Por WWF Brasil – Apesar da data comemorativa, estes animais enfrentam várias ameaças, como a desconexão de seu habitat por projetos hidrelétricos, pesca predatória, desmatamento e contaminação por mercúrio.
Para conservar a espécie e também os habitats em que vive o WWF, em conjunto com cientistas de outras organizações, fazer parte da SARDI (Iniciativa Golfinhos de Rio da América do Sul, em inglês, South American River Dolphin Initiative) que realiza estudos e expedições para avaliar as condições das espécies em seus habitats nos rios da Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela. Os resultados destes estudos ajudam os governos locais e sociedade civil a desenvolver ações de conservação de golfinhos na América do Sul.
De acordo com Marcelo Oliveira, especialista de conservação do WWF-Brasil, as estimativas populacionais, estudos ecológicos e genéticos de diversas regiões da Amazônia são ferramentas essenciais para orientar as estratégias de conservação, manejo e desenvolvimento sustentável. “Os trabalhos de conservação dos botos possuem impactos diretos em centenas de outras espécies, inclusive na humana. Estes animais são indicadores de qualidade de ecossistemas pois precisam de água limpa, comida em abundância, matas ciliares conservadas e um habitat equilibrado”, afirma Oliveira.
Atualmente, todos os botos de água doce do mundo estão classificados na lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) como ameaçados de extinção. E isso representa um risco para todo o ecossistema amazônico, já que, por ser um animal topo de cadeia, sua ausência cria desequilíbrio.
Alterações no curso e vazante de rios, como a construção de hidrelétricas, consistem em um dos principais motivos para a situação de vulnerabilidade dos botos. Um estudo desenvolvido pelo WWF-Brasil, Instituto Mamirauá e IEPA (Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado, do Amapá) aponta que na bacia do Araguari, principal e maior rio do Amapá, a presença de três hidrelétricas (Cachoeira Caldeirão, Coaracy Nunes e Ferreira Gomes) mudou a vazão do rio, extinguiu o fenômeno da pororoca e isolou populações de botos. Segundo o estudo, as barreiras das usinas alteram o fluxo do rio e impediram a movimentação dos botos pelas águas.
O garimpo é outra ameaça a essa espécie. A atividade causa o depósito de mercúrio e outros metais pesados no leito dos rios, contaminando toda a cadeia alimentar dos botos. Como são animais de topo de cadeia, conforme eles se alimentam de peixes já atingidos pelo mercúrio, o nível de concentração desse metal em seu organismo vai aumentando. Botos pesquisados no Brasil, Bolívia e Colômbia mostraram alta concentração de mercúrio em seus organismos, o que certamente prejudica seu sistema imunológico, deixando-os expostos ao desenvolvimento de diversas doenças. Além disso, os efeitos em longo prazo ainda são desconhecidos, mas no homem o acúmulo pode causar problemas neurológicos e outros distúrbios.
O desmatamento e a criação de búfalos e bovinos às margens dos rios amazônicos também são causas de impacto negativo à existência dos botos. A retirada de árvores, degradação do solo, o pisoteamento por parte da criação pecuária das áreas às margens fluviais causam erosão e deterioração na qualidade das águas.
O boto é animal encantado na mitologia indígena, alimenta o folclore brasileiro, habita o imaginário popular e encanta aos que têm o privilégio de vê-lo. E a ciência ainda está aprofundando seus conhecimentos sobre o animal. Reunimos aqui, algumas curiosidades e caminhos para que você possa conhecer ainda mais sobre os golfinhos do rio.
Os botos, ao contrário de nós, humanos, respiram voluntariamente, por isso não podem entrar em estados de inconsciência, pois se afogariam. Pense nas pessoas que praticam snorkel, é assim que os golfinhos são, cada respiração é voluntária e planejada. Para descansar e recuperar a energia eles diminuem sua atividade e entraram em um estado de letargia, diminuindo o estado de alerta, ao longo do dia e da noite
O período de gestação dos botos dura entre 10 e 11 meses e é possível que nasça apenas um filhote. Além disso, as fêmeas procuram áreas tranquilas em rios, como remansos e lagoas, e o trabalho de parto pode durar várias horas. Nas primeiras horas de vida, o bebê pode enfrentar dificuldade para respirar, por isso precisa da ajuda da mãe por perto. As mães acompanham os filhotes até completarem entre dois e três anos.
Os botos são um grupo particularmente vulnerável de cetáceos de água doce, distribuídos em apenas 14 países na Ásia e na América do Sul. No Brasil, encontramos três delas: de botos-cor-de-rosa (Inia geoffrensis), tucuxis ou boto-cinza (Sotalia fluviatilis) e o botos-cinza (S. guianensis). E os cientistas ainda buscam o reconhecimento de uma nova espécie, o boto-do-araguaia (Inia araguaiaensis), que ainda precisa ser mais estudada.
Os botos são animais topo de cadeia, ou seja, sua presença é considerada um indicador de qualidade e boa saúde dos locais em que habita, impactando positivamente para a saúde de todas as espécies ao seu redor, inclusive a dos seres humanos. Possui um avançado sistema de localização com emissão de ondas sonoras que fornece um eficiente sistema de comunicação, ferramentas que o ajudam na alimentação e deslocamento.
Todas as espécies de botos do mundo estão ameaçadas pela modificação de seus habitats. No Brasil, mudanças hidrológicas causadas pela construção de barragens e a presença do garimpo ilegal são as principais ameaças.
A SARDI – South American River Dolphins Initiative, ou “Iniciativa Golfinhos de Rio da América do Sul” é um trabalho em conjunto que tem como propósito atuar de maneira coletiva pela conservação dos botos e de seus hábitats na América do Sul. Para isso, foi criada uma rede com organizações e especialistas de todos os países onde eles vivem composta por organizações ambientais na Colômbia, Brasil, Bolívia, Peru, Equador e Venezuela. Clique aqui para conhecer o SARDI.
Um estudo desenvolvido pelo WWF-Brasil, Instituto Mamirauá e IEPA (Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá) comprovou a existência de botos-cor-de-rosa (Inia geoffrensis), tucuxis (Sotalia fluviatilis) e botos-cinza (S. guianensis) em uma extensão de 4.224 km de rios no estado do Amapá, em uma região onde não se tinha confirmação da existência desses animais.
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