A bissexualidade é uma orientação sexual em que o indivíduo sente atração por mais de um gênero. De acordo com o relatório do Centers for Disease Control and Prevention’s Youth Risk Behavior, 75% das pessoas que se identificam como LGBTQIA+ são bissexuais. Apesar de serem maioria, esse grupo de indivíduos é o que mais sofre com violência relacionada a sua orientação.
O prefixo “bi” vem do grego e significa “dois”, e, por isso, muitas pessoas associam a bissexualidade a atração física a homens e mulheres. Entretanto, ao contrário do que alguns pensam, a orientação não é binária. Isso significa que uma pessoa bissexual pode sentir atração por homens, mulheres e pessoas não-binárias.
Devido a relação que a humanidade criou com a divisão de gênero (homens e mulheres), a maioria das sexualidades é categorizada com esse conceito em mente. Afinal, esses termos surgiram quando o debate a respeito do gênero era recente, e faltava aprofundamento por parte dos estudiosos.
Porém, a bissexualidade sempre foi sobre a atração por mais de um gênero, independente de qual. Sendo assim, o seu significado não é literal, mas sim algo que evoluiu com a linguagem e as definições de identidade desenvolvidas com o tempo.
A panssexualidade é uma orientação sexual definida pela atração por qualquer indivíduo, indiferente do gênero. O prefixo “pan” também vem do grego, e significa “todos”. Apesar da diferença de nomes, a panssexualidade e a bissexualidade são a mesma coisa em suas raízes.
Alguns defendem a ideia de que a panssexualidade abrange um número maior de indivíduos. Ou seja, quem se identifica com essa orientação sentiria atração por pessoas transgênero e/ou não-binárias. Mas a verdade é que bissexualidade não é binária, e pessoas bissexuais também se relacionam e se atraem por transgêneros e não-bináries.
Logo, o uso dos dois termos é algo puramente arbitrário, que cabe a cada pessoa decidir. Existem indíviduos que se sentem melhor com o uso do termo “panssexual”, aqueles que preferem “bissexual”, e quem usa os dois de forma alternada.
Pessoas LGBTQIA+ utilizam de diversos termos para se identificarem, como forma de reivindicar suas identidades diante de uma sociedade heteronormativa. Além dos termos citados acima, esses indivíduos podem se autodeclarar “queer”, “multissexuais” e “fluidos”.
Os rótulos usados pela comunidade LGBTQIA+ para autoidentificação não são obrigatórios, mas são parte importante da vida dessas pessoas. É comum que elas reivindiquem esses termos como forma de proteger e determinar suas identidades, perante cenários heteronormativos.
Como a heterossexualidade foi submetida e pregada como “a única opção correta” por centenas de anos, em diversas localidades, reivindicar uma orientação sexual diferente disso é um ato político. Afinal, é senso comum a presunção de que todos são heterossexuais até que se prove o contrário.
Além disso, o uso de rótulos para determinar orientações sexuais facilita o trabalho de estudo de grupos marginalizados. Assim, entendendo melhor suas características, necessidades e formas de prestar apoio.
Em contrapartida, quem opta por não se rotular também é válido e deve ser respeitado. Cabe a cada pessoa dentro da própria comunidade LGBTQIA+ a decisão de usar ou não termos que caracterizam como se sente atraída.
Pessoas LGBTQIA+ sofrem constantemente com preconceitos relacionados às suas identidades. Um dos principais estereótipos nocivos ligados a pessoas bissexuais é o de que elas são ou seriam “promíscuas” e “indecisas”. Esse tipo de crença é errada e fundamentalmente preconceituosa, colocando esses indivíduos em uma posição de “hiperssexualização” danosa para sua vivência.
Para além disso, outros estereótipos LGBTQIAfóbicos ligados a pessoas bissexuais são:
A experiência de cada pessoa com sua orientação sexual é individual. Portanto, perdurar estereótipos como esses é nocivo à sua existência e experiência em sociedade. Essas ideias contribuem para a perpetuação de preconceitos com a comunidade bissexual. Por isso, evite disseminar esses pensamentos.
Estudos apontam que cerca de 61% das mulheres bissexuais sofrem com casos de abuso sexual, violência física e perseguição, comparado com 35% das mulheres héteros. No caso dos homens bissexuais, 37% sofre com as mesmas violências, comparado aos 29% dos casos que são homens heterossexuais.
Outras pesquisas também revelam que os níveis de abuso de álcool, hiperssexualização e assédio na comunidade LGBTQIA+ são maiores em mulheres bissexuais. De acordo com a pesquisadora Nicole Johnson, da Universidade Lehigh, nos Estados Unidos, isso acontece em decorrência ao estresse que o grupo sofre devido a estigmatização da orientação.
Além disso, relatórios apontam que a falta de aceitação da bissexualidade é comum entre pessoas heterossexuais e LGBTQIA+. Esses fatores contribuem para a deterioração da saúde mental e física desse grupo marginalizado, que, quando comparado com outras sexualidades, frequentemente têm os maiores níveis de:
A falta de apoio social também contribui para que essas pessoas deixem de buscar ajuda necessária para lidar com seus problemas. O que aumenta os riscos de ideação suicida, algo comum entre pessoas bissexuais e transgênero.
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