Bioética, do grego bios (vida) + ethos (ética), é a ética da vida ou ética prática. Tem como lema a frase de Hipócrates, “primum non nocere” ou “primeiro, não prejudicar”. Além disso, o termo foi registrado pela primeira vez em 1970, pelo médico oncologista Van Rensselaer Potter, num artigo publicado pela Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos.
É um campo de estudo inter, multi e transdisciplinar que aborda questões da biologia, medicina, engenharia genética, filosofia, direito, ciências exatas, ciências políticas e do meio ambiente.
A bioética surgiu como uma área que tenta encontrar a melhor forma de resolver casos e dilemas que surgiram com o avanço da biotecnologia, da genética e dos próprios valores e direitos humanos. Isso sempre prezando a conduta humana e levando em conta todas as áreas do conhecimento que, de alguma forma, têm implicações em nosso dia a dia.
Exemplos de casos que envolvem bioética são as polêmicas e discussões sobre os seguintes temas:
A tomada de decisões em âmbito clínico na área (ética médica) acontece por meio de quatro princípios fundamentais. São eles: autonomia, beneficência, não-maleficência e justiça. Estes princípios foram apresentados por Beauchamp e Childress em sua obra Principles of Biomedical Ethics, de 1978. Eles são utilizados até os dias atuais para estruturar a forma como lidamos com problemas e dilemas éticos.
Nesse contexto, o exercício da enfermagem é de extrema importância. Pois deve se apegar a esse referencial de reflexão ética para nortear suas práticas, analisando-as em uma dimensão ou visão bioética.
A bioética desempenha um papel importante não apenas no campo científico e hospitalar, mas também na sociedade e no meio ambiente. Os princípios bioéticos estão presentes em nosso cotidiano, nas relações humanas e na forma como consumimos recursos naturais.
Ela promove uma reflexão sobre um modelo sustentável com respeito à dignidade de todos os seres vivos. Sendo assim uma aliada para pesquisas científicas e análise do atual modelo de desenvolvimento, visando à sustentabilidade para as futuras gerações.
Através da bioética, podemos adotar práticas sustentáveis, considerando a interdependência entre seres humanos e o meio ambiente. Adicionalmente, buscando soluções inovadoras que reduzam o consumo excessivo e promovam o equilíbrio ecológico.
Além dos aspectos mencionados anteriormente, a ecologia e a biodiversidade têm desempenhado um papel cada vez mais relevante nos debates sobre bioética. A conscientização sobre a importância da preservação dos ecossistemas e da proteção da diversidade biológica tem ganhado destaque. Isso, principalmente considerando a realidade brasileira, que abriga uma vasta quantidade de espécies e uma riqueza cultural única.
No entanto, é preciso reconhecer que o Brasil enfrenta desafios significativos quando se trata do manejo adequado da natureza em diferentes ecossistemas. A exploração irresponsável dos recursos naturais, impulsionada muitas vezes pela busca desenfreada por lucro, tem causado danos ambientais consideráveis. O desmatamento, a contaminação dos recursos hídricos e a perda de habitats têm colocado em risco a sobrevivência de diversas espécies e afetado negativamente os equilíbrios ecológicos.
Outro ponto de discussão acalorada nos debates bioéticos é o uso e as consequências do cultivo de produtos transgênicos. Esses organismos geneticamente modificados apresentam características específicas que visam melhorar a produtividade agrícola e a resistência a pragas e doenças. No entanto, preocupações surgem em relação aos impactos desses cultivos no meio ambiente e na saúde humana. Questões como a contaminação de espécies nativas, o desenvolvimento de resistência por parte de pragas e os possíveis efeitos adversos à saúde têm gerado debates éticos e científicos importantes.
Assim, a ecologia e a biodiversidade têm se inserido de maneira fundamental nos debates bioéticos. Pois a preservação ambiental e o uso responsável dos recursos naturais são elementos chave para garantir um futuro sustentável e equitativo.
É necessário promover a conscientização e a participação ativa da sociedade na discussão dessas questões. Dessa forma, buscando soluções que considerem tanto os aspectos éticos quanto os impactos ambientais e sociais envolvidos. Somente assim poderemos tomar decisões mais informadas e responsáveis em relação às interações entre a ciência, a tecnologia, a ecologia e a sociedade.
A bioética pode ser aplicada também quando falamos em estética. A reflexão por trás do assunto diz respeito à busca insistente na suposta “perfeição física”. Essa que é socialmente construída. Nesses casos, pessoas se submetem a procedimentos médicos com grandes riscos à saúde e ao bem-estar.
Esses são problemas e desafios que precisam ser enfrentados por todos os âmbitos da bioética. Pois cada avanço da biologia e das ciências da saúde traz consigo obstáculos sociais e psicológicos. Um exemplo disso é a pesquisa com embriões humanos. A área enfrenta problemas por ser um tema delicado que envolve tanto conceitos morais como o interesse científico e financeiro.
E esse é o papel da bioética. Tentar solucionar tais dilemas a partir de seus princípios, sabendo que não há apenas uma resposta que possa ser julgada correta. A busca da área é pelo equilíbrio justo entre a ciência e o respeito à vida (humana e não-humana).
Isso enquanto reconhece os benefícios que o avanço científico e biológico proporcionam. Mas também permanecendo alerta para os riscos que eles representam para a sociedade e para o meio ambiente.
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