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Os chapins japoneses acenam com as asas, indicando "depois de você" ao parceiro

Para comunicar sem a necessidade de palavras, os seres humanos recorrem a uma variedade de gestos – seja um aceno para se despedir de alguém, um polegar para cima para demonstrar aprovação ou um gesto de “depois de você” para sugerir uma passagem. Embora os pesquisadores de comportamento animal tenham observado espécies como grandes primatas, corvos e até peixes usando gestos para se comunicarem entre si, esses comportamentos geralmente se limitavam a gestos mais literais, como apontar para objetos ou locais específicos. Por outro lado, os gestos simbólicos transmitem mensagens mais abstratas e são considerados como exigindo habilidades cognitivas mais complexas do que os gestos observados em animais não humanos.

Recentemente, pesquisadores descobriram trocas de gestos simbólicos entre os pássaros. Durante a entrada em seus ninhos, os chapins japoneses (Parus minor) acenam com as asas, indicando “depois de você” ao parceiro.

Na mais recente pesquisa, publicada na segunda-feira na Current Biology, cientistas no Japão analisaram o comportamento de oito casais de aves selvagens em um total de 321 visitas aos ninhos, enquanto os pares levavam comida para alimentar seus filhotes.

Toshitaka Suzuki, pesquisador de comunicação animal da Universidade de Tóquio, e seu colega Norimasa Sugita, também da Universidade de Tóquio, ficaram intrigados com os chapins japoneses devido à complexidade de suas comunicações vocais. Essas aves produzem sons vocais específicos para transmitir mensagens que podem ser combinadas em frases com regras gramaticais particulares. Os pesquisadores queriam determinar se a linguagem corporal também fazia parte do repertório desses pássaros.

Um gesto em particular chamou a atenção. Os pesquisadores observaram que um membro do casal frequentemente batia as asas para o companheiro enquanto estava diante do ninho, um comportamento que parecia indicar que o outro pássaro deveria entrar primeiro. As fêmeas chapins realizavam esse gesto com maior frequência, e, em seguida, seus companheiros machos geralmente entravam no ninho. Isso ocorreu mesmo quando o pássaro que fazia o gesto chegava primeiro à caixa. Quando a fêmea não fazia esse gesto com as asas, tendia a entrar no ninho antes do macho.

Os pesquisadores sugerem que esse comportamento preenche os critérios de gesto simbólico, pois estava presente somente com o companheiro, cessava quando o parceiro entrava no ninho e incentivava a entrada sem contato físico. Além disso, o gesto era direcionado ao companheiro, e não ao ninho, o que o diferenciava de um gesto deíctico, ou seja, apontando para um objeto de interesse.

Investigar a comunicação em animais não humanos pode lançar luz sobre como os humanos evoluíram para se comunicar por meio de gestos simbólicos. Uma hipótese sugere que andar sobre duas pernas permitiu que os primeiros humanos usassem as mãos com mais liberdade, levando ao desenvolvimento de gestos manuais. Suzuki observa que quando os pássaros pousam em um galho, suas asas ficam livres de maneira semelhante, o que poderia ter levado ao desenvolvimento de gestos como o aceno com as asas para indicar “depois de você”.

A seguir, Suzuki e Sugita planejam investigar se esses pássaros usam algum gesto que mude quando combinado com suas vocalizações gramaticalmente complexas. Os seres humanos combinam gestos e linguagem falada para transmitir mensagens específicas, e ainda não sabemos se ou como os pássaros poderiam fazer o mesmo.

Fonte: Scientific American


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