Bioconcreto é um tipo de concreto autocurável, que é capaz de regenerar e consertar suas próprias rachaduras, criado por Henk Jonkers em 2016. A tecnologia verde incorpora bactérias autoativáveis ao concreto para que o material seja capaz de de se autorregenerar. Por isso, possui uma maior vida útil que o concreto convencional e é uma das apostas do futuro para tornar a indústria da construção civil mais sustentável.
O concreto é o material de construção mais usado no mundo, sendo comum em inúmeras estruturas – de pontes e torres e represas. O problema é que sua pegada ecológica é alta, sobretudo graças às emissões de dióxido de carbono da produção de cimento, um de seus principais constituintes.
Depois da água, o concreto é a substância mais usada no mundo. A produção de cimento é responsável por cerca de 8% das emissões globais de dióxido de carbono (CO2). Isso porque o processo envolve a queima de muitos minerais, conchas, xisto e outros componentes em fornos aquecidos a cerca de 1.400 °C, nos quais os combustíveis fósseis são normalmente usados como fonte de energia. É daí que vêm as emissões de CO2.
Além disso, em 2030, o crescimento urbano na China e na Índia colocará a produção global de cimento em 5 bilhões de toneladas métricas por ano, com a produção atual já sendo responsável por 8% do total de emissões globais, de acordo com um relatório da organização WWF.
Pensando nisso, o pesquisador e microbiologista holandês Henk Jonkers, junto com outros pesquisadores da Universidade de Tecnologia de Delft, na Holanda, desenvolveu o bioconcreto. Ele é produzido a partir da combinação de concreto tradicional e colônias da bactéria Bacillus pseudofirmus. Essa bactéria, por sua vez, habita áreas inóspitas, como lagos congelados na Rússia e crateras de vulcões ativos. Assim, ela é capaz de sobreviver por mais de 200 anos nos edifícios, nas piores condições possíveis.
Ao serem alimentadas por lactato de cálcio, as bactérias formam esporos e possibilitam que o concreto consiga regenerar suas próprias rachaduras. O material pode reparar rachaduras de qualquer extensão. Apesar de ser em média 40% mais caro que o concreto tradicional, compensa em longo prazo. Isso porque economiza em custos de manutenção na construção civil.
Segundo os pesquisadores, o material também deu origem a um spray. Ele usa os mesmos princípios e pode ser aplicado diretamente sobre pequenas rachaduras. Essa tecnologia evita o colapso de edifícios que apresentam rachaduras quando há tremores de terra.
O bioconcreto foi desenvolvido para melhorar a resistência à tração e as propriedades ecológicas do concreto. O material vem sendo testado em algumas construções de Breda, na Holanda, quanto a sua durabilidade e força. Isso porque as vantagens da aplicação deste material incluem a redução das emissões de carbono no processo e a redução de custos de manutenção, mão de obra e produção do material.
Dessa forma, se uma parede construída com esse material apresentar rachaduras, as bactérias ficarão expostas aos elementos físicos. Dentre eles a água, que se infiltra nos vãos das rachaduras e ativa as bactérias. Imediatamente elas começam a consumir seu alimento, produzindo calcário como resultado do processo de digestão.
Em aproximadamente três semanas, esse calcário terá fechado completamente as fissuras da parede. Pela invenção, o pesquisador venceu o prêmio European Inventor Award de 2015 na categoria Pesquisa. Segundo Jonkers, o bioconcreto pode revolucionar a maneira como construímos, porque é inspirado na natureza.
Além do bioconcreto, existem alternativas ao concreto tradicional já em uso, além de muitas opções sob pesquisa. Confira algumas delas:
O concreto verde é uma forma de concreto ecológico fabricado com resíduos ou materiais residuais de diferentes indústrias e requer menos quantidade de energia para a produção. Comparado ao concreto tradicional, ele produz menos dióxido de carbono e é considerado barato e mais durável.
O objetivo do uso de concreto verde é diminuir a carga sobre os recursos naturais e aumentar a dependência de materiais recicláveis. Das várias estratégias utilizadas para alcançar a sustentabilidade por meio do concreto ecologicamente correto, a reutilização da água de lavagem para reduzir o consumo de água é uma boa técnica.
Além de encontrar substitutos para o cimento, substituir os materiais agregados por recursos recicláveis e reutilizáveis é uma estratégia eficaz para minimizar as emissões de gases de efeito estufa causadas pelo concreto tradicional.
Algumas alternativas agregadas incluem papel/fibra, resíduos de plástico, vidro pós-consumo e detritos de concreto.
O uso de entulho de concreto é uma maneira inteligente de utilizar resíduos de material de concreto. Além disso, seu uso reduz o consumo de recursos do processo de produção de concreto. Esse processo economiza espaço valioso no aterro e a reutilização de detritos reduz o uso de matérias-primas virgens.
O vidro, sendo um material inerte versátil, é um substituto de agregado adequado para o concreto. Uma vez que pode ser reciclado e reutilizado muitas vezes sem qualquer alteração em suas propriedades químicas, o vidro pós-consumo aumenta a durabilidade do concreto e ajuda na redução de resíduos de consumo em aterros.
Utilizar resíduos de plástico é uma jogada inteligente, pois é um material não biodegradável. Resíduos de plástico são facilmente reciclados e podem facilmente substituir até 20% do material agregado tradicional. Embora o concreto produzido com resíduos de plástico forneça resistência dentro de um limite específico, é indiscutivelmente uma alternativa ecológica ao concreto tradicional.
Pesquisadores da Espanha e do Reino Unido desenvolveram um tipo de material mais resistente e sustentável. Eles utilizaram plástico reciclado, cinzas volantes e raízes comestíveis, como cenouras e beterrabas.
Além de melhorar a resistência do cimento, a incorporação de folhas feitas de resíduos vegetais também se mostrou eficaz na produção de eletricidade nos estudos feitos em laboratório.
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