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De acordo com Alexandre Saadeh, não existe base científica que sustente a utilização de terapias reparativas

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Por Jornal da USP O Brasil foi o primeiro país em que as autoridades de saúde mental se manifestaram contra a chamada terapia de reorientação sexual.  Alexandre Saadeh, coordenador do Ambulatório de Identidade de Gênero e Orientação Sexual do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas da FMUSP, discorre sobre o tem em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª edição.

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Consequências da homofobia: LGBTQIA+ e saúde mental

De acordo com ele, não existe um padrão de comportamento que seja preciso para nossa espécie: “O comportamento dito homossexual você encontra em várias espécies de animais, inclusive na nossa espécie. Então, a gente considera uma variação, não uma alteração, uma patologia, um distúrbio. É algo que é diferente, mas nem por isso é anormal ou doentio nesse sentido. O que vem é que, desde o século 19, se estabeleceu um padrão de sexualidade, que seria o padrão de sexualidade idealizado, com homem e mulher reprodutivos tendo filhos. O famoso papai e mamãe com finalidade reprodutiva, só que a sexualidade tem outros caminhos dentro da nossa espécie. A gente busca o sexo muito mais pelo prazer do que pela reprodução.”

As terapias de reorientação sexual não possuem nenhuma base científica e costumam ser defendidas especialmente por alguns grupos religiosos ou grupos mais ligados à moral, grupos retrógrados. “Não tem base científica. Se isso fosse verdade, a gente poderia curar também a heterossexualidade. seria reversível tudo isso. Tanto a homossexualidade, heterossexualidade, a bissexualidade, a assexualidade e a pansexualidade são parte das característica da identidade do indivíduo”, afirma Saadeh.

Repressão causa danos

O médico ressalta que a orientação sexual não é uma escolha: “Desejo a gente não escolhe, ele brota. O que a gente escolhe é exercer ou não a prática sexual. Em cima disso que essas ditas terapias atuam, são manipulações psíquicas em relação aos indivíduos. Propõem você a controlar o seu comportamento sexual e isso causa limitação, perda de qualidade de vida, de depressão, aumento do uso de drogas e álcool, tentativas de suicídio e até o próprio suicídio. Você tenta controlar um aspecto que é da tua vida e você só piora, porque você reforça que esse aspecto é errado e não tem nada de errado.”

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Consequências da homofobia: LGBTQIA+ e saúde mental

As pessoas induzidas às chamadas terapias reparativas têm grandes chances de desenvolverem transtornos psicológicos. “Os estudos mostram que uma grande parte, estatisticamente significativa, apresenta algum transtorno psiquiátrico após a terapia de conversão, porque você anula uma parte tua, você tenta matar uma parte dentro de você e é uma parte importante. Hoje a sexualidade faz parte dos critérios de qualidade de vida da Organização Mundial de Saúde, você poder exercer a sua sexualidade com liberdade, respeito e tranquilidade, faz parte do seu bem-estar. Então, se você anular esse pedaço da tua vida, você está amputando um pedaço da tua existência”, ressalta Saadeh.


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