A ciência por trás do beijo e a sua história

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O beijo é definido no dicionário Cambridge como o ato de “tocar com os lábios, especialmente como saudação, ou pressionar a boca na boca de outra pessoa de forma sexual”. Ele é visto como uma forma de afeto, mas que pode ter diversos significados, como uma forma de demonstrar amor, cumprimentar e se despedir e desejar boa sorte a outras pessoas. 

No entanto, quando paramos para pensar um pouco sobre o ato de beijar, é um pouco estranho. Questionamentos de como esse método de saudação surgiu ou quem o originou são comuns. 

Existem diversas teorias sobre a origem do beijo. Por um lado, alguns especialistas acreditam que beijar é um comportamento aprendido, uma vez que apenas 10% da população humana não beija. Por outro lado, outros acreditam que esse ato está enraizado na ciência e na biologia dos seres humanos. 

O “beijo” da Amazônia com o Atlântico

Origem do beijo 

Embora o beijo seja uma demonstração de afeto, ele também é uma forma de espalhar doenças. Tanto que, inspirado pela evolução de patógenos persistentes, o especialista em escrita cuneiforme da Universidade de Copenhague, Troels Pank Arbøll, desenvolveu uma pesquisa sobre a história antiga do ato e seu papel na transmissão de doenças. 

Assim, Arbøll e seus colaboradores começaram a analisar escritos cuneiformes da Mesopotânia. O estudo possibilitou o descobrimento de que a data anteriormente citada para a evidência escrita mais antiga do beijo, um manuscrito da Idade do Bronze de 3.500 anos da Índia, na verdade, não é realmente a primeira vez que o ato foi descrito. 

Os autores descrevem tabuletas da Mesopotâmia 1.000 anos mais antigas. Porém, Arbøll enfatiza que os escritos de 4.500 anos podem não ser a primeira evidência oficial que mostra seres humanos que beijavam na boca. 

“A origem do beijo romântico sexual deve ter ocorrido muito antes da pré-história do que somos capazes de detectar com os métodos atuais”, diz Arbøll.

O primeiro beijo

O primeiro beijo documentado na história humana é datado de 1900-1595 AEC e foi gravado em uma tabuleta de argila com os seguintes dizeres: 

“Meu lábio superior fica úmido, enquanto meu lábio inferior treme! Vou abraçá-lo, vou beijá-lo. — Tabuinha de Sippar, Mesopotâmia; tradução de Nathan Wasserman, Akkadian Love Literature of the Third and Second Millennium B.C.E.

Por que beijamos?

Não se sabe exatamente o porquê os seres humanos se beijam, mas existem hipóteses. Algumas sugestões indicam que beijar é uma forma de ajudar os humanos a avaliar parceiros em potencial — durante o ato, o hálito e outras coisas podem influenciar na escolha de uma pessoa. Adicionalmente, a saliva passada de  boca a boca contém hormônios e outros compostos que podem dar pistas ao cérebro para determinar se um parceiro de beijo é realmente adequado como par.

Beijar alguém provoca uma reação química no cérebro, que inclui o aumento da produção de ocitocina e dopamina — hormônios da felicidade. Também conhecida como o “hormônio do amor”, a ocitocina desperta sentimentos de afeição e apego.

De acordo com uma pesquisa de 2013, por exemplo, a ocitocina é importante em ajudar os homens a se relacionarem com um parceiro e permanecerem monogâmicos.

Além disso, a ocitocina também ajuda a fortalecer o vínculo afetivo entre as pessoas. De fato, as mulheres vivenciam uma enxurrada de ocitocina durante o parto e amamentação, fortalecendo a ligação entre mãe e filho. 

Similarmente, falando da amamentação, muitas pessoas também acreditam que beijar deriva de algo que os humanos fazem quando crianças. Por um lado, pode ser que associemos o toque dos lábios à amamentação, e esse reflexo é inato em todos. 

Porém, há também uma sugestão de que as mães e seus filhos se relacionam com beijos por causa de algo chamado “transferência pré-mastigatória de alimentos” — em que as mães pré-mastigam alimentos para as crianças, e transferem-nos diretamente para as suas bocas.

Beijar faz bem? 

Independentemente de todas as possíveis origens do ato de beijar, o que se sabe atualmente é de que todos os tipos de beijo podem oferecer benefícios ao bem-estar. Seja com um selinho, um beijo de língua ou apenas com o pressionar leve dos lábios sobre outra pessoa, isso é algo que faz bem para o ser humano. 

Além dos hormônios liberados durante o ato, acredita-se que a sensação de felicidade dos beijos seja associada às inúmeras terminações nervosas presentes nos lábios. Quando a boca é pressionada contra outra, ou mesmo contra a pele quente, o resultado é bom para qualquer pessoa. 

Isso, em conjunto com a liberação de ocitocina e a dopamina pode resultar em sentimentos de carinho e euforia. Por outro lado, beijar também libera a serotonina, que reduz os níveis de cortisol, diminuindo o estresse. 

Júlia Assef

Jornalista formada pela PUC-SP, vegetariana e fã do Elton John. Curiosa do mundo da moda e do meio ambiente.

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