O primeiro-ministro da Austrália assinou um decreto que retira a classificação da biomassa derivada da lenha nativa do país como uma fonte de energia renovável. A decisão foi tomada em 15 de dezembro de 2022 e reverte uma ação do governo anterior — feita em 2015.
De acordo com Chris Bowen, o ministro das Mudanças Climáticas e Energia do país, a decisão se baseou nos pedidos da população. Meses antes, o Partido Trabalhista da Austrália teria prometido considerar a revogação do título como recomendado por uma comissão do Senado.
A justificativa, além das considerações anteriores, foi de que a queima de biomassa não ajudaria a Austrália a atingir a sua meta de energia renovável. De fato, essa queima é responsável pela liberação de mais emissões de carbono do que a queima de carvão para o mesmo propósito.
A biomassa é toda matéria orgânica de origem vegetal ou animal usada com a finalidade de produzir energia.
Na Austrália, a biomassa é, principalmente, derivada de resíduos de madeira nativa. Em geral, o direito de queima do material restante da exploração madeireira para criar certificados de energia renovável não era usado com frequência. No entanto, grupos conservacionistas acreditam que a permissão poderia agir como um incentivo para a destruição de florestas nativas. Uma das preocupações do Partido Trabalhista era, por exemplo, de que a biomassa derivada da madeira nativa seria usada por proprietários de usinas como um complemento ao uso do carvão.
Janet Rice, representante do Partido Verde do país, acredita que a decisão pode ajudar na luta contra a crise climática, além de ser benéfica para as florestas nativas e para o incentivo de outras fontes de energia renovável.
“Queimar madeira de florestas nativas para obter energia é um desastre para o meio ambiente (…) O [Partido Verde] lutou muito para acabar com essa farsa, e estamos felizes que o governo tenha trabalhado conosco e ouvido a comunidade que fez campanha arduamente para acabar com esse absurdo”, disse em pronunciamento.
Outros grupos conservacionistas apoiaram a decisão do governo australiano, como o Australian Conservation Foundation. Suzanne Harter, ativista climática da fundação, reforça, também, que a Austrália Oriental foi recentemente destacada como um hotspot global de desmatamento: “Políticas governamentais não devem encorajar mais desmatamento.”, disse à favor da decisão.
Em contrapartida, o Australian Forest Products Association acredita que a decisão do governo australiano é resultante da pressão de grupos anti-silvicultura, e de que o país não deveria parar de investir em fontes de energia renovável.
Até então, a biomassa ainda é vista como uma fonte de energia renovável em outros países. Nações florestais, como o Canadá, por exemplo, estão trabalhando para uma maior produção de pallets de madeira com o objetivo de fornecê-los como fonte de energia renovável para usinas de biomassa ao redor do mundo.
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