Branqueamento dos corais: o que é e consequências

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O branqueamento dos corais é um problema ecológico em que se observa a perda da cor desses organismos. O fenômeno tem relação direta com o aumento da temperatura da água. E, consequentemente, com o processo de aquecimento global. Ele acontece em decorrência da expulsão ou da perda do pigmento de algas que vivem em associação mutualística com os corais.

Com isso, eles se tornam translúcidos, sendo possível verificar seus esqueletos de carbonato de cálcio. Vale ressaltar que esse branqueamento pode ser um evento transitório ou fatal.

Recifes de corais

Os recifes de corais podem ser descritos como sendo estruturas rígidas formadas por organismos aquáticos que possuem esqueleto calcário, como os corais e as algas coralinas.

Os recifes de corais apresentam grande biodiversidade e servem de abrigo e local de reprodução para várias espécies. Além disso, os recifes possuem uma farta disponibilidade de alimento para os animais desse ecossistema.

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, uma em cada quatro espécies marinhas vive nos recifes de corais, incluindo 65% das espécies de peixe. Apesar de toda sua importância, estima-se que aproximadamente 30% dos recifes de nosso planeta estejam muito danificados em virtude das atividades humanas.

Dados do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) apontam que durante 2024 uma nova onda de branqueamento afetou os corais brasileiros. 

Geralmente, esses locais servem de ponto turístico para a realização de mergulhos, apresentam espécies que podem ser utilizadas como alimento e fornecem matéria-prima para a indústria farmacêutica. Entre os fatores que destroem os recifes, destacam-se:

Recifes de corais e zooxantelas

Nos recifes de corais de águas rasas, observa-se a relação simbiótica entre corais e zooxantelas, algas unicelulares. Essa relação é benéfica para ambos, já que os corais fornecem abrigo, gás carbônico e nutrientes inorgânicos para as zooxantelas, enquanto elas disponibilizam os produtos de seu processo de fotossíntese, ou seja, componentes orgânicos que servem de alimento para os corais. Além disso, as algas zooxantelas ajudam no aumento da taxa de calcificação desses animais. Essa relação, apesar de importante, é facilmente destruída em situações de estresse ambiental.

Como o branqueamento afeta os corais?

O evento de branqueamento dos corais é causado principalmente pelo aumento da temperatura da água, seja por eventos sazonais, aquecimento global ou pelo agravamento do efeito estufa. No entanto, esse processo também pode ser resultado de outros fatores, como grande incidência de luz ultravioleta, sedimentação excessiva, expulsão das zooxantelas, poluição e salinidade.

Como ressaltado anteriormente, o branqueamento dos corais é extremamente prejudicial para os corais e para as algas zooxantelas. Dependendo da duração do branqueamento ou ainda da intensidade da alteração ambiental que causou o problema, os corais podem morrer.

O processo de branqueamento também torna os corais mais suscetíveis a doenças, o que afeta a estabilidade do ecossistema. Além disso, a falta de algas resulta em uma redução na taxa de calcificação do recife. Assim, todas essas mudanças nos corais prejudicam diretamente os recifes, podendo provocar perda de biodiversidade nesses locais.

Imagem de Hitoshi Namura no Unsplash

Branqueamento dos corais e aquecimento global

Quando se analisa o branqueamento dos corais ao redor do mundo, percebe-se que há uma associação direta entre esse processo e o aumento da temperatura dos oceanos. Muitas vezes, esse branqueamento acontece em virtude de alterações da temperatura da água que ocorrem de maneira sazonal. Nesse caso, é observado o retorno da coloração normal nos meses em que a temperatura da água diminui.

Entretanto, tem-se observado um aumento não sazonal da temperatura da água do oceano causado pelo aquecimento global. Como resultado desse processo, acontece o branqueamento dos corais e a diminuição das taxas de crescimento desses organismos. O branqueamento está relacionado com o aumento de doenças nos corais, o que pode levá-los à morte. Como os corais formam os recifes de coral, danos a esses organismos podem prejudicar diretamente esses ecossistemas.

Além disso, o aquecimento global também está sendo responsável pelo fenômeno de acidificação dos oceanos. Esse processo ocorre em decorrência da grande quantidade de CO2 atmosférico, que se dissolve na água e forma ácido carbônico. Por ser um composto muito instável, ele sofre dissociação e libera grande quantidade de íons H+ na água, que a torna mais ácida. A acidificação dos oceanos impacta diretamente a formação das estruturas dos corais, que ficam mais frágeis e sujeitas a serem diluídas.

Protetores solares contribuem para o branqueamento dos corais?

Nos últimos anos, houve um aumento no interesse público, político e científico com relação aos efeitos que os protetores solares apresentam nos recifes de corais. Um artigo publicado no Journal of Environmental Toxicology and Chemistry resume a literatura científica que avalia os impactos desses cosméticos nos ecossistemas aquáticos. 

Os especialistas puderam concluir que, embora os protetores solares ocorram em grandes quantidades no ambiente, há evidências limitadas para sugerir que sua presença está causando danos significativos aos recifes de corais. No entanto, eles alertam que, com base nas informações e dados disponíveis, seria prematuro dizer que os filtros não afetam negativamente esses ecossistemas. Outros estudos apontam que os compostos químicos presentes em protetores solares podem causar adoecimento, branqueamento e morte dos corais. 

Os cientistas apontaram para inúmeras lacunas de dados críticos em termos de exposição ambiental confiável e relevante e dados de toxicidade que precisam ser preenchidos antes que conclusões possam ser tiradas. Em seu artigo, Carys Mitchelmore e seus colegas descrevem uma série de recomendações para estudos futuros que avaliem o risco ambiental de protetores solares.

Mitchelmore acrescenta: “além de mais estudos de campo e de laboratório que levam em consideração as condições e as espécies dos recifes, é necessário desenvolver uma estrutura de avaliação de risco ambiental para corais. Investigar e priorizar estressores nos corais permitiria aos reguladores, legisladores e cientistas otimizar a conservação e atividades de gestão. “

Como evitar o branqueamento dos corais?

O branqueamento dos corais está ligado ao aquecimento global. Para contê-lo, é necessário que haja conscientização e mudanças de atitude por parte da sociedade. Assim, evitar o uso de automóveis, realizar a compostagem e substituir os combustíveis fósseis por fontes de energia renováveis e limpas são exemplos de ações que podem frear o aquecimento global.

O branqueamento ainda tem relações com outros fatores, como a variação de salinidade e a poluição. Dessa maneira, é essencial garantir que os resíduos das atividades humanas tenham destinação correta, evitando que ocorra um agravamento do branqueamento dos corais.

Julia Azevedo

Sou graduanda em Gestão Ambiental pela Universidade de São Paulo e apaixonada por temas relacionados ao meio ambiente, sustentabilidade, energia, empreendedorismo e inovação.

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