A assexualidade é um termo guarda-chuva para todas as orientações em que a pessoa sente pouca ou nenhuma atração sexual
A assexualidade é um termo usado para definir pessoas que não sentem ou sentem pouca atração sexual. Apesar de ser comumente relacionada ao celibato e a condições psicológicas, a assexualidade é uma orientação sexual independente de qualquer crença ou transtorno.
Mas o que é ser assexual?
Uma pessoa assexual está dentro do espectro da assexualidade. Mas o que isso significa? Indivíduos que sentem pouca ou não sentem nenhuma atração sexual formam esse espectro de sexualidades variadas, constituído por:
- Assexualidade estrita: ausência de atração sexual a qualquer gênero;
- Demissexualidade: atração sexual condicionada a um laço emocional ou uma conexão forte com o outro;
- Gray-assexualidade: pessoas que flutuam entre a pouca ou nenhuma atração, ou que se sentem atraídas apenas em cenários específicos;
- Frayssexual: só sente atração sexual por pessoas que não conhece ou não tem um vínculo emocional;
O que é atração sexual?
Se você ainda estiver um pouco confuso sobre o que é a assexualidade, talvez seja importante entender os diferentes tipos de atração:
- Atração sexual: faz o indivíduo ter interesse sexual e desejar contato com outra pessoa;
- Romântica: atração que faz a pessoa desejar uma relação ou interação romântica com o outro;
- Atração estética: apreciação pela beleza ou pela aparência estética de outro indivíduo;
- Emocional: o desejo de querer conhecer ou interagir com alguém em decorrência de sua personalidade ou seu físico;
- Atração intelectual: sentir vontade de se relacionar com alguém, de forma romântica, sexual ou platônica, devido ao seu conhecimento ou a forma como a pessoa pensa;
O ser humano sente as coisas de maneiras diferentes, e apesar de algumas sexualidades terem a atração sexual relacionada a atração romântica, nem todas as pessoas se sentem assim. Sendo assim, algumas pessoas que se identificam como assexuais não sentem atração sexual, mas podem sentir outros tipos de atração.
Assexual X Arromântico
Como mencionado anteriormente, além da atração sexual, existe a romântica. Isso significa que também existem pessoas que não sentem este tipo de atração, e elas se identificam como arromânticos.
A categorização da arromanticidade ainda é debatida por pesquisadores da comunidade LGBTQIA+. Uma parte da comunidade científica caracteriza o arromântico como parte do espectro da assexualidade, enquanto outra parte defende que a arromanticidade é um grupo individual. Isso porque ela também serve como termo guarda-chuva para outras orientações românticas, como:
- Gray-romântico: sente atração romântica apenas em algumas ocasiões, podendo passar um tempo se sentir nada ou sentindo;
- Arromântico: pessoas que não sentem atração romântica em nenhuma situação, podendo ter repulsão, ser favorável ou indiferente a relações românticas;
- Demi-romântico: só sente atração romântica por quem tem uma conexão intelectual e emocional;
- Fray-romântico: a mesma coisa que frayssexual, porém relacionado a atração romântica no lugar da sexual.
A despeito disso, é importante entender que pessoas assexuais podem ser ou não arromânticas. Afinal, a atração romântica e a sexual são independentes umas das outras – apesar de algumas pessoas sentirem a mesma coisa romanticamente e sexualmente.
Pessoas assexuais que também não sentem atração romântica se identificam como acearo, uma junção dos termos assexual e arromântico. Aqueles que se identificam como assexuais mas ainda tem sentimentos românticos ligados a outras orientações sexuais, costumam usar os termos:
- Birromântico (atração romântica por dois ou mais gêneros);
- Heterorromântico (atração romântica pelo gênero oposto);
- Homoromântico (atração romântica pelo mesmo gênero);
- Panrromântico (atração romântica por dois ou mais gêneros);
O mesmo vale para quem se identifica apenas como arromântico, podendo ser bissexual, panssexual, homossexual e heterossexual.
Assexuais têm relações sexuais?
A resposta é: depende. Ser assexual não impede que uma pessoa tenha relações, já que ela só não sente atração mas pode praticar o ato. Ou seja, existem assexuais que se sentem confortáveis em se relacionar sexualmente, mas também existem aqueles que não gostam e preferem não fazer sexo.
Assexuais que praticam relações sexuais são chamados de sexo favoráveis ou indiferentes. Os que não se envolvem nessas relações por não sentirem vontade são conhecidos como sexo repulsivos.
Perguntar sobre a vida sexual de uma pessoa pode ser algo indelicado. Por isso, evite questionar se um assexual faz sexo ou não, isso é algo pessoal que cabe apenas ao individuo e seus parceiros. Apenas tenha em mente que alguns escolhem ter relações sexuais.
É assexuado ou assexual?
Na hora de falar sobre a assexualidade, algumas pessoas podem se confundir e trocar o termo assexual por assexuado. A palavra “assexuado” faz referência aos organismos de “reprodução assexuada”, que não precisam interagir sexualmente para fazer a reprodução de sua espécie.
Não é correto chamar um ser humano de assexuado, afinal, para que ele possa se reproduzir o ato sexual é necessário. Sendo assim, a forma correta de chamar alguém que não sente atração sexual é assexual.
Baixo libido, ciência e assexualidade
Assim como outras orientações sexuais, a assexualidade foi vista por muito tempo como um transtorno sexual. Até os anos 2000, o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) ainda categorizava a falta de desejo ou atração sexual como uma condição. Além disso, muitos especialistas ainda ligavam essa questão ao uso de medicamentos antidepressivos, que causam baixo libido, mesmo que existissem pessoas assexuais que não fizessem o uso dessas substâncias.
Foi apenas em 2013 que o DSM reconheceu que pessoas que se identificam como assexuais não deveriam ser diagnosticadas com transtornos de diminuição do libido. Ou seja, a assexualidade não é mais vista e categorizada como uma doença perante a ciência.
Entretanto, mesmo que a aceitação da assexualidade como uma orientação sexual seja mais ampla, esses indivíduos ainda sofrem com os preconceitos no meio científico. Um estudo, de 2020, mostrou que mais ou menos 50% dos voluntários que se identificavam como assexuais já tinham sido diagnosticados com um transtorno sexual ao procurar apoio psicológico para outras condições, como a depressão.
A luta para acabar com a ideia de que identidades LGBTQIA+ são condições de saúde ainda é muito presente. Desta forma, é importante entender as características desta comunidade e quais suas necessidades perante uma sociedade que os marginaliza. Para que assim seja possível desestigmatizar a sua existência, permitindo qualidade de vida e garantindo direitos a essas pessoas.