Tempo excessivamente quente pede cuidado redobrado com os animais
Períodos de calor extremo podem causar complicações tanto para a saúde humana quanto para a saúde dos animais. Consequência direta das mudanças climáticas, esses eventos extremos acontecem por todo o mundo e a tendência futura é que sua ocorrência aumente cada vez mais.
Por que o calor extremo está cada vez mais frequente?
O aquecimento global é o grande responsável pelas mudanças climáticas que ocorrem no planeta. Por sua vez, a ocorrência dessas mudanças têm causado um número cada vez maior de eventos climáticos extremos, que aumentaram de frequência e intensidade, com o decorrer dos anos.
Um estudo, publicado pela Science Direct, analisou a crescente recorrência desses fenômenos meteorológicos, ocorridos entre 2000 e 2022. Fica evidente que as causas do aumento da temperatura global são antropogênicas.
Nesse sentido, a queima de combustíveis fósseis e de resíduos agrícolas, e o aumento das taxas de desmatamento, entre outros fatores, contribuem fortemente para a emissão de gases de efeito estufa.
Além disso, é esperado que a temperatura terrestre continue a aumentar, excedendo 2°C até o final do século 21, se nada mudar.
Nesse contexto, o estresse térmico, por estar associado a problemas de saúde, é uma grande preocupação. Isso porque, segundo a publicação, o aumento da temperatura está intimamente ligado ao aumento das taxas de mortalidade e de morbidade.
Aumento das ondas de calor extremo
O estudo também aponta para o aumento da frequência e da intensidade de ondas de calor extremo. De acordo com os pesquisadores, muitos modelos climáticos concordam que haverá um aumento constante de temperatura, em todo o mundo. Além de desastres ambientais, há um maior risco de chuvas imprevisíveis, inundações, secas severas, tufões e ciclones, que também devem acontecer mais frequentemente.
O calor extremo também pode gerar deficiência nutricional e problemas sanitários, como escassez de água potável e doenças causadas por vetores, como dengue, chikungunya e malária, entre outros.
As altas temperaturas geram prejuízos na saúde, formam ilhas de calor insuportáveis nos centros urbanos, diminuem consideravelmente a qualidade do ar e causam impactos negativos em fenômenos biológicos.
Por isso é importante encontrar alternativas para minimizar os impactos que o calor intenso pode causar no corpo humano, nos animais e até nas plantas.
Como se proteger do calor extremo?
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), manter o corpo fresco e hidratado é essencial para se proteger durante uma onda de calor extremo. Isso pode ser feito ingerindo bastante água e tomando banhos frios. Na hora de se vestir, optar por roupas leves, mais soltas e feitas de materiais naturais, também ajuda a manter a temperatura corporal mais baixa.
Alguns sintomas de hipertermia, que é o aumento da temperatura corporal, incluem transpiração excessiva, tonturas, fraqueza, dor de cabeça, confusão mental, diminuição da pressão arterial, entre outros.
Gestantes, crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas também precisam de atenção, pois são mais vulneráveis aos efeitos do calor extremo. Por esse mesmo motivo, os animais também precisam de cuidados especiais.
Como cuidar dos pets durante períodos de calor extremo?
A médica veterinária e nutróloga de cães, Carla Maion, do Veros Hospital Veterinário, respondeu algumas perguntas que podem te ajudar a cuidar dos pets durante as altas temperaturas.
Quais riscos o calor extremo pode causar à saúde dos pets?
Segundo Maion, temperaturas muito altas podem representar uma séria ameaça à saúde dos pets. Isso porque a alta da temperatura aumenta o risco de hipertermia, desidratação e queimaduras nos coxins das patas, devido ao contato com superfícies quentes.
Além disso, os animais ficam mais sensíveis, aumentando as chances de internação, aquecimento anormal do corpo e dificuldades de trocar calor. Esses fatores podem causar danos nos órgãos e até mesmo à morte do animal. Filhotes, idosos, obesos e doentes crônicos são parte do grupo de risco.
Quais são os sinais que indicam desconforto diante do calor?
De acordo com a veterinária, os sinais de desconforto, tanto em cães como em gatos, incluem ofegar e salivar em excesso, apresentar respiração rápida e superficial, fraqueza, letargia, vômitos, diarreia e, em casos mais graves, convulsões e desmaios.
A especialista alerta que é crucial que os tutores estejam atentos a qualquer comportamento incomum. Ao notarem o desconforto dos pets, é importante agir de imediato. Os animais devem ficar na sombra, em um ambiente fresco e bem ventilado. O uso de ventiladores ou ar condicionado também é bem vindo.
Como preservar a saúde dos pets durante períodos de calor extremo?
Sombra e água fresca são indispensáveis para proteger os pets do calor excessivo. Além disso, também é aconselhado evitar atividades físicas intensas durante os períodos mais quentes do dia.
Outro ponto de extrema importância é sobre os ambientes internos, que devem estar bem ventilados e refrigerados, sempre que possível. Carros fechados sob o sol quente viram estufas, então você jamais deve deixar seu pet dentro do carro.
Para proteger os animais contra os raios solares, existem protetores solares de uso específico. No calor, as dietas também podem ser adaptadas, incluindo mais alimentos frescos e com teor hidratante. Esses alimentos podem auxiliar o cuidado com a saúde durante os períodos de calor.
As altas temperaturas também podem afetar o apetite dos pets? Como tornar os alimentos mais atrativos?
Assim como nos humanos, o excesso de calor pode diminuir o apetite dos animais. Para chamar a atenção dos animais é preciso tornar os alimentos mais atrativos. Uma boa alternativa é oferecer alimentos úmidos ou congelados, mantendo as refeições leves e frescas.
Também é interessante acrescentar pedaços de frutas e vegetais reconhecidamente seguros para o animal. Melancia, cenoura e pepino são bons exemplos de alimentos seguros, nutritivos e refrescantes.
Quais snacks refrescantes são seguros para cachorros e gatos?
Cubos de gelo podem ser oferecidos para refrescar os cães. Sorvete caseiro (sem açúcar) e iogurte natural congelado são bons snacks, tanto para cães quanto para gatos.
Além da melancia, outras frutas, como morango e maçã, podem virar petiscos. Vale lembrar que a maçã deve ser oferecida sem sementes.
Também é recomendado, pela especialista, se certificar sobre os alimentos que são seguros para o consumo dos pets, além de evitar os excessos.
Quais frutas os cães e gatos não podem comer?
Segundo um artigo, publicado pela médica veterinária Sylvia Angélico, algumas frutas são contra indicadas para o consumo de cães e gatos. Uva, carambola e açaí devem ser evitados.
Entre os pesquisadores, não existe um consenso sobre as uvas na dieta dos animais. Segundo a veterinária, alguns experimentos apontam que a fruta não causa qualquer problema de saúde nos cães, enquanto outros estudos relatam o oposto. Nesse caso, é melhor evitar o consumo da fruta, de extratos ou do suco, pelos animais.
Já a carambola apresenta uma toxina, chamada caramboxina, que pode causar alterações neurológicas e renais. Outro elemento presente na fruta é o ácido oxálico, que pode levar à formação de cálculos, em animais predispostos.
O açaí concentra a mesma toxina encontrada no chocolate (alimento proibido para os pets), o alcalóide teobromina. Essa toxina pode prejudicar o coração e o cérebro, quando ingerida indevidamente pelos animais.
Em relação às frutas cítricas, Angélico afirma que cães e gatos saudáveis podem sim aproveitar esses alimentos. Ela explica que o suco gástrico do estômago de cães e gatos é mais ácido do que o pH das frutas cítricas, o que não causa nenhum prejuízo aos pets. Por outro lado, para animais com sensibilidade estomacal, é melhor evitar.
Cada organismo é único
Apesar de existirem outras tantas frutas que são liberadas para o consumo dos animais, a especialista destaca a intolerância que alguns pets apresentam para determinados alimentos. Por isso, ao oferecer frutas, além de ofertá-las sem exagero, é necessário testar a reação do organismo do seu pet.
Pets diabéticos ou com doenças que necessitem de dietas específicas, não devem ingerir frutas sem a orientação de um veterinário. Para os animais sem restrições de saúde, a especialista indica que a porção de frutas não ultrapasse 5% do total da alimentação diária.
Cuidar dos nossos pets exige dedicação. Entretanto, essa realidade não é alcançada por todos os animais. Animais em situação de abandono também sofrem os impactos das variações de temperatura e precisam de ainda mais atenção.
Como ajudar animais em situação de rua no calor?
Todos os animais merecem ser cuidados com amor e respeito. No entanto, muitos deles seguem abandonados nas ruas.
O calor extremo dificulta ainda mais a vida desses animais. Colocar uma tigela com água fresca na calçada faz uma enorme diferença e pode ajudar a evitar desidratação e hipertermia em cães e gatos abandonados.
Ser solidário com animais em situação de rua pode salvar vidas, e você pode ser a diferença.
Se puder, ofereça alimento e um abrigo arejado e com sombra. Pesquise e apoie também uma ONG ou protetores individuais. Essas pessoas, que resgatam e cuidam de animais em situação de rua, geralmente sofrem com o orçamento apertado e dependem de doações para continuar salvando essas vidas.
Não se esqueça de que você tem o poder de mudar o destino de um animal com um gesto. Faça o que estiver ao seu alcance, faça o mínimo, mas não permita que esses seres passem por você como se fossem invisíveis.