores, uma na Finlândia e outra na Áustria. As duas árvores foram monitoradas de forma independente, em noites tranquilas, e na época do equinócio solar para garantir uma boa duração de noite. Apesar dos ramos das árvores se localizarem na posição mais baixa um pouco antes do amanhecer, eles retornavam à posição original em poucas horas do novo dia.
Os pesquisadores acreditam que o efeito de queda é causado por uma diminuição na pressão interna de água dentro da árvore, uma fenômeno conhecido como pressão de Turgor. Sem fotossíntese à noite para orientar a conversão da luz do sol em açúcar, árvores conservam sua energia relaxando os galhos e ramos que estariam, em período diurno, apontados para o sol.
“É um efeito muito claro, e que foi aplicado em toda a árvore”, disse András Zlinszky, do Centre for Ecological Research, em Tihany, na Hungria. “Ninguém nunca observou esse efeito antes levando em conta todas as partes das árvores, e eu estou surpreso pela extensão das mudanças.”
A equipe vai apontar seus lasers para outras espécies florestais para verificar se elas também apresentam um ciclo circadiano. “Eu estou confiante que a descoberta também se aplica a outras árvores”, disse Zlinszky.