A autocompaixão é definida na psicologia como o ato de tratar a si mesmo com compreensão e respeito frente à situações difíceis. Naturalmente, é o ato de agir com compaixão, normalmente sentida por outras pessoas, às suas próprias emoções.
A compaixão é definida no dicionário Cambridge como “um forte sentimento de simpatia e tristeza pelo sofrimento ou má sorte dos outros e um desejo de ajudá-los”. Ela incita um indivíduo a prestar atenção no sofrimento alheio, oferecendo apoio e conforto.
Desse modo, a autocompaixão pede que o indivíduo pare de ignorar ou minimizar suas próprias emoções frente às dificuldades. Ela abraça o sofrimento como um sentimento válido para que a pessoa se permita a sentir e a aceitar suas emoções.
De acordo com a doutora e especialista Kristin Neff, a autocompaixão possui “três componentes inter-relacionados que são exibidos durante os momentos de dor e falha”. São eles:
A autocompaixão significa tratar-se com bondade e compreensão em vez de abraçar o auto-criticismo em momentos de fraqueza. Assim, ela permite que o indivíduo aceite seus erros como uma parte da vida humana, se desprendendo do ideal perfeito que acreditamos. Ela assegura que errar é inevitável e falhar faz parte da caminhada, mas que durante esses momentos, é preciso manter a gentileza e delicadeza.
Embora a frustração às vezes seja acompanhada do isolamento, a autocompaixão lembra o indivíduo de que ele não é o único sofrendo. Todos os seres humanos passam por dificuldades e emoções tumultuosas. Por isso, essa prática “envolve reconhecer que o sofrimento e a inadequação pessoal fazem parte da experiência humana compartilhada”.
Além de aceitar as emoções humanas, a autocompaixão pede para que o indivíduo alcance a temperança. Ela é adquirida através do equilíbrio emocional que permite que os sentimentos sejam experimentados em moderação, nem reprimidos nem exagerados.
Assim como a prática de mindfulness, a autocompaixão dá uma abertura para que o indivíduo observe seus sentimentos com abertura e clareza, mas sem julgamentos e sem ignorá-los. É impossível praticar a compaixão enquanto as emoções são ignoradas. Porém, a atenção plena “exige que não sejamos ‘identificados demais’ com pensamentos e sentimentos, de modo que sejamos apanhados e arrastados pela reatividade negativa”.
Através do entendimento e equilíbrio entre os três elementos da autocompaixão, o indivíduo consegue praticá-la. Isso porque ela é exatamente isso, uma prática que deve ser feita no dia a dia para assegurar o bem-estar.
“A autocompaixão é uma prática de boa vontade, não de bons sentimentos… Com a autocompaixão, aceitamos conscientemente que o momento é doloroso e nos abraçamos com bondade e cuidado em resposta, lembrando que a imperfeição faz parte da experiência humana compartilhada”, reforça Neff.
Confira algumas dicas e informações sobre como praticar a autocompaixão:
Ser compassivo é, muitas vezes, uma qualidade comum em muitas pessoas. Porém, esses sentimentos se dissipam quando pensamos em nós mesmos. Por isso, praticar a autocompaixão pede que você se trate como trataria um amigo.
Você não ignoraria a dor e os sentimentos de um ente querido em situações difíceis, então por que faria isso consigo mesmo? Seja compreensivo e aceite suas emoções durante dificuldades, não se julgue e lembre-se que errar faz parte da condição humana.
A autoconsciência permite que o indivíduo reconheça suas dificuldades e emoções. Contudo, em vez de focar na resposta negativa, ele abraça pensamentos positivos.
Por exemplo, se você estiver se sentindo mal em relação a alguma coisa, permita-se sentir desse jeito sem julgar suas emoções. Reconheça momentos sensíveis e diga “eu não estou me sentindo bem e não tem nada de errado com isso”.
Muitos especialistas acreditam que os pensamentos negativos vêm de como os outros nos percebem. Entretanto, em vez de se preocupar com normas sociais, é possível se desprender da pressão externa de como devemos ser ou nos sentir.
Por isso, aprender a ser feliz sem a influência dos outros pode ajudar a criar pensamentos positivos que levam à autocompaixão.
Uma pesquisa da University of California Berkeley comprovou que a autocompaixão pode servir como motivação. De acordo com a análise, estudantes que recebiam mensagens de autocompaixão após uma prova relativamente difícil estudaram mais para próximos testes do que alunos que não receberam essas mensagens.
Além disso, a mesma pesquisa também evidenciou que essa motivação para a melhoria se estende ao domínio interpessoal. Os mesmos pesquisadores observaram que pessoas mais autocompassivas são mais propensas a se desculpar e fazer as pazes com os outros quando eles erram.
Adicionalmente, um artigo da Harvard Business Review indica que a autocompaixão pode ajudar na autoestima. Entretanto, ela se desprende das qualidades externas associadas aos padrões impostos pela sociedade e melhora a imagem do indivíduo internamente.
Ou seja, praticar a autocompaixão pode oferecer benefícios próprios e externos. Ela impulsiona a positividade e garante o equilíbrio das emoções, possibilitando a criação de um canal de auto-comunicação, em que o indivíduo ouve seus próprios problemas sem julgá-los de imediato.
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