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Microrganismos marinhos desempenham papel fundamental na reciclagem de carbono em ambientes sem oxigênio

No fundo dos oceanos, onde o oxigênio é escasso, um grupo de microrganismos desempenha um papel essencial na decomposição de matéria orgânica. As bactérias redutoras de sulfato, especialmente as da família Desulfobacteraceae, são responsáveis por quebrar uma grande variedade de compostos orgânicos, transformando-os em dióxido de carbono (CO₂). Esses microrganismos, distribuídos globalmente, atuam como verdadeiros recicladores de carbono, ajudando a manter o equilíbrio do ciclo global desse elemento.

Pesquisadores da Universidade de Oldenburg, na Alemanha, liderados pelo Dr. Lars Wöhlbrand e pelo Prof. Dr. Ralf Rabus, investigaram em detalhes o funcionamento dessas bactérias. O estudo, publicado na revista Science Advances, revelou que as Desulfobacteraceae possuem um metabolismo modular altamente versátil, o que lhes permite decompor desde substâncias simples até compostos orgânicos complexos e pouco degradáveis. Essa capacidade explica sua ampla distribuição em ambientes marinhos, desde regiões costeiras até o mar profundo.

A pesquisa utilizou técnicas avançadas de análise proteômica para identificar as proteínas envolvidas no processo de degradação. Foram analisadas 80 condições de teste diferentes, nas quais as bactérias foram expostas a 35 substratos variados, incluindo ácidos graxos e compostos aromáticos. Os resultados mostraram que, apesar das diferenças morfológicas e de especialização entre as cepas, todas compartilham uma via metabólica central altamente eficiente.

Um dos aspectos mais fascinantes dessas bactérias é sua capacidade de sobreviver em condições extremas, onde a energia disponível é mínima. Elas utilizam sulfato em vez de oxigênio para respirar, um processo que gera menos energia, mas que as torna extremamente eficientes em ambientes anaeróbicos. Essa adaptação permite que atuem como agentes principais na decomposição de matéria orgânica em sedimentos marinhos, especialmente em áreas costeiras e de plataforma continental, onde a deposição de material orgânico é intensa.

A análise genética de sedimentos marinhos confirmou a presença dessas bactérias em diversas regiões, desde águas rasas até fontes hidrotermais no fundo do oceano. Os genes associados aos módulos metabólicos das Desulfobacteraceae foram encontrados em quase todas as amostras, reforçando sua importância global no ciclo do carbono.

O estudo também alerta para o possível aumento da relevância desses microrganismos no futuro. Com a redução dos níveis de oxigênio nos oceanos, causada pelo aquecimento global e pela eutrofização, as bactérias redutoras de sulfato podem se tornar ainda mais ativas, influenciando diretamente os processos de degradação de carbono e, consequentemente, o clima do planeta.

A pesquisa não apenas amplia a compreensão sobre o papel desses microrganismos no ecossistema marinho, mas também fornece novas ferramentas analíticas para monitorar sua atividade em diferentes ambientes. Esses avanços são fundamentais para prever como mudanças climáticas e atividades humanas podem impactar os ciclos biogeoquímicos globais.

Enquanto a ciência continua a desvendar os segredos do fundo do mar, as bactérias redutoras de sulfato se revelam como peças-chave na manutenção da vida na Terra, atuando silenciosamente nas profundezas dos oceanos.


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