Asfalto é uma substância obtida a partir do petróleo e é utilizada para a pavimentação de ruas e estradas. O asfalto é feito a partir de fontes não renováveis e apresenta diversos impactos ambientais em todo seu processo de produção e aplicação. Para ir na contramão disso, cientistas buscam desenvolver alternativas mais sustentáveis, usando desde resíduos de construção até borra de café. Saiba mais a seguir!
O asfalto é o resíduo obtido a partir da destilação fracionada do petróleo, em que há separação de misturas. O resíduo gerado é chamado de ligante betuminoso.
O asfalto tem propriedade impermeável à água e baixa reatividade química a muitos agentes, como ácidos, álcalis e sais. Essa é uma característica que evita que o material sofra processo de envelhecimento por oxidação lenta ao entrar em contato com o ar ou com a água.
Ele tem compostos de hidrogênio, carbono e, em proporções menores, nitrogênio, enxofre e oxigênio. Contudo, essa composição pode variar de acordo com a fonte do petróleo e com o tipo de fracionamento utilizado.
Além do processo de destilação em unidades industriais, como as usinas de asfalto, ele também pode ser obtido pela evaporação natural de depósitos localizados na superfície terrestre, sendo chamados de asfaltos naturais.
Mas o asfalto obtido a partir da destilação se popularizou por suas características resistentes, tornando-se fonte comum para a pavimentação.
O asfalto tem impactos ambientais em cada fase de sua produção. Para começar, ele é um produto à base de petróleo que, para ser obtido, envolve a perfuração, mineração e processamento. Durante todas essas etapas, além de ser utilizada uma fonte não renovável, bastante energia é gasta e diversos gases nocivos ao meio ambiente são emitidos.
O asfalto possui componentes aromáticos e saturados, resinas e asfaltenos, sendo que os asfaltenos são constituídos de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos que fazem parte de uma das classes de compostos químicos mais poluentes.
Além disso, certos tipos de asfalto utilizam o querosene como solvente. O querosene é adicionado aos cimentos asfálticos e, quando derramado sobre o solo, pode ocorrer lixiviação e contaminação de lençóis freáticos. Dependendo da quantidade de querosene utilizada, a substância pode causar infertilidade do solo.
Parte do querosene evapora, resultando em emissões de gases nocivos ao meio ambiente e também à saúde das pessoas que trabalham na aplicação do asfalto.
Depois de aplicado, o asfalto continua gerando impactos, contribuindo, por exemplo, para a poluição da água. A percolação da água no pavimento acaba contaminando lagos, rios, riachos e oceanos.
Em um estudo, pesquisadores de Yale descobriram que, mesmo depois de aplicado, o asfalto continua a liberar misturas complexas de compostos orgânicos, incluindo poluentes perigosos.
Em dias muito quentes, o asfalto pode amolecer, acelerando os vazamentos de emissões em até 300%, segundo a pesquisa. Trata-se, portanto, de mais uma fonte de emissões que pode liberar uma quantidade significativa de material particulado fino no ar e ainda é ignorada.
Vale lembrar que a poluição causada pelo material particulado é reconhecida como um problema significativo para a saúde pública. Segundo as estimativas da pesquisa, em Los Angeles, a emissão de partículas finas proveniente do asfalto na região é comparável à liderada pelos veículos.
Tendo em vista os impactos ambientais do asfalto, cientistas seguem investigando materiais alternativos para tornar o processo de produção e aplicação mais sustentável.
Uma equipe de engenheiros na Austrália apresentou uma receita feita com pneus descartados e entulho de construção. É a primeira receita a apresentar uma mistura de borracha e entulho e oferece mais flexibilidade do que os materiais convencionais, sendo provavelmente menos sujeito a rachaduras e, ao mesmo tempo, mais ecológico.
Pesquisadores da Swinburne University usaram borra de café como parte de um material de construção de estradas mais sustentáveis, além de outros materiais reciclados, como tijolos quebrados, vidro e concreto.
A equipe do projeto uniu borra de café com um produto residual da fabricação de aço, chamado escória, e uma solução alcalina líquida para unir tudo. O resultado foram blocos cilíndricos robustos o suficiente para serem utilizados abaixo da superfície da estrada.
Em outra pesquisa, cientistas da Universidade RMIT da Austrália utilizaram itens de lixo, como bitucas de cigarro, pneus descartados, entulho de construção e máscaras cirúrgicas para criarem materiais rodoviários de alto desempenho.
A equipe experimentou diferentes receitas para produzir agregado de concreto reciclado. Quando adicionaram um por cento de máscara facial retalhada obtiveram um resultado mais dúctil e flexível. Se esse material fosse usado para uma estrada de duas pistas de um quilômetro poderiam evitar que 93 toneladas de lixo fossem para os aterros sanitários.
Uma equipe de pesquisadores na Suíça investigou o uso de cordas cuidadosamente colocadas por braços robóticos para unir asfalto no lugar de betume prejudicial ao meio ambiente. É a primeira vez que utilizam métodos de construção digitalizados.
Nesse projeto, em vez de usarem concreto para unir as pedras soltas, o cascalho foi entrelaçado com um fio que mantinha toda a estrutura no lugar. É um experimento inicial, mas os pesquisadores planejam realizar mais testes e obter um pavimento reciclável para o futuro.
Em 2020, a Sabesp anunciou uma usina de reciclagem para produzir asfalto. A matéria-prima são sobras das obras, como pedaços de asfalto, concreto e sarjeta.
O asfalto será produzido a partir da técnica que utiliza injeção de ar e de água sob pressão no cimento asfáltico aquecido, resultando em um asfalto espumado que dá mais flexibilidade ao pavimento. Para saber mais, confira a matéria “Sabesp terá usina de reciclagem para produzir asfalto de alta qualidade”.
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