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A brisa marítima é uma resposta às variações verticais do aquecimento da superfície
A brisa marítima é uma corrente formada por ventos diurnos que sopram do oceano sobre o continente. Ela está relacionada às diferenças entre os calores específicos da água e da areia e com o fenômeno de convecção. O fator pode ser entendido como um processo de transferência de calor. De acordo com estudos, a brisa marítima possui influência sobre o clima de diversos locais, incluindo da Grande São Paulo.
O calor específico é a quantidade necessária para que cada grama de uma substância sofra uma variação de temperatura de 1 °C. Essa grandeza é uma característica de cada tipo de substância e indica o comportamento do material quando exposto a uma fonte de calor.
A água possui um alto calor específico. Isso significa que ela precisa de uma grande quantidade de calor para variar a sua temperatura em 1 °C. Com isso, ela pode ser considerada uma boa condutora de calor. Assim, toda a energia emitida pelo Sol é dispersada para as camadas mais profundas do oceano, dificultando seu aquecimento.
As brisas marinhas são mais pronunciadas nos trópicos do que nas latitudes médias. Principalmente em virtude da aceleração de Coriolis ser mais fraca nas áreas tropicais. Em latitudes maiores, essa aceleração desvia o vento, o que limita o alcance das brisas. Assim, os processos de mesoescala e de escala diurna, como as brisas, possuem mais importância nos trópicos.
Como ocorre a brisa marítima?
Como ressaltado anteriormente, a brisa marítima está associada às diferenças de temperatura entre a água e a areia e com o fenômeno de convecção. Durante o dia, a energia emitida pelo Sol provoca um aumento na temperatura sobre a água e a areia. No entanto, como o calor específico da areia é menor que o da água, ela esquenta e esfria com mais facilidade. Sendo assim, a temperatura nas proximidades dela será maior que a temperatura nas proximidades da água.
Além disso, o ar sobre a areia será mais quente que o ar sobre a água, o que baixa a pressão atmosférica na plataforma continental. Com a terra aquecida, pode-se concluir que a pressão do ar sobre a areia é menor que a pressão do ar sobre a água, causando um deslocamento de ar do oceano em direção ao continente.
À noite ocorre o processo inverso, que recebe o nome de “brisa terrestre”. No final do dia, a areia apresenta uma temperatura menor que a da água. Isso faz com que as massas de ar nessa região sejam mais frias.
Dessa maneira, a pressão do ar sobre a areia é maior que a pressão do ar sobre a água. Logo, causando um deslocamento de ar da plataforma continental em direção ao oceano durante a noite .
Influência da brisa marítima em São Paulo
Um estudo realizado pela professora Flávia Noronha Dutra Ribeiro, docente do curso de Gestão Ambiental na Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), indica que a brisa marítima apresenta influências sobre o clima da Grande São Paulo.
A especialista indica que a brisa proveniente do litoral pode mitigar as ilhas de calor que se formam na Região Metropolitana de São Paulo. Além disso, ela também pode interferir na qualidade do ar ao promover a dispersão temporária dos poluentes acumulados na atmosfera.
Dessa maneira, esse fenômeno é muito positivo para a cidade, principalmente em dias de inversão térmica. Afinal, deixa a temperatura um pouco mais baixa, o clima mais úmido e o ar menos poluído. No entanto, a pesquisa reforça que esse efeito é temporário.
A entrada da brisa marítima provoca inversão térmica que deixa a Camada Limite Planetária (CLP), a faixa de ar mais próxima da superfície, mais estável. Assim, agindo como uma espécie de tampa na atmosfera. Assim, embora o ar limpo chegue, os poluentes continuam sendo emitidos e não conseguem se dispersar na vertical como deveria ocorrer.
