A bioeconomia na Amazônia tem grande potencial para o desenvolvimento sustentável da região. Porém, é preciso entender as necessidades locais e qual o modelo correto de bioeconomia que deve ser aplicado. Afinal, nem todos os modelos atendem a demanda do país e são completamente ecológicos dentro do cenário da floresta.
A Amazônia Legal, que se localiza dentro do território brasileiro, é cerca de 59% do país e abrange 775 municípios. De acordo com dados coletados pela Crawford School of Public Policy da Universidade Nacional da Austrália , em pé, essa região gera ao Brasil 7 trilhões de reais por ano. Isso significa que quando a floresta está saudável e sua biodiversidade é preservada, ela ainda consegue impactar positivamente a bioeconomia do país.
Para entender melhor como a bioeconomia na Amazônia pode desenvolver a região de maneira sustentável, é preciso saber sobre o que se trata o termo. O conceito de bioeconomia se refere ao “conhecimento que se preocupa com o consumo consciente, que busca o equilíbrio do meio ambiente e do uso dos recursos naturais”.
Devido ao crescimento do interesse das pessoas em consumir produtos de empresas ecologicamente corretas, a indústria tem se mostrado cada vez mais preocupada em manter boas práticas ambientais. É a partir daí que surge a bioeconomia, com a promessa de que o avanço financeiro do planeta seja alcançado ecologicamente.
Para saber mais sobre bioeconomia confira a matéria: “O que é bioeconomia? Entenda o conceito”.
A bioeconomia é um conceito recente que tem ganhado novas definições e prioridades em cada país que é aplicada. Em regiões como a Europa e a América do Norte, mais especificamente os Estados Unidos, o foco tem sido a Bioeconomia Biotecnológica e de Biorrecursos. Ou seja, o mais importante para essa sociedade é o desenvolvimento sustentável da tecnologia, e não a preservação da biodiversidade.
Nesses locais da Europa, a bioeconomia tem papel fundamental para reduzir consideravelmente as emissões de gases de efeito estufa produzidos pela indústria, que alimentam as mudanças climáticas. No caso dos Estados Unidos, o país foca na descoberta de novos medicamentos, variedades agrícolas, biocombustíveis — para mitigar o uso do petróleo — e a criação de tecnologias ecológicas.
A definição de bioeconomia não pode ser tida como algo único para todas as regiões do mundo. Isso porque cada país tem as suas necessidades de preservação e preocupações ambientais. Logo, nações que possuem uma grande biodiversidade socioambiental, com povos tradicionais e nativos, precisam que suas políticas bioeconômicas atendam os cuidados que essas comunidades necessitam.
No Brasil, a bioeconomia segue a linha de preservação da cultura socioambiental, principalmente quando se trata de regiões como a Amazônia. Assim como a definição do termo é variada no mundo, ela também é variada no país tropical, podendo ser desenvolvida de diversas formas. Alguns dos projetos de bioeconomia realizados por instituições do governo brasileiro que estão em funcionamento são:
Programa Bioeconomia Brasil: implementado em 2019, o programa é executado pelo Ministério da Agricultura, Abastecimento e Pecuária (Mapa). Ele tem como objetivo a ampliação da participação de pequenos agricultores, agricultores familiares, povos e comunidades tradicionais e seus empreendimentos na produção e arranjos econômicos que envolvem a bioeconomia.
Plataforma Biofuturo: liderada pelo Ministério de Relações Exteriores (MRE), a plataforma é voltada para desenvolvimento de bioenergia. Associada ao conceito de biorrecursos, o projeto visa o cultivo e processamento de biomassa para que seja gerada energia renovável.
Confederação Nacional da Indústria (CNI): responsável pela representação da indústria brasileira, a confederação segue a linha de raciocínio estadunidense quando se trata de bioeconomia. Para ela, o conceito é uma oportunidade de desenvolver uma nova indústria, que usa de fontes renováveis naturais para produzir combustível, commodities químicas de valor agregado, e aproveitamento de recursos madeireiros e não-madeireiros.
Programa Prioritário em Bioeconomia (PPBio): relacionado com a bioeconomia na Amazônia, o programa foi instituído sob coordenação do Ministério da Economia. A estratégia do programa é diversificar e impulsionar investimentos para a exploração econômica sustentável da biodiversidade amazônica. Desta forma, ele impulsiona oportunidades que podem movimentar diversos aspectos da economia regional da Amazônia.
Comunidades tradicionais, povos indígenas e movimentos sociais temem que nem todo tipo de bioeconomia se encaixe na Amazônia. O medo é de que o monocultivo geneticamente alterado traga problemas para essas populações, como sua desterritorialização ou desrespeito com sua cultura.
Um estudo sobre Amazônia 4.0, publicado pelo WRI Brasil, afirma que a bioeconomia ideal para a região inclui a preservação e valorização das culturas locais. Desta forma, é preciso que se mantenha a floresta em pé, sem desapropriação de terra ou expansão desenfreada do cultivo da pecuária e commodities como a soja.
Logo, grandes empresas que pretendem investir na região da Amazônia precisam prezar pelo desenvolvimento econômico das comunidades locais. Ou seja, é gerar investimentos em pequenas empresas locais, principalmente aquelas fundadas por povos tradicionais, e na mão de obra amazônica.
Para além da criação de tecnologia eco-friendly, é preciso entender que o desenvolvimento socioambiental da região é o futuro da bioeconomia na Amazônia. Desta forma, especialistas acreditam que o melhor conceito de bioeconomia para se aplicar na floresta tropical é o bioecológico. Afinal, a sua premissa preza pela conservação integral do bioma, que deve ser mantido livre de qualquer tipo de desmatamento.
Mas não é necessário apenas parar de desmatar, como também restaurar regiões que já foram degradadas pelo desmatamento e pela ambição humana. Os sistemas agroflorestais e pesquisa e a inovação da bioeconomia na Amazônia precisam levar em conta o conhecimento dos povos locais. Assim, será possível desenvolver tecnologia sustentável que atenda à demanda da floresta.
Exemplos de sucesso são as grandes empresas de cosméticos que compram os recursos naturais diretamente dos povos que vivem na Amazônia. Além de valorizar a economia local, essa atitude também gera empregos verdes para os moradores e povos nativos, valoriza os produtos agrícolas no âmbito nacional e internacional, incentiva a economia circular, conserva a biodiversidade e estimula a organização social.
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