O Brasil é formado por seis biomas de características distintas: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal. Cada um desses ambientes abriga diferentes tipos de vegetação e de fauna. Como a vegetação é um dos componentes mais importantes da biota, seu estado de conservação e de continuidade definem a existência ou não de habitats para as espécies, a manutenção de serviços ambientais e o fornecimento de bens essenciais à sobrevivência de populações humanas.
Um bioma pode ser definido como um “conjunto de vida vegetal e animal, constituído pelo agrupamento de tipos de vegetação contíguos e que podem ser identificados a nível regional, com condições de geologia e clima semelhantes e que, historicamente, sofreram os mesmos processos de formação da paisagem, resultando em uma diversidade de flora e fauna própria”, de acordo com o IBGE.
De maneira geral, pode-se dizer que os biomas são grandes espaços geográficos que compartilham as mesmas características físicas, biológicas e climáticas, abrigando um grande número de espécies de plantas e animais.
O bioma amazônico é constituído por vários tipos de vegetação, incluindo floresta de terra-firme, floresta de igapó, floresta pluvial tropical, caatingas do Rio Negro, savana arenosa e campos rupestres. Ele possui 3,68 milhões de km2 e fica localizado na maior bacia hidrográfica do mundo, a do rio Amazonas, que abrange 42% do território brasileiro.
Esse bioma brasileiro é conhecido por deter a maior diversidade do planeta. Estima-se que a floresta amazônica abriga 50 mil espécies de plantas, 3 mil espécies de peixes e 353 de mamíferos, dos quais 62 são primatas. Para se ter uma ideia, há mais espécies vegetais em um hectare de floresta amazônica do que em todo o território europeu.
Além de apresentar grande biodiversidade, o bioma amazônico também possui extrema importância para a estabilidade ambiental do Planeta. Em suas florestas estão fixadas mais de uma centena de trilhões de toneladas de carbono. Sua massa vegetal libera em torno de sete trilhões de toneladas de água anualmente para a atmosfera, através da evapotranspiração, e seus rios descarregam cerca de 20% de toda a água doce que é despejada nos oceanos pelos rios existentes no globo terrestre.
Esses mananciais detêm potencial hidrelétrico de fundamental importância para o País, além de vastos recursos pesqueiros e potencial para a aquicultura. Além de sua reconhecida riqueza natural, esse bioma brasileiro abriga expressivo conjunto de povos indígenas e populações tradicionais que incluem seringueiros, castanheiros, ribeirinhos, babaçueiros, entre outros, que lhe conferem destaque em termos de diversidade cultural.
Riscos para a biodiversidade nas florestas amazônicas incluem desmatamento, exploração madeireira, queimadas, fragmentação, mineração, extinção da fauna, invasão de espécies exóticas, tráfico de animais silvestres e mudanças climáticas. Por isso, é fundamental que políticas públicas sejam implantadas para preservar os recursos naturais e a riqueza desse bioma brasileiro.
O bioma Caatinga está presente em cerca de 11% do território brasileiro, ocupando parte da Região Nordeste e a porção norte de Minas Gerais. O nome dado a esse bioma tem origem indígena e significa “floresta branca”, que remete às características dessa vegetação ao longo da estação seca. Por apresentar baixos índices pluviométricos, a Caatinga é considerado o bioma brasileiro mais seco.
Segundo estudos, a Caatinga é um bioma exclusivamente brasileiro, o que significa que a maioria de suas espécies é endêmica, ocorrendo somente em uma determinada área. A flora desse bioma brasileiro varia de acordo com as características locais, como particularidades do solo e índice pluviométrico, sendo mandacaru, juazeiro, umbu e xiquexique as espécies de plantas mais conhecidas da região.
A fauna da Caatinga é composta por cerca de 79 anfíbios, 177 espécies de répteis, 178 mamíferos, 241 peixes, 221 espécies de abelhas e 591 espécies de aves. Os principais animais representantes desse bioma brasileiro são jacaré-do-papo-amarelo, cágado, jiboia, ararinha-azul e soldadinho-do-araripe.
Apesar de ser fundamental para a manutenção das características climáticas locais e globais e possuir grande biodiversidade, esse bioma brasileiro tem sido desmatado de forma acelerada devido ao consumo de lenha nativa, explorado de forma ilegal e insustentável, para fins domésticos e indústrias, ao sobrepastoreio e à conversão para pastagens e agricultura. Frente ao avançado desmatamento, o governo busca criar mais unidades de conservação federais e estaduais na Caatinga, além de promover alternativas para o desenvolvimento sustentável.
O Cerrado é considerado a segunda maior formação vegetal brasileira em extensão. Caracterizado como vegetação de savana na classificação internacional, esse bioma estende-se por cerca de dois milhões de quilômetros quadrados, representando 22% do território brasileiro. Por estar em uma área de transição com outros biomas, o Cerrado apresenta fitofisionomias variadas. Ao norte, faz divisa com o bioma Amazônia; a leste e a nordeste, com a Caatinga; a sudoeste com o Pantanal; e a sudeste com a Mata Atlântica.
As formações florestais desse bioma brasileiro são resultado de uma mistura de fatores temporais e espaciais. Na escala temporal, grandes alterações climáticas e geomorfológicas teriam causado expansões e retrações das florestas úmidas e secas da América do Sul, dando origem ao Cerrado. Já na escala espacial, essas formações seriam influenciadas por variações locais na hidrografia, topografia, profundidade do lençol freático e fertilidade e profundidade dos solos.
O Cerrado possui uma grande variedade biológica. Apresenta cerca de 837 espécies de aves, 185 espécies de répteis, 194 espécies de mamíferos e 150 anfíbios. Os principais representantes da fauna do Cerrado são tucano, tamanduá-bandeira, lobo-guará, onça-parda e veado-campeiro. Apesar da grande variedade, a fauna desse bioma brasileiro não é totalmente conhecida, principalmente em relação ao grupo de invertebrados.
Em relação à flora, estudiosos estimam que há cerca de dez mil espécies de vegetais que já passaram por identificação. Muitas espécies são usadas para fins medicinais e para alimentação. Os principais representantes da flora do Cerrado são ipê, cagaita, angico, jatobá, pequi e barbatimão.
Apesar da riqueza biológica desse bioma brasileiro, diversas espécies de plantas e animais correm risco de extinção. Estima-se que 20% das espécies nativas e endêmicas já não ocorram em áreas protegidas e que pelo menos 137 espécies de animais típicas do Cerrado estão ameaçadas de extinção. Depois da Mata Atlântica, o Cerrado é o bioma brasileiro que mais sofreu alterações com a ocupação humana, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente.
A Mata Atlântica é um bioma brasileiro composto por diferentes formações vegetais e ecossistemas associados, que se destaca por sua grande biodiversidade. Hoje, devido a diversas atividades antrópicas na região, resta apenas 12,4% da floresta que existia originalmente, de acordo com dados da Fundação SOS Mata Atlântica. Por isso, políticas públicas que incentivem a conservação da Mata Atlântica e protejam os povos tradicionais que vivem nesse bioma são de extrema importância para a sua manutenção e sobrevivência.
Mesmo reduzida e muito fragmentada, estima-se que a Mata Atlântica possua cerca de vinte mil espécies vegetais (35% das espécies existentes no Brasil). Se comparada com a Floresta Amazônica, a Mata Atlântica apresenta, proporcionalmente ao seu tamanho, maior diversidade biológica.
Estudos realizados no Parque Estadual da Serra do Conduru, no sul da Bahia, mostraram uma diversidade de 454 espécies de árvores por hectare, número que superou o recorde de 300 espécies por hectare registrado na Amazônia peruana em 1986. Esses dados podem comprovar que a Mata Atlântica ocupa a maior diversidade de árvores do mundo por unidade de área.
Em relação à fauna, existem diversas espécies endêmicas, ou seja, que não podem ser encontradas em nenhum outro lugar do mundo. A Mata Atlântica conta com aproximadamente 850 espécies de aves, 370 espécies de anfíbios, 200 espécies de répteis, 270 espécies de mamíferos e 350 espécies de peixes. Os principais representantes da fauna são micos, tamanduás, tucanos, jaguatiricas, rãs, onças-pintadas e bichos-preguiça.
No entanto, várias dessas espécies animais e vegetais estão ameaçadas de extinção. Além do pau-brasil, existem outras 276 espécies vegetais desse bioma brasileiro na lista oficial de espécies ameaçadas, entre elas o palmito-juçara, a araucária e várias orquídeas e bromélias. Entre os animais terrestres, são 185 vertebrados em risco, sendo 118 aves, 16 anfíbios, 38 mamíferos e 13 répteis. Vale ressaltar que grande parte dessas espécies ameaçadas é endêmica, como o muriqui-do-sul, o muriqui-do-norte e o papagaio-da-cara-roxa.
O bioma Pantanal é considerado uma das maiores planícies alagadas do mundo, abrangendo os estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Ele é o menor bioma brasileiro em extensão territorial, ocupando cerca de 2% do território nacional. O Pantanal também abriga a bacia hidrográfica do Rio Paraguai, que é alimentada pelos rios Paraguai, Cuiabá, São Lourenço e Miranda. No período das cheias, boa parte da planície pantaneira fica alagada, fazendo com que o solo não seja capaz de absorver toda a água.
O Pantanal sofre influência direta de três importantes biomas brasileiros: Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica. Além disso, ele sofre influência do bioma Chaco (nome dado à região do Pantanal localizada no norte do Paraguai e leste da Bolívia). Uma característica interessante desse bioma é que muitas espécies ameaçadas em outras regiões do Brasil persistem com populações avantajadas na região, como é o caso do tuiuiú – ave símbolo do Pantanal.
Estudos indicam que esse bioma brasileiro abriga 263 espécies de peixes, 41 espécies de anfíbios, 113 espécies de répteis, 463 espécies de aves e 132 espécies de mamíferos, sendo 2 endêmicas. Segundo a Embrapa Pantanal, quase duas mil espécies de plantas já foram identificadas no bioma e classificadas de acordo com seu potencial, que em alguns casos é medicinal. A maioria dessas plantas provém de outros biomas, com raras espécies endêmicas. Alguns exemplos da flora do Pantanal são: vitória-régia, aguapé, orquídea, palmeira e figueira.
A principal atividade antrópica presente no Pantanal é a agropecuária. Junto com os garimpos, a prática têm tido forte participação no desmatamento e no assoreamento de rios. Os agrotóxicos usados nas lavouras, a caça predatória, a pesca ilegal e, em menor escala, o contrabando, também ameaçam esse bioma brasileiro.
O Pampa é o único bioma brasileiro presente em apenas uma unidade federativa. Localizado no estado do Rio Grande do Sul, o Pampa ocupa cerca de 2% do território brasileiro. Esse termo faz parte do vocabulário indígena quéchua e significa “região plana”. A paisagem desse bioma brasileiro é composta, em sua maioria, por campos nativos.
Por ser um conjunto de ecossistemas muito antigos, o Pampa apresenta flora e fauna próprias e grande biodiversidade, ainda não completamente descrita pela ciência. Estima-se que a região abrigue algo em torno de três mil espécies de plantas, com notável diversidade de gramíneas. Nas áreas de campo natural, também se destacam as espécies de leguminosas, como a babosa-do-campo, o amendoim-nativo e o trevo-nativo. Já nas áreas de afloramentos rochosos podem ser encontradas muitas espécies de cactáceas.
A fauna desse bioma brasileiro é expressiva: são quase 500 espécies de aves, dentre elas a ema, o perdigão, a perdiz, o quero-quero, o caminheiro-de-espora, o joão-de-barro, o sabiá-do-campo e o pica-pau do campo. Também ocorrem mais de 100 espécies de mamíferos terrestres, incluindo o veado-campeiro, o graxaim, o zorrilho, o furão, o tatu-mulita, o preá e várias espécies de tuco-tucos.
O Pampa abriga um ecossistema muito rico, com muitas espécies endêmicas, tais como tuco-tuco, o beija-flor-de-barba-azul, o sapinho-de-barriga-vermelha e algumas ameaçadas de extinção, como o veado campeiro, o cervo-do-pantanal, o caboclinho-de-barriga-verde e o picapauzinho-chorão.
As atividades econômicas desenvolvidas na região do Pampa – agricultura e pecuária – são as principais responsáveis pelo desmatamento e degradação desse bioma brasileiro. O resultado é o desaparecimento de espécies nativas, aumento do processo de arenização do solo, bem como a invasão de espécies que levam ao desequilíbrio do ecossistema.
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