Por muito tempo, especialistas acreditavam que a presença de biocrostas em construções acelerava o processo de erosão. Novo estudo prova o contrário
Um recente estudo colaborativo realizado por pesquisadores da China, dos EUA e da Espanha comprovou que a presença de uma biocrostas na Muralha da China pode ter sido responsável pela preservação do monumento. A descoberta foi o resultado da análise de aproximadamente 600 quilômetros da estrutura, com foco em segmentos em climas mais secos.
A biocrosta é definida como uma comunidade composta por líquens, bactérias, fungos, musgos e pequenas plantas que crescem em superfícies minerais. Por muito tempo, acreditava-se que essas formações aceleravam o processo de erosão, potencialmente causando riscos para a integridade estrutural de construções como a Muralha da China.
Entretanto, a nova descoberta indica o contrário: a presença de biocrostas na estrutura pode ter contribuído para a sua proteção contra a erosão.
A Grande Muralha da China foi construída ao longo de vários séculos, começando aproximadamente em 221 AC. Pesquisas anteriores indicam que diferentes partes da parede foram feitas com materiais diferentes – principalmente taipa ou pedra.
A taipa é um material feito a partir da mistura de materiais orgânicos e inorgânicos — característica que a torna suscetível à erosão. Porém, a sua presença na muralha fez com que historiadores e especialistas questionassem o motivo de sua resistência através dos anos.
Portanto, começaram a analisar a biocrosta da construção. Os pesquisadores mediram a resistência mecânica e a estabilidade do solo das amostras. Eles também testaram partes da parede comparando diretamente aquelas cobertas por biocrostas e aquelas que foram diretamente expostas aos elementos.
Foi concluído que a biocrosta não é só mais forte que a taipa, mas também aproximadamente três vezes mais forte que o material. Isso, segundo o estudo, se dá devido à secreção de polímeros fortemente ligados resultante do crescimento da formação.
Além disso, a equipe de cientistas concluiu que, em vez de acelerar a erosão, as biocrostas têm retardado o processo, ajudando a preservar a estrutura.
“Nosso estudo destaca a contribuição das biocrostas para proteger uma grande parte da Grande Muralha da erosão natural. As biocrostas eram organismos dominantes que cobriam este monumento insubstituível e incomparável do património humano e proporcionavam maior estabilidade e menor erodibilidade em comparação com seções “nuas”. Este conhecimento é fundamental para compreender como as coberturas vivas influenciam a conservação a longo prazo de um dos mais importantes monumentos humanos alguma vez construídos”, diz o estudo.