Os benefícios do bilinguismo vão além dos aspectos socioculturais que permitem a interação entre pessoas de diferentes lugares do mundo. Acredita-se que saber duas línguas pode ser benéfico para o cérebro e para a saúde mental.
Por muito tempo, o bilinguismo foi visto como algo que impedia o aprendizado. Especialistas acreditavam que entender duas línguas era um empecilho para crianças e que isso interferia diretamente no desenvolvimento intelectual desses indivíduos. Porém, já no século XXI, essa ideia foi substituída por estudos com embasamento científico que demonstravam os verdadeiros benefícios do bilinguismo.
Essa interferência, embora real, ajuda a fortalecer os músculos cognitivos do cérebro. A partir dessa descoberta, diversas outras pesquisas foram feitas para identificar em que mais o bilinguismo pode ajudar.
Uma pesquisa realizada em 2016 analisou dois grupos de bebês de 11 meses, que foram divididos entre bilíngues (que são expostas ao inglês e ao espanhol) e monolíngues (que só são expostas ao inglês). Ao analisar a atividade cerebral de ambos os grupos ao serem expostos às duas línguas, os condutores da pesquisa perceberam que o cérebro das crianças monolíngues mostrava uma resposta mais fraca ao espanhol do que ao inglês. Enquanto isso, o grupo bilíngue apresentava uma resposta forte para as duas línguas.
O sistema auditivo se desenvolve durante a 33ª semana da gestação, portanto, os fetos já conseguem ouvir e criar respostas para diferentes sons. Em outra pesquisa, dessa vez analisando a resposta cerebral de bebês prematuros da 28ª a 32ª semana de gestação, neurocientistas aprenderam que essas crianças tinham a capacidade de discernir entre diferentes fonemas — que é uma das habilidades necessárias para aprender novas línguas.
Porém, essas habilidades têm data de validade. Acredita-se que a capacidade de aprender novas línguas é mais forte durante a infância até o final da adolescência. A partir dos 17 anos, a habilidade diminui significativamente. De acordo com especialistas, isso pode ser devido às mudanças da plasticidade cerebral que acontecem com a idade.
Porém, além das habilidades cognitivas e dos aspectos socioculturais, quais são os benefícios do bilinguismo? Por conta da constante interferência entre duas línguas, o cérebro da pessoa bilíngue apresenta diversas características benéficas.
Um dos exemplos desses benefícios comprovados acontece em decorrência do mal de Alzheimer. Embora a doença afete tanto os bilíngues como monolíngues, pacientes bilíngues começam apresentar os sintomas da condição quatro ou cinco anos mais tarde que os monolíngues.
Ao examinar imagens de ressonância magnética, especialistas conseguiram comprovar que pacientes bilíngues apresentam regiões do cérebro referentes à linguagem e ao controle cognitivo mais fortes e espessas. Esses pacientes também eram mais prováveis a lembrar de eventos autobiográficos do que pacientes monolíngues.
O constante exercício de trocar de línguas faz com que as pessoas bilíngues exercitem o cérebro diariamente. Mesmo quando não estão ativamente falando duas línguas, elas continuam presentes criando interferências que são enfrentadas pelo inconsciente.
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