Atafona é um distrito do município de São João da Barra, no Rio de Janeiro, que foi estabelecido em 1950. Com cerca de 6 mil habitantes e conhecido por ser um ponto turístico, o local faz parte do balneário brasileiro e está localizado onde o rio Paraíba do Sul, que também atravessa São Paulo e Minas Gerais, encontra o Oceano Atlântico.
Apesar de ser composto principalmente por hotéis, casas de veraneio e instalações recreativas, Atafona ganhou reconhecimento internacional através dos efeitos devastadores das mudanças climáticas. Os primeiros indícios da erosão costeira do local foram observados na década de 60, quando o encontro do rio com o oceano e o desmatamento contribuíram para que o fenômeno fosse agravado.
Desde 1970, o mar já foi capaz de “engolir” cerca de 500 propriedades localizadas na costa.
O município de Atafona está entre parte do 4% de litorais em todo o mundo que perdem cinco metros ou mais a cada ano. Embora o aquecimento global tenha agravado a situação costal, é possível apontar a ação humana como a maior causadora da erosão.
O rio Paraíba do Sul, que como já mencionado anteriormente, encontra com o oceano neste município, diminuiu ao longo dos anos decorrente de diversas ações humanas, incluindo a mineração e agricultura. Essa diminuição de volume resulta em um menor transporte de areia para Atafona, o que impede a regeneração natural das praias, e que, eventualmente, resulta na submersão da costa pelo mar. Além disso, na década de 50, cerca de 70% do fluxo do rio foi desviado para fazer o abastecimento de água para a região metropolitana do Rio de Janeiro.
As construções costeiras também dividem parte da culpa, uma vez que foram responsáveis pela degradação da vegetação e de dunas de areia locais — fatores essenciais para a estruturação das praias.
A destruição de Atafona impactou a comunidade local, que perdeu escolas, igrejas, além de suas residências. Além disso, a erosão fez com que o município perdesse duas fontes de rendas essenciais — a pesca e o turismo.
Embora parte do turismo continue ativo, com viajantes visitando o distrito durante as estações mais quentes, a pesca foi inviabilizada pela elevação do mar. Muitos barcos maiores não podem mais passar pelo delta do rio, o que impossibilita a pesca como atividade monetária. Em diante disso, uma comunidade de cerca de 600 pescadores perdeu o seu ganha-pão principal.
Desde os primeiros indícios da erosão acelerada de Atafona, autoridades locais estudam novas técnicas para reverter a situação do litoral e impedir que o mar acabe com outras partes do distrito. Uma das soluções propostas por especialistas é uma técnica que foi utilizada nos Estados Unidos e na Holanda; o reabastecimento da praia com areia. Nesse caso, a areia utilizada seria a areia da própria praia que se encontra acumulada no fundo do rio Paraíba do Sul.
Contudo, esses planos não foram realizados com a justificativa de que não há nenhuma solução definitiva para o problema.
Em busca de ajudar a população que tiveram suas casas levadas pelo mar, o município criou um programa de assistência social que ajuda mais de 40 famílias com R$1.200,00 mensais.
Habitantes questionam a falta de interesse do governo local para os problemas enfrentados por Atafona, mas também entendem o papel do homem na devastação. De acordo com um dos moradores, José Rosa, que foi entrevistado pela National Geographic, “o homem provocou a revolta do mar”.
A situação de Atafona não é irreversível. Embora a erosão costeira seja inevitável, existem diversos meios de preservação que incluem dunas, sacos e cercas de areia, vegetação e paredões.
Utilizamos cookies para oferecer uma melhor experiência de navegação. Ao navegar pelo site você concorda com o uso dos mesmos.
Saiba mais