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As emissões devido à pecuária podem ser cortadas em 30% com uma adoção de melhores métodos, segundo FAO

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A pecuária é uma das atividades responsáveis pela grande quantidade de emissões de gases de efeito estufa na atmosfera, que é, por sua vez, um dos principais causadores do aquecimento global. Nesse contexto, por incrível que pareça, o “pum” das vacas, responsável pela liberação desses gases na atmosfera, e o arroto delas, que libera metano, um gás mais potente do que o dióxido de carbono, também têm certo peso.

Mas a boa notícia é que as emissões de gases de efeito estufa provenientes da pecuária podem ser cortadas em 30%, pelo menos segundo estudo da Organização das Nações Unidas de Comida e Agricultura (FAO), divulgado em setembro de 2013. Isso ocorrerá se os agricultores adotarem melhores técnicas, não havendo a necessidade de reformulação de sistemas de produção inteiros. A FAO também afirma que as emissões associadas à pecuária somam 7,1 gigatoneladas (Gt) de dióxido de carbono equivalente por ano, ou seja, 14,5% de todos os lançamentos de gases de efeito estufa causados por atividade humana. Por isso a urgência de uma mudança de métodos por parte dos agricultores.

Por exemplo, a produção de carne é responsável por 41% das emissões do setor, enquanto que a criação de gado leiteiro pode ser responsabilizada por 19%. Já as carnes de porco, de aves e os ovos representam pouco menos de 10% cada.

Método de análise e propostas

Para chegar a essa estimativa de 14,5%, a FAO realizou uma análise detalhada das emissões em diferentes estágios de várias cadeias pecuárias de fornecimento, incluindo a produção e distribuição dos alimentos dos animais, uso de energia na fazenda, as emissões de digestão animal e decomposição do esterco, bem como o transporte pós-abate, refrigeração e embalagens de produtos de origem animal.

Medidas como uma maior utilização de tecnologias subutilizadas, como os geradores de biogás e dispositivos de poupança de energia podem ajudar o setor pecuário mundial a cortar suas saídas de gases do aquecimento global em até 30%, tornando-se mais eficiente e reduzindo o desperdício de energia.

De acordo com a FAO, uma alimentação de melhor qualidade, uma melhor reprodução e boa saúde dos animais ajudam a diminuir a parte improdutiva do rebanho. Muitas das ações recomendadas pela FAO para melhorar a eficiência e reduzir as emissões também aumentam a produção. Isso proporcionaria às pessoas mais alimentos e rendimentos mais elevados.

A demanda crescente, principalmente nos países pobres, por produtos de origem animal é outro fator que contribui para o aumento da emissão de gases causadores do efeito estufa. E é importante, de acordo com Ren Wang, assistente de diretor geral da agricultura e defesa do consumidor da FAO, que o setor comece  a trabalhar para alcançar essas reduções, a fim de ajudar a compensar os aumentos de emissões globais que a produção pecuária implicará no futuro.

O maior potencial de redução das emissões está em sistemas de pecuária de baixa produtividade no sul da Ásia, América Latina e África. Mas, mesmo em países desenvolvidos (onde há maior eficiência, mas o volume total de produção e, consequentemente, de emissões é alto), pequenas diminuições na intensidade podem adicionar ganhos significativos.

A recomendação da FAO para os países em desenvolvimento é a de que os governos programem políticas para incentivar os agricultores mais pobres. E a prestação de esquemas de microcrédito pode ser eficaz para apoiar a adoção de novas tecnologias e práticas por parte dos agricultores de pequena escala. Onde a wadoção de tecnologias e práticas são caras para os agricultores, em curto ou médio prazo, mas fornecem grandes benefícios de mitigação e redução dos subsídios, o abatimento de subsídios pode ser uma proposta interessante.

Ainda segundo Ren Wang, é possível melhorar as práticas dos agricultores para receber ganhos em eficiência sem a necessidade de mudança nos sistemas de produção. Mas é preciso uma maior vontade política e, o que ele considera o mais importante, uma ação conjunta dos agricultores e dos consumidores, que podem adotar o Segunda Sem Carne e poupar o planeta de emissões e desperdícios de energia e água.

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