Bioplástico feito a partir de lixo é a solução?

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O bioplástico PHA, também chamado de polihidroxialcanoato, é muito vantajoso, pois é um biopolímero que, além de se biodegradar, pode ser feito a partir de fontes renováveis como cepas de bactérias e lixo orgânico, sendo capaz de capturar gases do efeito estufa em sua produção. Entretanto, se descartado de maneira incorreta, pode vir a causar os mesmos danos do plástico convencional.

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Os bioplásticos PHA são materiais muito flexíveis, e atóxicos, e possuem diversas aplicações como plásticos duráveis, sacolas, embalagens de cosméticos, talheres, pratos, implantes médicos, entre outras.

Como são produzidos os bioplásticos PHA

Os bioplásticos de polihidroxialcanoato (PHA) podem ser fabricados de formas distintas.

Uma das maneiras de fabricação dos biopolímeros de PHA se dá a partir da limitação de nutrientes essenciais de determinadas bactérias, como oxigênio e nitrogênio, que promove o crescimento de PHA – grânulos de plástico – dentro de suas células, como reservas de alimento e energia.

Outro meio de produção dos bioplásticos PHA é utilizar outro tipo de bactéria que não requer limitação de nutrientes e produz PHA no interior de suas células a partir de estímulos de crescimento.

Os bioplásticos PHA produzidos por ambos tipos de bactérias podem, então, ser coletados e sintetizados por meio de técnicas de engenharia genética.

Esses formatos de produção de bioplásticos PHA foram inviabilizados devido ao seu alto custo de fabricação, baixo rendimento e pouca competitividade com o plástico (ou bioplásticos) de origem petroquímica.

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Em contrapartida, foram descobertas bactérias capazes de produzir bioplásticos PHA a partir de uma variedade de fontes de carbono, incluindo resíduos de efluentes, óleos vegetais, ácidos graxos, alcanos e carboidratos simples, o que ampliou as vantagens do bioplástico PHA.

O processo de produção de bioplásticos PHA foi ainda mais refinado. Uma empresa americana anunciou que o bioplático PHA poderia ser fabricado sem a utilização de açúcares, óleos, amidos ou celulose, usando um “biocatalisador” derivado de micro-organismos que convertem ar misturado com gases de efeito estufa, como metano ou dióxido de carbono em bioplástico

Estudos mais aprofundados utilizam os genes dessas bactérias e as inserem em pés de milho, que então cultivam o bioplástico PHA em suas próprias células. Entretanto, essa produção é baseada em pés de milho transgênicos; e a transgenia tem sido um tema frequentemente associado ao desrespeito ao Princípio da Precaução, entre outros problemas. Você pode entender melhor esse tema dando uma olhada nas matérias: “Meio ambiente pede alerta para o princípio da precaução” e “Milho transgênico: entenda os riscos e benefícios“.

Entretanto, a empresa Full Cycle Bioplastics desenvolveu uma tecnologia capaz de fabricar bioplásticos PHA a partir de lixo orgânico utilizando bactérias não modificadas geneticamente, ou melhor dizendo, não transgênicas.

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A produção a partir de lixo orgânico utilizando bactérias não modificadas geneticamente que dá origem aos bioplásticos PHA biodegradáveis (em certas condições) e ainda possui os benefícios de capturar gases do efeito estufa produzidos pela decomposição do lixo orgânico, reduzindo sua emissão – que é a terceira maior fonte de produção de gases do efeito estufa de origem humana.

A vantagem é que a tecnologia desenvolvida pela Full Cycle permite que os bioplásticos PHA substituam uma ampla gama de plásticos convencionais, tem um preço competitivo e, devido à possibilidade de biodegradação, vai ao encontro de uma economia sustentável e circular.

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O bioplástico PHA é a solução?

Uma vez que praticamente todo o plástico já produzido ainda existe e que a cada ano cerca de um terço do plástico fabricado polui diretamente o solo, o oceano e entra na cadeia alimentar, o bioplástico PHA tem se mostrado vantajoso para o desenvolvimento da humanidade com um viés mitigatório, e não como uma única solução para o problema dos plásticos.

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Por outro lado, os bioplásticos podem trazer benefícios somente se descartados apropriadamente. Outra questão é que a variedade de rótulos (compostáveis, biodegradáveis, bioplástico, oxibiodegradável) pode confundir as pessoas sobre qual o melhor destino para cada tipo de plástico.

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A maioria dos plásticos compostáveis, como o bioplástico PHA, não pode simplesmente ser colocada no jardim ou na composteira, eles precisam ser enviados para uma instalação de compostagem industrial. No Brasil, esse tipo de instalação ainda não é viável.

Dessa forma, os bioplásticos podem causar os mesmos danos de plásticos comuns quando descartados incorretamente. Mesmo os plásticos rotulados como biodegradáveis ​​podem levar anos para se decompor e virar microplástico no mar, podendo ser confundidos com comida e ser ingeridos, causando danos à fauna aquática. Em outras palavras, os bioplásticos, biodegradáveis ou não, podem causar os mesmos danos que plásticos convencionais, só que durante menos tempo – no caso dos biodegradáveis. Por isso é preciso pensar na cadeia do plástico como um todo, e não apenas na mitigação de seus danos.

Qual é a solução para os plásticos?

Para um desenvolvimento efetivo é preciso repensar o consumo.

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Em conjunto do desenvolvimento dos bioplásticos, como é o caso do bioplástico PHA, é preciso reduzir o consumo, aumentar a reutilização e a reciclagem do plástico. Essas ações vão ao encontro do que prega a economia circular.

Outras alternativas como melhores designs que permitem um melhor desempenho do plástico, também são necessárias.

As ações propostas pela Fundação Ellen MacArthur também vão ao encontro da ideia de retorno circular do plástico. Para entender melhor esse tema dê uma olhada nas matérias: “New Plastics Economy: a iniciativa que repensa o futuro dos plásticos” e “O que é Economia Circular?“.

É preciso eliminar, ao máximo possível, a cultura dos descartáveis. Nesse sentido, talvez, os bioplásticos biodegradáveis não sejam uma real solução, pois em sua produção é demandada energia e – caso fossem bioplásticos feitos a partir de fontes renováveis mas duráveis (isto é, não biodegradáveis), pudessem reentrar na cadeia de produção como recicláveis, economizando energia.

Descarte corretamente

Independente se o plástico for bioplástico ou não, para reduzir a produção de lixo é preciso praticar o consumo consciente, ou seja, repensar e reduzir o seu consumo. Já pensou em quantos supérfluos utilizamos no dia a dia que poderiam ser evitados? Um exemplo nesse sentido é o caso dos canudinhos de plástico.

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Por outro lado, quando não for possível evitar o consumo, a saída é optar pelo consumo o mais sustentável possível e pela reutilização e/ou reciclagem. Mas nem tudo é reutilizável ou reciclável. Nesse caso, realize o descarte corretamente. Confira quais são os postos de coleta mais próximos de sua casa nos mecanismos de busca do Portal eCycle.

Mas lembre-se: mesmo com o descarte correto é possível que o plástico escape para o ambiente, então consuma com consciência.

Para saber como reduzir o seu consumo de plásticos, dê uma olhada na matéria: “Como reduzir o lixo plástico no mundo? Confira dicas indispensáveis“.

Para saber como consumir de maneira mais sustentável, veja a matéria: “O que é consumo sustentável?“. Deixe sua pegada mais leve.

Equipe eCycle

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