A biodiversidade urbana inclui toda a natureza presente nas cidades. Espaços verdes, como parques, praças e até jardins, são elementos essenciais para a manutenção da biodiversidade que habita ambientes urbanos.
Biodiversidade é o termo utilizado para definir todo o tipo de vida presente no planeta Terra, e se refere à diversidade biológica. Falar sobre biodiversidade é descrever toda a riqueza de espécies de animais, de vegetais e de microrganismos existentes no planeta, seus genes e os ecossistemas que constituem.
Essa riqueza de espécies está presente, inclusive, em áreas urbanas, apesar de enfrentar dificuldades. A biodiversidade urbana pode passar despercebida para algumas pessoas, mas ela é vital para manter o equilíbrio dos ecossistemas presentes nas cidades.
A biodiversidade urbana é o conjunto de todos os seres vivos que habitam os espaços urbanos. Isso inclui toda a fauna e flora presentes nas cidades, seus ecossistemas (aquáticos ou terrestres) e os processos ecológicos existentes.
É essencial, para a população que vive nas regiões metropolitanas, ter consciência da natureza a seu redor, inclusive, atuando na conservação e interagindo de maneira positiva com a fauna e flora presentes nas cidades. Isso porque a natureza é responsável pelo equilíbrio ambiental e a sustentabilidade da vida no planeta.
Nesse sentido, uma abordagem como a rewilding (renaturalização) pode ser bastante eficiente. A técnica consiste na reintrodução de espécies em ambientes naturais, ainda que degradados, inclusive ambientes urbanos.
De acordo com a Rewilding Europe, o rewilding é um método de conservação que permite que a própria natureza se restaure. Dessa forma, a inserção de animais e insetos em ecossistemas danificados é uma forma de reparação, no tempo natural, aumentando a biodiversidade.
Um estudo, realizado por pesquisadores de sete países, mostrou que as cidades podem desempenhar um papel crucial na conservação de espécies que compõem a biodiversidade urbana. Isso porque algumas medidas, que envolvem iniciativas de preservação, além do planejamento urbano, considerando a integração do meio ambiente, podem se tornar ferramentas eficazes na gestão da biodiversidade, por parte da população.
De acordo com os pesquisadores, que revisaram estudos desde o início da década de 1990, a conservação e a gestão da biodiversidade urbana impõem que haja um conhecimento sobre as espécies, incluindo seus padrões. Dessa forma, é possível conhecer os processos ecológicos de cada uma, incluindo a maneira como se adaptam aos ecossistemas urbanos.
Outro estudo, publicado pela British Ecological Society, aponta que a urbanização, por conta das mudanças do uso da terra, é considerada uma das principais preocupações do século 21. A rapidez e a abundância de construções, além de transformar permanentemente os ambientes, destruindo habitats, é responsável pela extinção de espécies nativas. Além disso, o aumento de espécies não nativas é outro elemento problemático. A soma desses fatores resulta no que os pesquisadores chamam de homogeneização biótica.
Como consequência, a perda de serviços ecossistêmicos fica evidente e, com isso, benefícios importantes para a sustentabilidade das cidades, como a regulação do clima e a diminuição de eventos extremos, como ondas de calor ou chuvas extremas, desaparecem.
Além dos efeitos relacionados ao ambiente, a presença da natureza no dia a dia causa efeitos positivos no bem estar e na saúde mental da população. Alguns desses efeitos estão relacionados à diminuição do estresse e a sensação de pertencimento. Sua ausência está relacionada a diversas questões que afetam a saúde.
O estudo destaca que a redução da diversidade dos microrganismos nos centros urbanos está relacionado com o aumento de alergias e problemas respiratórios, além de neurodermatites, que podem ser sentidas já na primeira infância.
Segundo a publicação, a arquitetura das cidades podem ser uma alternativa eco-friendly, capaz de manter e conservar a biodiversidade urbana aumentando, inclusive, a qualidade de vida da população.
De acordo com os pesquisadores, espaços arquitetônicos multiespécies podem ser compartilhados com humanos e toda a biodiversidade presente nos centros urbanos, de forma a diminuir as fronteiras das construções com os ambientes externos. Para isso, eles sugerem um novo design arquitetônico, chamado de “ecolope”.
Um ecolope é uma ‘envolvente’ de uma construção, projetada para abrigar e permitir o desenvolvimento de diferentes tipos de habitantes, além dos seres humanos: animais, vegetais e microrganismos.
A envolvente de um prédio, por exemplo, compõe paredes, janelas e telhados, ou seja, todos os elementos da construção usados para proteger os ambientes internos das condições do clima externo.
A intenção dos pesquisadores, com o conceito do ecolope, é transformar todas essas partes no que eles chamam de “espaço de vida multiespécie”. No entanto, uma série de variáveis são apontadas como determinantes para a natureza dinâmica do projeto. Questões sobre quais espécies de plantas e animais podem migrar para um ecolope, a interação entre as espécies, além da gestão humana, são fatores que devem ser levados em consideração.
O estudo afirma, ainda, que a criação de espaços multiespécies, como parte integrante de edificações, pode ser uma solução essencial para a construção de cidades mais sustentáveis, que integrariam, de fato, a biodiversidade urbana.
A preservação da biodiversidade nos centros urbanos e o contato com a natureza é fundamental, tanto para o desenvolvimento sustentável de uma região, quanto para a vida humana. A ausência desse contato pode causar déficits físicos e mentais nos habitantes, principalmente em crianças.
Um estudo, realizado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), analisou os efeitos nos aspectos emocionais, cognitivos e motores que o Transtorno de Déficit de Natureza (TDN) pode causar em crianças.
O termo surgiu, pela primeira vez, em 2005, no livro Last Child in the Woods, do estadunidense Richard Louv. O TDN é apontado como um fator significativo para problemas relacionados à dificuldade de aprendizagem, transtorno de déficit de atenção, hiperatividade, e questões de saúde, como obesidade, diabetes, miopia e deficiência de vitamina D, desencadeando outros distúrbios, inclusive emocionais, principalmente na infância. O TDN é identificado, principalmente, em habitantes dos centros urbanos.
A falta de contato com a natureza pode impactar negativamente no desenvolvimento das crianças, tanto físico como mental. Com o avanço e a facilidade proporcionados pela tecnologia, inúmeras pesquisas destacam que o distanciamento do mundo natural tem se tornado cada vez maior, e isso tende a modificar alguns aspectos importantes da sociedade.
O estudo ressalta que a formação de autopercepção, junto a percepção do mundo, ocorre nos primeiros anos de vida e que as conexões neurais, nessa fase, são a base da aprendizagem e responsáveis pelo desenvolvimento de funções básicas. São essas conexões que processam os estímulos sensoriais e isso torna as atividades que oferecem esse tipo de contato tão importante.
A convivência com ambientes naturais, além da sensação de bem estar, é capaz de despertar o imaginário infantil e faz com que a criança tenha contato com diversas sensações. Dentro de centros metropolitanos, parques e praças, compostos pela biodiversidade urbana, são imprescindíveis para o desenvolvimento infantil.
A pesquisa aponta que pequenas atitudes, como deixar a criança saborear frutas colhidas do pé, ter contato com a água, seja do mar, de rios ou ainda, da chuva, ouvir os sons que o vento proporciona nas folhas das árvores e as sensações causadas pelo toque na pele, são estímulos sensoriais essenciais para despertar as conexões neurais, que tendem a se fortalecer com o vínculo com a natureza.
Apesar da pesquisa ter focado no desenvolvimento infantil, vale lembrar que a ausência de contato com a natureza pode causar transtornos, de diversas ordens, em pessoas de qualquer idade. A natureza tem uma energia terapêutica e poderes curativos.
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