O bioplástico PHA é um alternativa bastante otimista e vantajosa, mas não é a única solução
O bioplástico PHA, também chamado de polihidroxialcanoato, tem se mostrado a alternativa do futuro para os plásticos. Isso porque o biopolímero de bioplástico PHA é biodegradável em determinadas condições e pode ser produzido a partir de fontes renováveis como cepas de bactérias e lixo orgânico, sendo capaz de capturar gases do efeito estufa em sua produção.
O bioplástico PHA é um material muito flexível e atóxico. Ele pode ser utilizado em diversas aplicações, como em materiais de plástico duráveis, sacolas, embalagens de cosméticos, talheres, pratos, implantes médicos, entre outros.
Como é produzido o bioplástico de polihidroxialcanoato (PHA)
O bioplástico de polihidroxialcanoato (PHA) pode ser produzido de diferentes maneiras. Uma das formas de produção dos biopolímeros de PHA é a partir da limitação de nutrientes essenciais de determinadas bactérias, como oxigênio e nitrogênio, o que promove o crescimento de PHA – grânulos de plástico – dentro de suas células. Esse PHA funciona para essas bactérias como reserva de alimento e energia.
Outra forma de produzir o bioplástico PHA é utilizando bactérias que não requerem limitação de nutrientes e produzem PHA no interior de suas células a partir de estímulos de crescimento acelerado. O bioplástico PHA produzido por ambos os tipos de bactérias pode, então, ser coletado e sintetizado por meio de técnicas de engenharia genética.
Esses formatos de produção de bioplástico PHA, no entanto, foram desacreditados por conta de seus altos custos de produção, baixos rendimentos e pouca competitividade com os plásticos (ou bioplásticos) de origem petroquímica.
Entretanto, foram descobertas bactérias capazes de produzir bioplástico PHA a partir de uma variedade de fontes de carbono, incluindo resíduos de efluentes, óleos vegetais, ácidos graxos, alcanos e carboidratos simples. O que ampliou enormemente suas vantagens – por exemplo, o uso de materiais residuais como fonte de carbono para a produção de PHA teria o duplo benefício de reduzir o custo do bioplástico PHA e reduzir o custo do descarte de resíduos.
Em 2013, uma empresa americana anunciou que refinou ainda mais o processo, removendo a necessidade de açúcares, óleos, amidos ou celulose, usando um “biocatalisador” derivado de micro-organismos que convertem ar misturado com gases de efeito estufa, como metano ou CO2 em bioplástico.
Estudos mais aprofundados estão utilizando os genes dessas bactérias e inserindo-os em pés de milho, que então cultivam o bioplástico PHA em suas próprias células. Entretanto, essa produção é baseada em pés de milho geneticamente modificados; e a transgenia tem sido um tema frequentemente associado ao desrespeito ao Princípio da Precaução, entre outros problemas. Você pode entender melhor esse tema dando uma olhada nas matérias:
Em contrapartida, a empresa Full Cycle Bioplastics desenvolveu uma tecnologia capaz de produzir bioplástico PHA a partir de lixo orgânico, utilizando bactérias não modificadas geneticamente, ou melhor dizendo, não transgênicas.
A produção a partir de lixo orgânico utilizando bactérias não modificadas geneticamente que dá origem ao bioplástico PHA biodegradável (em certas condições) ainda possui os benefícios de capturar gases do efeito estufa produzidos pela decomposição do lixo orgânico, reduzindo sua emissão – que é a terceira maior fonte de produção de gases do efeito estufa de origem antrópica.
A vantagem é que a tecnologia desenvolvida pela Full Cycle permite que o bioplástico PHA substitua uma ampla gama de plásticos convencionais, tem um preço competitivo e, devido à possibilidade de biodegradação, vai ao encontro de uma economia sustentável e circular.
O bioplástico PHA é o plástico do futuro?
Tendo em vista que praticamente todo o plástico já desenvolvido pela humanidade ainda existe e que a cada ano cerca de um terço do plástico fabricado polui diretamente o solo, o oceano e entra na cadeia alimentar, os bioplásticos PHA têm se mostrado uma alternativa para o desenvolvimento da humanidade com um viés mitigatório, e não como solução única para o problema dos plásticos.
Para um desenvolvimento efetivo é preciso repensar o consumo
Em conjunto com o desenvolvimento dos bioplásticos, é preciso reduzir o consumo, aumentar a reutilização e a reciclagem do plástico. Essas ações vão ao encontro do que prega a economia circular. Outras alternativas, como designs que permitam um melhor desempenho do plástico, também são necessárias. As ações propostas pela Fundação Ellen MacArthur também caminham no sentido de um retorno circular do plástico. Para entender melhor esse tema, dê uma olhada na matéria:
Descarte corretamente
Para reduzir o lixo plástico consumido, o primeiro passo é praticar o consumo consciente, ou seja, repensar e reduzir o seu consumo. Já pensou em quantos itens supérfluos utilizamos no dia a dia que poderiam ser evitados?
Por outro lado, quando não for possível evitar o consumo, a saída é optar pelo consumo o mais sustentável possível e pela reutilização e/ou reciclagem. Mas nem tudo é reutilizável ou reciclável. Nesse caso, realize o descarte corretamente. Confira quais são os postos de coleta mais próximos de sua casa no mecanismo de busca gratuito do Portal eCycle.
Mas lembre-se: mesmo com o descarte correto, é possível que o plástico escape para o ambiente, então consuma com consciência.