Bactéria presente em esterco de vaca estimula “hormônio da felicidade”

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Bactéria encontrada no solo pode ajudar no tratamento contra depressão, ansiedade e transtorno obsessivo-compulsivo

Leite, carne, bezerros, mugidos. Quantas palavras você consegue associar a uma vaca? Talvez mais algumas, além das já citadas. Mas vamos combinar que quando você pensa em felicidade, dificilmente o que vem à mente é a imagem de uma vaca.

Porém, pesquisas recentes indicam que pacientes expostos a certos tipos de bactéria do solo apresentam uma melhora de humor. Onde a vaca entra nisso? Os pacientes foram tratados com uma bactéria chamada Mycobacterium vaccae – encontrada em solos tratados primeiramente com esterco de vaca.

O resultado desse estudo experimental levou dois pesquisadores ingleses, das Universidades de Bristol e London College, a realizarem uma pesquisa com camundongos, utilizando os antígenos (molécula capaz de realizar uma resposta imune) da bactéria. A conclusão a que chegaram é de que a bactéria, além de ativar o sistema imunológico, também aumenta a produção de serotonina – que é responsável por regular humor, sono e apetite, por exemplo.

Níveis baixos de serotonina no organismo estão associados à ansiedade, à depressão e a transtornos obsessivo-compulsivos. Portanto, a “bactéria da vaca” poderia ser incorporada em antidepressivos de alguma forma, uma vez que seu uso em camundongos os deixou mais alegres. Todavia, os benefícios causados pela bactéria diminuem após, em média, três semanas – quando o nível de Mycobacterium vaccae diminui no organismo.

Para os professores Dorothy Matthews e Susan Jenks, do The Sage Colleges , de Nova Iorque, “a melhor forma de inserir as bactérias no organismo dos humanos seria por uma exposição ambiental, ou seja , comendo alimentos cultivados em solo tratado com as bactérias e praticando jardinagem terapêutica neste tipo de terreno (o contato da pele com a terra e o fato de inalá-la podem ajudar o organismo a absorver a bactéria)”.

Porém, segundo o professor de microbiologia da London’s Royal Free and University College Medical School, Graham Rook, “a jardinagem, apesar de ser saudável, por nos expor aos raios solares que ajudam nosso corpo a produzir vitamina D – um nutriente que nos protege de várias doenças – e servir como terapia ocupacional, não é a melhor forma de introduzir o nível necessário de serotonina no nosso organismo para colhermos os mesmos efeitos obtidos nos camundongos”.

Apesar dos pesquisadores discordarem de qual é a melhor forma de introduzir a “bactéria da vaca” no organismo humano, todos parecem concordar que a nossa amiga mimosa pode, efetivamente, nos tornar mais felizes.  Irônico, se pensarmos no destino que damos à elas muitas vezes.

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