O termo biotecnologia se refere a qualquer aplicação tecnológica que utilize sistemas biológicos, organismos vivos ou seus derivados para fabricar ou modificar produtos ou processos para utilização específica, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). Ela possui o intuito de promover o aprimoramento de técnicas em vários setores da sociedade, como na indústria, na saúde e no meio ambiente.
Acredita-se que os povos da antiguidade já utilizavam micro-organismos na preparação de bebidas e alimentos. Com a evolução das tecnologias, o uso de mecanismos biológicos no combate à fome, doenças e na produção de energia sustentável tornaram-se cada vez mais comuns.
As técnicas de biotecnologia tiveram início por volta de 6.000 a.C. com os processos de fermentação para produção de bebidas alcoólicas. Posteriormente, essa prática também passou a ser utilizada para a fabricação de pães, queijos e iogurtes. No século XVII, o pesquisador Anton Van Leeuwenhoek descobriu a existência de seres minúsculos através do microscópio, mas apenas em 1876, Louis Pasteur provou que esses micro-organismos eram os causadores da fermentação.
Com isso, a partir de 1850 surgem novas áreas do conhecimento. Nasce a Microbiologia, a Imunologia, a Bioquímica e a Genética. A Química Industrial desenvolve-se de forma acelerada e aumenta, também, a intervenção da Engenharia Agrícola e da Pecuária no gerenciamento do campo. Em 1914, o engenheiro agrícola Karl Ereky desenvolve um plano de criação de suínos visando substituir as práticas tradicionais por uma indústria agrícola capitalista baseada no conhecimento científico.
Deve-se a Ereky a primeira definição de biotecnologia, como “a ciência e os métodos que permitem a obtenção de produtos a partir de matéria-prima, mediante a intervenção de organismos vivos”.
O século XX conta com um desenvolvimento admirável da ciência e da tecnologia. Da junção de ambas resultam logros em vários setores produtivos, onde os seres vivos constituem a base de itens tão diversos como a fabricação de novos alimentos, o tratamento do lixo, a produção de enzimas e os antibióticos.
A proposta de um modelo helicoidal para a molécula de DNA representa um marco fundamental na história da Biologia Molecular. Mas a divisória entre a biotecnologia tradicional e a biotecnologia moderna é uma série de experiências realizadas por H. Boyer e S. Cohen que culmina em 1973 com a transferência de um gene de sapo a uma bactéria. A partir desse momento é possível alterar o programa genético de um organismo transferindo-lhe genes de outra espécie.
Nessa transição, a Engenharia Genética ocupou um lugar de destaque como tecnologia inovadora do século XX. Os estudos da genética, da biologia molecular e celular deram suporte para o desenvolvimento da engenharia genética – tecnologia que controla o DNA recombinante das espécies. Essa inovação permite a criação dos transgênicos.
Os transgênicos são organismos que sofrem modificações artificiais no seu código genético. Os alimentos transgênicos, por exemplo, derivam de sementes e plantas cuja as configurações foram alteradas com o objetivo de suprir as demandas das plantações e dos compradores.
A biotecnologia abrange uma área ampla do conhecimento que decorre da ciência básica (biologia molecular, microbiologia, biologia celular e genética), da ciência aplicada (técnicas imunológicas e bioquímicas, assim como técnicas decorrentes da física e da eletrônica), e de outras tecnologias (fermentações, separações, purificações, informática, robótica e controle de processos). Trata-se de uma rede complexa de conhecimentos na qual ciência e tecnologia se entrelaçam e se complementam.
Na tentativa de relacionar as funcionalidades da biotecnologia em cada setor, estudiosos passaram a classificá-la em cores.
Saiba mais sobre as principais áreas de aplicação da biotecnologia:
Na área da saúde, a biotecnologia elabora antibióticos e sintetiza substâncias capazes de suprir a falta de moléculas importantes para o bom funcionamento do corpo humano.
Além disso, a biotecnologia permite avanços da terapia celular por meio da utilização de moléculas, o transporte com órgãos de animais alterados geneticamente, uso de células-tronco para combater doenças degenerativas, geração de vacinas, anticorpos e hormônios em laboratório.
Na área agrícola, a biotecnologia colabora para a criação de sementes e plantas transgênicas capazes de resistir a agrotóxicos e pesticidas. A tecnologia aplicada à biologia também é utilizada na pecuária para a geração de embriões de animais modificados com o objetivo de aprimorar as técnicas de transplante e testar novos medicamentos.
Nas indústrias, a biotecnologia cria ferramentas biológicas que intensificam a produção e fabrica combustíveis renováveis a partir dos resíduos. Dessa maneira, ela contribui para a redução da exploração de recursos naturais poluidores e diminuição de gases tóxicos na atmosfera.
A indústria química também utiliza a biotecnologia para a fabricação de cetonas, álcoois, proteínas de tecidos e fabricação de fibras sintéticas de roupas.
A biotecnologia contribui para melhorar as condições ambientais e controlar a degradação gerada pelo ser humano. Micro-organismos são criados com a proposta de tratar as águas poluídas por rejeitos de empresas e esgotos. A extinção das espécies também é controlada pelo conhecimento do código genético dos seres vivos.
No Brasil, programas de apoio à biotecnologia surgiram na década de 1980. Um exemplo foi a criação do Fundo Setorial de Biotecnologia que tem como foco “promover a formação e capacitação de recursos humanos, fortalecer a infraestrutura nacional de pesquisas e serviços de suporte, expandir a base de conhecimento da área, estimular a formação de empresas de base biotecnológica e a transferência de tecnologias para empresas consolidadas, realizar estudos de prospecção e monitoramento do avanço do conhecimento no setor”.
A biotecnologia é considerada prioridade estratégica no Brasil desde 2003, e em 2007 foi criado o decreto Nº 6.041 que estabeleceu a Política de Desenvolvimento da Biotecnologia. Confira algumas curiosidades sobre a área de biotecnologia no Brasil:
A empresa brasileira Bug Agentes Biológicos, de Piracicaba-SP, foi escolhida pelo Fórum Econômico Mundial como uma das 36 startups pioneiras em tecnologia no mundo. A empresa vende agentes de controle biológico que atacam pragas de plantações. Geralmente, os predadores vendidos atacam os ovos das pragas impedindo que estas se desenvolvam e causem prejuízos à colheita.
O Brasil está entre os maiores usuários de pesticidas no mundo. O uso de biotecnologia para equilibrar a relação entre praga e predador, é mais amigável ao meio ambiente do que o uso de pesticidas químicos.
Para evitar riscos de que espécies não-nativas ataquem espécies não-alvo, a empresa visita o campo onde será aplicado o controle biológico e identifica um parasita ou predador natural dos ovos da praga a ser combatida. Essa espécie é escolhida como o agente de defesa da plantação. Por fim, a empresa usa um processo para produzir o agente selecionado e envia o produto para o cliente através de um mecanismo de entrega patenteado.
Utilizamos cookies para oferecer uma melhor experiência de navegação. Ao navegar pelo site você concorda com o uso dos mesmos.
Saiba mais