Descubra para que os medicamentos betabloqueadores bloqueiam os receptores beta-adrenérgicos e seus possíveis efeitos adversos
Os betabloqueadores são medicamentos capazes de diminuir o estresse no coração e nos vasos sanguíneos. Eles também são usados para controlar a enxaqueca, a ansiedade, o tremor e outras condições. Outros nomes para betabloqueadores incluem beta-antagonistas, agentes bloqueadores beta-adrenérgicos e antagonistas beta-adrenérgicos.
Os betabloqueadores atuam inibindo as respostas de certos hormônios do sistema nervoso, como a adrenalina, também conhecida como, epinefrina e a norepinefrina. Ao fazer isso, eles ajudam a prevenir a ativação da resposta ao estresse de “lutar ou fugir”. A adrenalina e a noradrenalina são hormônios que preparam os músculos do corpo para o esforço. Esta é uma parte crucial da resposta ao perigo.
Quando o corpo libera altos níveis de adrenalina, o indivíduo pode apresentar batimento cardíaco acelerado, pressão alta, hiperidrose, ansiedade e palpitações cardíacas. O bloqueio da liberação desses hormônios diminui o estresse no coração e reduz a força das contrações do músculo cardíaco. Por sua vez, também retira a pressão dos vasos sanguíneos do coração, do cérebro e do resto do corpo.
Esses medicamentos fazem com que o coração bata mais devagar e com menos força. Eles possuem um efeito anti-hipertensivo, ou seja, os betabloqueadores reduzem a pressão arterial. Além disso, eles também são indicados para abrir as veias e artérias para melhorar o fluxo sanguíneo. Isso ocorre porque esses medicamentos relaxam os músculos lisos dos vasos sanguíneos.
Os betabloqueadores também obstruem a produção de angiotensina II, um hormônio produzido pelos rins. O que relaxa e alarga os vasos sanguíneos, facilitando o fluxo de sangue através deles.
Receptores beta
Os medicamentos atuam no bloqueio dos receptores β adrenérgicos. Existem três tipos de receptores: os receptores β1, receptores β2 e receptores β3.
- β1: localizados no coração, regulam a frequência cardíaca e são responsáveis pelo aumento do débito cardíaco;
- β2: presentes em diversos órgãos, agem na atividade metabólica e relaxamento dos músculos;
- β3: agem na quebra de células de gordura
Qual é a função de um betabloqueador?
O principal uso dos betabloqueadores é o controle dos sintomas de coração. Eles podem ser utilizados na prevenção, no tratamento e na melhora dos sintomas de:
- Insuficiência cardíaca congestiva;
- Hipertensão arterial ou pressão alta;
- Doença coronariana;
- Arritmia cardíaca (ritmo cardíaco irregular);
- Taquicardia;
- Insuficiência cardíaca;
- Dor no peito (angina);
- Infarto do miocárdio ou ataque cardíaco;
- Enxaqueca;
- Certos tipos de tremor.
Efeitos adversos dos betabloqueadores
Entre os principais efeitos colaterais, destacam-se:
- Mãos e pés frios
- Fadiga
- Ganho de peso
- Depressão
- Falta de ar
- Distúrbios do sono (dificuldade para dormir ou insônia).
Outros efeitos colaterais incluem:
- Batimento cardíaco lento ou bradicardia e outros efeitos inotrópicos negativos
- Bloqueio atrioventricular
- Pressão sanguínea baixa
- Náuseas e vômitos
- Fraqueza e tontura
- Desconforto abdominal
- Constipação
- Disfunção sexual
- Perda de memória
- Confusão
- Retenção de líquido
Geralmente não são usados em pessoas com problemas respiratórios, pois este tipo de medicamento pode desencadear ataques graves de asma. O uso do medicamento também não é recomendado para pacientes de doença arterial periférica grave.
Em diabéticos, eles podem bloquear os sinais de baixo nível de açúcar no sangue, como taquicardia. É importante verificar o açúcar no sangue regularmente se você tem diabetes e está tomando um medicamento desse.
Os bloqueadores beta também podem afetar seus níveis de colesterol e triglicerídeos. Eles podem causar um ligeiro aumento nos triglicerídeos, um tipo de gordura no sangue. Além de uma redução modesta no colesterol “bom”, ou colesterol de lipoproteína de alta densidade (HDL). Essas mudanças geralmente são temporárias.
Pessoas com problemas cardíacos ou dores no peito e histórico de uso de cocaína devem conversar com um médico antes de usar betabloqueadores. Alguns tipos de betabloqueadores podem ser seguros para uso durante a gravidez, sob supervisão médica.
A interrupção abrupta de medicamentos betabloqueadores pode ser extremamente perigosa, elevando o risco de ataque cardíaco ou outros problemas cardíacos. Além disso, outras prescrições, em conjunto com os betabloqueadores, podem resultar em interações medicamentosas.
Tipos de betabloqueadores administrados por via oral
O nebivolol e o carvedilol e alguns outros fármacos desta classe dilatam os vasos sanguíneos, o que influencia na redução da pressão arterial. Porém cada tipo de betabloqueador, como o propranolol, nadolol e timolol, possui diferentes características. Confira:
Acebutolol (Sectral)
O acebutolol é um antiarrítmico e anti-hipertensivo.
Atenolol (Tenormin)
O atenolol é um betabloqueador indicado para o tratamento de hipertensão, arritmias e prevenção da angina. Ele é eliminado na urina.
Bisoprolol (Zebeta)
O bisoprolol é utilizado para tratar hipertensão, insuficiência cardíaca crônica e angina pectoris.
Metoprolol (Lopressor, Toprol XL)
O metoprolol é indicado para tratar hipertensão arterial, redução da pressão arterial, e da morbidade. Além do risco de mortalidade de origem cardiovascular. É eliminado pelo metabolismo hepático.
Nadolol (Corgard)
O nadolol é um beta-bloqueador não seletivo usado no tratamento da hipertensão, enxaqueca e angina pectoris.
Nebivolol (Bystolic)
O nebivolol é um betabloqueador seletivo e vasodilatador usado no tratamento de hipertensão arterial e na proteção do coração.
Propranolol (Inderal, InnoPran XL)
O propranolol é indicado para controle de hipertensão, controle de angina pectoris e controle das arritmias cardíacas.
Betabloqueadores podem reparar vasos sanguíneos malformados no cérebro
O propranolol, um dos betabloqueadores mais conhecidos, pode ser usado para tratar malformações cavernosas cerebrais. Essa é uma condição caracterizada por vasos sanguíneos com deformações no cérebro e em outras regiões do corpo. Essa é a conclusão de um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Uppsala, publicado na revista científica Stroke.
As malformações cavernosas cerebrais (CCMs, também chamadas de angiomas cavernosos ou cavernomas) são lesões vasculares nos vasos sanguíneos do cérebro e em outros lugares. São causadas por alterações genéticas que podem ser hereditárias ou surgir de repente.
A operação para remover essas lesões é, ainda, o único tratamento possível. No entanto, as intervenções cirúrgicas no cérebro são altamente arriscadas. Uma vez que as malformações vasculares reaparecem na forma hereditária da doença, um tratamento medicamentoso para CCMs é necessário, segundo os pesquisadores.
Os usos do propranolol, um betabloqueador, incluem o tratamento de doenças e condições do coração, como hipertensão. Mas também pode ser usado para tratar hemangioma, uma malformação comum dos vasos sanguíneos em crianças. Existem algumas indicações de que a preparação pode funcionar contra os CCMs também.
Os pesquisadores examinaram ratos com malformações vasculares no cérebro que correspondiam à forma hereditária da doença em humanos. Após o tratamento feito com propranolol, a equipe observou que os cavernomas estavam se tornando cada vez menores. Além disso, os vasos sanguíneos passaram a funcionar melhor, com menos vazamentos e melhores contatos entre as células.
A dose de propranolol administrada aos animais foi equivalente à dose usada para tratar doenças em humanos. Usando um microscópio eletrônico, os pesquisadores puderam estudar em detalhes como a droga afetava os cavernomas. Os resultados mostram que o propranolol pode ser usado para reduzir e estabilizar lesões vasculares. Portanto, ele pode ser um medicamento potencial para o tratamento de CCMs.