Estilista usa sacos de cimento para criar suas roupas

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Estilista de Minas Gerais usa sacos de cimento como matéria-prima para fabricar bolsas de grife

Talvez a ousadia que mais tenha chamado atenção do mundo da moda na São Paulo Fashion Week de 2010 foi uma coleção de bolsas feitas com um material um tanto inusitado: saco de cimento.

A ideia do estilista Rogério Lima casou com a reivindicação das questões ambientais por parte do mundo da moda, que há alguns anos nem dava bola para a consciência ecológica. Mas Lima lembra que não é só o caráter consciente que faz o sucesso das bolsas . “Esta preocupação com o meio ambiente permitiu uma visibilidade muito grande do meu produto, não só pela reciclagem em si, mas pela forma como ela é feita: com requinte e qualidade, conferindo status premium a uma matéria-prima pouco nobre”, afirmou.

O estilista trabalhava num escritório de engenharia eletrônica e foi desafiado a produzir um cinto. O resultado foi positivo e ele teve a ideia de iniciar o trabalho com couro em bolsas, carteiras e outros acessórios. A criação com peças reutilizáveis, como o saco de cimento, ocorreu por acaso. “A ideia surgiu a partir de uma reforma no showroom. Os sacos de cimento ficavam expostos a sol e chuva, e percebendo a resistência deste papel, decidi fazer alguns testes para verificar a possibilidade de utilizá-los como materia-prima”, explicou Rogério. Outros materiais reutilizáveis já fizeram parte da base de matérias primas do autor, como peças de lona de caminhão, câmaras de ar de pneus e alças de cinto de segurança.

Mas quem pensa que usar esse tipo de material é algo que dá menos trabalho, engana-se. “A criação de peças como estas demanda pesquisa, testes, buscas que oneram o custo a um nível superior ao do produto tradicional. Para fazer uma peça em couro, basta encomendar ao curtume uma metragem determinada e, ao chegar o material, ele já vai direto para a produção. Uma bolsa em saco de cimento depende do refugo cedido pela (fabricante) Cauê ou o material a ser encontrado em construções, que deve ser limpo, selecionado, processado. Não temos uma perspectiva segura com relação à disponibilidade deste papel. O saco ainda passa por um tratamento antes de ir para a produção. É um processo trabalhoso, mas compensa pelo resultado final”, disse o artista.

Rogério já firmou parcerias com marcas famosas como Vide Bula e Divina Decadência, antes de se envolver com o upcycle. Mas a partir do momento em que chegou a fazer experiências com materiais sustentáveis, a visibilidade aumentou e a marca do estilista, batizada de “A Fábrica” e com sede em Belo Horizonte, pretende continuar utilizando esse tipo de material. “O foco de nossa empresa sempre foi produzir peças em couro. Entretanto, produtos com caráter eco-ambiental configuram um importante nicho no mercado contemporâneo, que continuaremos a explorar”, afirmou.

Para comprar as bolsas de saco de cimento de Rogério, basta entrar em contato com maisons e lojas multimarcas de todo o Brasil, como a Cavalera. Em breve, o site pessoal de Rogério terá vendas online. Confira clicando aqui.

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