Animais treinados detectam ovos de moscas-lanternas-pintadas e outras ameaças ambientais com eficiência surpreendente
Em um cenário onde a biodiversidade está constantemente ameaçada por espécies invasoras, os cães têm se destacado como ferramentas poderosas na preservação ambiental. Com um olfato apurado, esses animais são capazes de identificar ameaças biológicas que passariam despercebidas pelos humanos. Um exemplo recente vem da luta contra a mosca-lanterna-pintada, um inseto originário da Ásia que vem causando estragos em vinhedos e florestas dos Estados Unidos.
A mosca-lanterna-pintada, detectada pela primeira vez na Pensilvânia em 2014, rapidamente se espalhou por outras regiões do país. O inseto é uma ameaça significativa para a agricultura, especialmente para as videiras, que sofrem danos severos com sua presença. Para combater a infestação, cientistas têm recorrido a cães treinados, que conseguem localizar massas de ovos camufladas, algo extremamente difícil para os olhos humanos.
Um estudo publicado na revista Ecosphere comparou a eficiência de cães e humanos na detecção desses ovos. Enquanto os humanos se saíram melhor em áreas controladas, como vinhedos, os cães superaram em mais de três vezes a capacidade de localização em áreas florestais. Além disso, os animais mostraram-se particularmente eficazes em locais com infestações iniciais, onde a presença dos ovos é mais esparsa.
Angela K. Fuller, ecologista da Universidade Cornell e uma das autoras do estudo, destaca a importância de combater a infestação logo no início. A detecção precoce é essencial para evitar que a mosca-lanterna-pintada se espalhe ainda mais. Nesse contexto, os cães se tornam aliados indispensáveis, capazes de cobrir grandes áreas em menos tempo e com maior precisão.
A aplicação de cães em esforços de conservação não é novidade. Em várias partes do mundo, esses animais têm sido usados para detectar espécies invasoras, desde insetos até plantas e peixes. Na América do Norte, por exemplo, cães são treinados para identificar mexilhões invasores em embarcações, evitando que se espalhem para novos ecossistemas. Em Montana, eles ajudam a localizar o pastel-de-tintureiro, uma planta invasora que compete com a vegetação nativa.
Nathaniel Hall, especialista em comportamento animal da Texas Tech University, ressalta que os cães são detectores em tempo real difíceis de igualar. Sua capacidade olfativa, combinada com treinamento especializado, os torna ferramentas valiosas para monitorar e combater espécies invasoras. Apesar dos avanços, ainda há um potencial inexplorado para o uso desses animais em larga escala.
A integração de cães em projetos de conservação é um exemplo de como a ciência e a natureza podem trabalhar juntas para enfrentar desafios ambientais. Enquanto a humanidade busca soluções para proteger ecossistemas ameaçados, os cães continuam a provar que são mais do que companheiros leais — são também guardiões da biodiversidade.