Bacia do Paraguai: principais rios e suas características

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A Bacia do Paraguai, localizada predominantemente no bioma Pantanal, tem dimensões internacionais e é um dos elementos mais importantes desse ecossistema, sendo  considerada Patrimônio Nacional pela Constituição Federal de 1988 e Reserva da Biosfera pela Unesco no ano de 2000.

Localização e principais rios da Bacia do Paraguai

A Bacia do Paraguai é extensa, possuindo uma área total de cerca de 1,1 milhão de km² e um comprimento de 2.550 km. Ela é uma bacia internacional, cortando vários países da América do Sul, que são: Brasil (nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul), Argentina, Bolívia e Paraguai. Seu rio principal é o Paraguai, que tem sua nascente na Serra dos Parecis (MT), e sua foz no rio Paraná, com o fluxo médio de água medindo cerca de 2.700 m³/s.

No Brasil, ela compreende a Região Hidrográfica do Paraguai, uma  das doze regiões hidrográficas da Divisão Hidrográfica Nacional, feita pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH).

Seus rios principais são Miranda, Aquidauana, Cuiabá, Taquari, Apa e São Lourenço, sendo responsáveis por abastecer as cidades em que passam, e delimitar parte da fronteira entre Paraguai e Argentina. Para uma melhor compreensão, veja o mapa abaixo:

HVL / CC-BY-SA-3.0

Características e clima da bacia do rio Paraguai

Seu clima é bem definido, apresentando um período tropical seco e tropical úmido, tendo um período de cheias e vazantes dos rios.

A bacia pode ser subdivida em duas principais regiões: o Planalto (64% da bacia) e o Pantanal (36% da bacia). A região do planalto situa-se em um relevo acima dos 200 metros de altitude, recebendo grande parte das chuvas e abrigando um grande número de nascentes, predominando o bioma do Cerrado. Pesquisas de 2017 mostram que o ser humano é responsável por ocupar cerca de 53,75% de seu território, impondo certas atividades econômicas que abordaremos mais adiante.

Já a região do Pantanal (abaixo de 200 metros de altitude), maior área úmida contínua do mundo, está situada em um local de planície de inundação, recebendo períodos bem distintos de cheias e vazantes. Suas águas são oriundas da região do Planalto e, pela sua baixa declividade, é inundada em períodos de cheia, servindo de armazenamento das águas durante todo o ano.

Essa periodicidade das cheias e vazantes é responsável pela manutenção de diversos ciclos hidrológicos vistos na região. Suas altas temperaturas fazem com que ela tenha uma alta taxa de evapotranspiração, perdendo uma grande parte desse reservatório natural de águas.

Sua área é menos ocupada pelo ser humano quando comparada ao Planalto, tendo apenas 16% de ocupação. Esse fato se dá pelas suas características naturais, que dificultam o avanço da agricultura mecanizada para essa região, além de contar com cerca de 5% de Unidades de Conservação e Terras Indígenas (pertencentes aos povos como Kadiwéu e Kinikinau).

Qual a importância da Bacia do Paraguai?

Pelo seu terreno plano, e com poucos relevos acidentados, a Bacia do Paraguai possui intensa atividade de  navegação. Dessa forma, suas águas são de grande importância, servindo como transporte hidroviário, carregando um grande volume de passageiros e mercadorias. Porém, pelos  impactos ambientais vistos nessa região, seus projetos de construções de novas infraestruturas muitas vezes são inviabilizados.

Outras importantes atividades dessa região são o turismo, a pesca e o lazer. O turismo e o ecoturismo representam uma importante atividade econômica para o Pantanal. Vários turistas se conectam todo ano com a sua biodiversidade, sendo sua preservação de  extrema importância para a continuidade dessa atividade econômica.

Principais impactos ambientais

Contudo, outras atividades econômicas são responsáveis por gerar grandes danos ao Pantanal e Planalto. O desmatamento, gerado  principalmente pela atividade agropecuária, somado à tendência natural da erodibilidade dos solos, principalmente na região do Planalto, tem resultado em maiores processos de degradação e erosão desses solos. A erosão gera uma maior produção de sedimentos no planalto, que será transportado e depositado no Pantanal, contribuindo para o assoreamento dos rios que se encontram abaixo de 200 metros de altitude.

O assoreamento altera diversos processos ecológicos da bacia hidrográfica, além de gerar mais gastos para outras atividades econômicas. Um exemplo disso é a navegação, que pode demandar mais recursos para obras, com o objetivo de retirar esses sedimentos de fundo para tornar esses rios navegáveis novamente.

Outra atividade que impacta fortemente essa bacia é a construção de hidrelétricas, que estão localizadas majoritariamente na região do planalto. Por mais que sejam limitadas, essas instalações trazem grandes impactos ambientais, pois alteram o funcionamento ecossistêmico da região, como os pulsos de inundação (ciclos de cheias e secas anuais). Esses pulsos são responsáveis pela reciclagem de nutrientes, migrações e manutenção de habitats para diversos animais.

Como exemplo, as hidrelétricas impedem que os peixes da bacia migrem para as nascentes e depositem seus ovos, alterando a composição e a abundância de animais  na região, impactando desde a biodiversidade, até a atividade pesqueira.

Desde os anos 70, temos visto uma expansão das atividades do agronegócio na região do Cerrado. Essas atividades, além de aumentarem o desmatamento e erosão, são responsáveis pelo lançamento de agrotóxicos e fertilizantes em seus corpos hídricos que, somados pelos efluentes domésticos, minerais e industriais não tratados, irão impactar a qualidade da água, aumentando as taxas de nutrientes, metais pesados e compostos químicos tóxicos.

Vitor Barreiros

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