Pesquisa indica que as baleias podem ter um papel importante no armazenamento de carbono
Uma pesquisa da Universidade do Sudeste do Alasca evidenciou o papel das baleias no armazenamento de carbono. De acordo com as informações levantadas pelo estudo, isso se dá a um conjunto de fatores que incluem a longevidade e o tamanho desses animais.
“Seu tamanho e longevidade permitem que as grandes baleias exerçam fortes efeitos no ciclo do carbono, armazenando carbono de forma mais eficaz do que pequenos animais, ingerindo quantidades extremas de presas e produzindo grandes volumes de resíduos”, disse Heidi Pearson, líder da pesquisa.
Além de potencialmente viverem por mais de 90 anos e sequestrarem grandes quantidades do gás pelos seus corpos, algumas espécies de baleias contribuem para o armazenamento de carbono através de sua matéria fecal e urina.
Ricos em nutrientes como nitrogênio e ferro, esses dejetos servem como fertilizantes para fitoplânctons que, assim como as árvores, absorvem carbono da atmosfera como uma fonte de alimento. Acredita-se que todos esses organismos juntos sejam responsáveis pela absorção de 10 a 20 bilhões de toneladas de CO2 por ano.
Então, o carbono e os nutrientes depositados em fitoplânctons pelos animais são redistribuídos para outros componentes do ecossistema marinho através da cadeia alimentar.
Outro fator importante em todo processo de absorção e redistribuição de nutrientes são as viagens que os mamíferos marinhos fazem. Viajando por milhares de quilômetros, eles são responsáveis pela distribuição de nutrientes em áreas pobres dessas substâncias.
Por outro lado, as baleias também ajudam no armazenamento de carbono até em suas mortes. Quando morrem, as carcaças desses animais vão parar no fundo do oceano, onde viram alimento de outros organismos e, consequentemente, se decompõem, depositando CO2 no solo marinho.
Embora não se saiba exatamente quanto de CO2 é absorvido pelas baleias, por uma estimativa, uma grande baleia pode sequestrar 33 toneladas de CO2. Além disso, dados de pesquisas anteriores apontam que, antes do declínio populacional desses animais, estima-se que eles eram responsáveis pelo sequestro de até 2 bilhões de toneladas de CO2 por ano.
Ainda existem diversos fatores desconhecidos que podem influenciar esses números, como a quantidade de CO2 liberada pelos animais durante a vida. No entanto, especialistas enfatizam que a conservação das baleias pode ser um grande aliado na luta contra as mudanças climáticas.
Infelizmente, os mamíferos marinhos ainda sofrem com o declínio populacional resultante de ações humanas, como a poluição plástica, emaranhamentos em redes de pesca, colisões com navios, poluição sonora e a caça de baleias. Portanto, planos para a restauração de habitats e proteção dos animais pode ser eficaz para todo o cenário marinho.
“Se tivermos mais baleias, teremos ecossistemas mais saudáveis por toda parte.”, disse Pearson.