O biodiesel é um combustível biodegradável cuja produção se dá a partir da reação de um óleo vegetal ou gordura animal com um álcool (etanol ou metanol) na presença de um catalisador. A origem do biodiesel remonta à origem do diesel em si e data de 1890, quando o inventor do motor a diesel, Rudolf Diesel, desenvolveu um combustível à base de óleo de amendoim. No entanto, devido aos interesses de mercado, a produção de diesel foi baseada no petróleo, retardando o desenvolvimento de tecnologias de produção de biodiesel, que só se tornaram alvo de estudos muito depois. O interesse no desenvolvimento de diesel a partir de óleos vegetais e gordura animal aumentou consideravelmente após os choques no preço do petróleo, na década de 1970, somada à necessidade de reduzir a poluição e as emissões atmosféricas de gases de efeito estufa que são liberados no processo de combustão de combustíveis fósseis.
O Brasil se encontra na terceira posição entre os maiores produtores mundiais de biodiesel, perdendo apenas para a Alemanha e para os Estados Unidos, respectivamente, mas tem potencial para se tornar o líder mundial. Atualmente, a única espécie cultivada no Brasil em escala suficiente para a exploração comercial do biodiesel é a soja, que corresponde a 80% da produção brasileira de biodiesel, sendo os 15% restantes produzidos a partir da gordura animal e os outros 5% a partir das demais oleaginosas, como mamona, dendê (óleo de palma), girassol, algodão e pinhão manso.
Geralmente, cada 100 kg de óleo reagem com 10 kg de álcool, gerando aproximadamente 100 kg de biodiesel e 10 kg de glicerina. Os usos do biodiesel variam muito, podendo ser usado desde a geração de energia elétrica em comunidades carentes até processos industriais, e também como combustível em caldeiras e em motores de veículos automotivos. O biodiesel é capaz de substituir total ou parcialmente o óleo diesel produzido a partir do petróleo, podendo ser usado em motores automotivos de caminhões, ônibus, tratores e automóveis, ou em motores estacionários, como geradores. Contudo, também pode ser misturado ao diesel convencional. Quando a mistura equivale a 2% de biodiesel, o combustível é denominado B2, de forma que essa mistura pode variar até que seja atingida a versão pura do biodiesel, o chamado B100.
Apesar da soja ser a principal matéria-prima do biodiesel brasileiro, ela não é cultivada com este intuito. Na realidade, o estímulo ao cultivo de soja é justificado pelo aumento da demanda de farelo proteico, que é incorporado em rações de bovinos, suínos e aves – como o consumo de carne e outros alimentos tende a aumentar junto com a população, essas plantações continuam crescendo. Além disso, outros fatores contribuem para que a soja lidere a produção de biodiesel, como o fato da cadeia produtiva da soja ser bem estruturada, contando com tecnologias de produção bem definidas, oferecendo retorno rápido.
As gorduras animais provenientes de abatedouros são outra alternativa, pois consistem em grandes quantidades de resíduos gordurosos de baixo custo e disponibilidade imediata em regiões agroindustriais. Além disso, a aplicação da gordura animal para a produção de biodiesel implica na redução dos impactos que seriam decorrentes do descarte incorreto desses materiais.
O Brasil produz em média 2,5 milhões de toneladas de gordura proveniente de abatedouros – materiais como sebo bovino, banha de porco, óleo de aves e de peixe. Todo esse material, se destinado para a produção do biodiesel, representa uma destinação mais “sustentável” para os resíduos do que o simples descarte.
O óleo de dendê, também conhecido como óleo de palma, é a oleaginosa com maior potencial de produção de óleo por hectare (podendo chegar a até dez vezes mais do que a soja); no entanto, enfrenta alguns entraves como o alto custo de implantação da lavoura e longo período de maturação, o que acarreta em um longo tempo de espera por retorno financeiro (de quatro a seis anos). Além disso, a região ideal para o cultivo é a amazônica, onde ocorrem problemas como a falta de mão-de-obra qualificada.
A mamona também apresenta maior potencial de produção por hectare em comparação com a soja, mas existem outros aspectos associados à produção de mamona que a tornam uma opção menos vantajosa do que a soja. A cadeia produtiva da mamona ainda está em processo de formação – o custo de produção é elevado e a produtividade das regiões nas quais existe o cultivo tem se mostrado baixa. Além disso, ao contrário do óleo de soja e do óleo de dendê, o óleo de mamona não é comestível.
O algodão é outra espécie vegetal possível para a produção de óleo vegetal e cujo processo produtivo está bem consolidado. Além disso, o algodão também é fonte de farelo proteico. Por que então o algodão não pode substituir a soja na produção de biodiesel? Porque o algodão também fornece a fibra, que é usada na indústria de tecidos e consiste no principal atrativo para esse cultivo.
No caso do Brasil, o processo mais utilizado para a obtenção do biodiesel é chamado transesterificação. Ele consiste em uma reação química estimulada pela ação de um catalisador, de óleos vegetais ou gorduras animais, com etanol ou metanol. Ocorre então a conversão do óleo ou gordura em esteres (biodiesel) pela mistura das moléculas de ácidos graxos (gordura) com álcool (etanol ou metanol). Assim, o objetivo do processo é alterar a estrutura molecular do óleo vegetal para transformá-lo em uma substância mais próxima do diesel original.
Além de ser atrativo do ponto de vista econômico por reduzir a dependência do país em relação aos combustíveis fósseis, sobretudo o petróleo, o biodiesel também é interessante do ponto de vista ambiental, pois é capaz de emitir 98% menos dióxido de carbono do que o petróleo. Portanto, o biodiesel é considerado um importante aliado no combate à emissão de gases do efeito estufa. Além disso, ele não é considerado tóxico, pois libera menos partículas de enxofre e não produz fumaça preta nem odor, sendo também favorável para garantir melhores condições de qualidade ambiental e saúde pública.
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