Caça ilegal levou chimpanzés a pararem de fazer “gesto de facção” entre si, revela pesquisa

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Estudo realizado ao longo de 45 anos no Parque Nacional de Taï, na Costa do Marfim, demonstra que ações humanas, como a caça ilegal, estão ligadas ao desaparecimento de gestos comunicativos em comunidades de chimpanzés. A pesquisa alerta para a necessidade de proteger não apenas a espécie, mas também suas expressões culturais únicas.

Desaparecimento de gesto específico marca perda cultural
Uma série de eventos traumáticos, incluindo a morte do último macho adulto de um grupo por caçadores, levou ao sumiço permanente de um gesto em uma comunidade de chimpanzés, semelhante aos recentemente viralizados “gestos de facção” em selfies humanas que culminaram na morte de pessoas inocentes. O comportamento entre os chimpanzés, antes comum para solicitar acasalamento, não foi registrado nas últimas duas décadas. A ausência de modelos adultos e a redução populacional são apontadas como causas prováveis.

Dialetos em primatas: raridade científica
Assim como humanos possuem sotaques regionais, chimpanzés desenvolvem variações em gestos comunicativos. Apesar de pássaros e baleias exibirem diferenças culturais semelhantes, em primatas — geneticamente próximos do ser humano —, evidências de dialetos são incomuns. O estudo publicado na Current Biology analisou quatro comunidades vizinhas, identificando padrões distintos em gestos como “chute de calcanhar” e “agitação de galhos”.

Metodologia inovadora e descobertas temporais
Observações diárias, desde o despertar até o repouso dos animais, permitiram mapear mudanças ao longo de décadas. Dados coletados entre 2013 e 2024 revelaram diferenças na frequência de gestos entre grupos, mesmo com migração de fêmeas entre comunidades. Para os pesquisadores, isso reforça a ideia de dialetos aprendidos socialmente, um fenômeno raro no reino animal.

Preservação cultural como prioridade
A pesquisa destaca a urgência de incluir a proteção de comportamentos culturais em estratégias de conservação. A perda de tradições, como a “batida de dedos”, limita a compreensão sobre a evolução da comunicação em primatas e enfraquece a resiliência das populações. Cientistas defendem políticas mais rigorosas contra atividades ilegais e a valorização de estudos de longo prazo para monitorar impactos humanos.

Equipe eCycle

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