O canibalismo é o ato de se alimentar da própria espécie, que embora tabu entre os seres humanos, pode ser comum entre os outros animais. Entre os motivos do canibalismo entre animais estão a necessidade, estresse ambiental, ou simplesmente um “gosto” pelo sabor.
O estudo do assunto no reino animal começou na década de 70 e foi tomando forma após anos de pesquisa. Uma das maiores descobertas da área foi de que a ação não pode ser sempre categorizada como um frenesi alimentar, e muitas vezes pode ser previsível.
Em 81, especialistas descobriram alguns padrões do canibalismo em estudos com animais. Chamado também de predação intraespecífica, o ato é mais comum em fêmeas das espécies, que matam suas presas 88% das vezes. Dentro disso, foi observado que em 76% das vezes, esses atos faziam parte de rituais de acasalamento. Nesses casos, matar o macho da espécie pode beneficiar os filhotes, que não terão competição para acasalar quando atingirem a maturidade.
Além disso, foi comprovado que filhotes são mais propensos a serem comidos e os ovos são presas mais vulneráveis. Entretanto, o mesmo estudo indica que, na maioria dos casos, predadores não reconhecem os ovos de suas próprias espécies.
No reino animal, o canibalismo é mais comum em espécies de insetos e outros invertebrados, e em vertebrados como peixes e anfíbios. Embora menos comum em mamíferos e algumas aves, também é possível.
Entre os animais mais conhecidos por suas tendências canibais estão as aranhas. Grande parte das aranhas fêmeas, por exemplo, são conhecidas por seus rituais de acasalamento de consumir os machos, como a viúva negra.
Por outro lado, o canibalismo também ocorre minimamente em espécies mais próximas dos seres humanos, como chimpanzés. Esses primatas consomem outros rivais, normalmente filhotes, para obter proteínas extras em sua alimentação.
Além do acasalamento, a fome e a falta de nutrientes é uma causa comum do canibalismo. Hipopótamos, por exemplo, que são herbívoros na maioria das vezes, podem resultar a se alimentar de outros de sua mesma espécie durante a escassez de alimentos e nutrientes.
Apesar dos níveis do ato serem elevados a partir da fome, ela não é a única causa que resulta no canibalismo. Ele também pode ser uma resposta à superlotação de espécies, que resultam nesse consumo para evitar a competição.
Além disso, muitas fêmeas consomem seus filhotes mais fracos, o que as beneficiam. De acordo com um estudo de 2009, 68% de cascavéis canibalizaram seus filhotes para recuperar os nutrientes após o parto e se preparar para se reproduzir novamente.
O canibalismo também pode ser um sinal de sobrevivência. Muitas mães se sacrificam aos seus filhotes após parir para providenciar comida para a próxima geração.
O primeiro caso de canibalismo entre seres humanos que chocou a humanidade ocorreu em 1820. Ao afundar, a tripulação do barco “Whaleship Essex” teve que resultar no consumo de carne humana para sobreviver. Além disso, em 1972, passageiros de um avião que caiu nos Andes esperaram até quase morrer de fome para sucumbirem ao canibalismo.
Na humanidade, o ato do canibalismo pode ser um resultado tanto da violência ou do desespero. Em casos acidentais, ele é o último recurso. Em comunidades isoladas, ele ainda é praticado. Mas, por ser um assunto tabu, práticas religiosas que antigamente baseavam-se no consumo de entes falecidos como homenagem foram esquecidas e provavelmente praticadas em segredo.
Porém, de acordo com o zoologista Bill Schutt, especialista no assunto, o ato pode ser comum nos Estados Unidos: onde mães consomem suas próprias placentas para “reequilibrar seus níveis hormonais após o parto” — mesmo sem provas de que isso realmente ajude. Schutt também acredita que o canibalismo pode voltar a “ser comum”, afinal, a causa principal do ato na natureza é a superpopulação. O zoólogo acredita que, em conjunto com uma crise agrícola, pessoas podem resultar no canibalismo.
Entretanto, isso é só uma hipótese. Embora comum na natureza e em animais, o ser humano ainda vê o ato em si como tabu, mesmo entre outras espécies. Pode ser que se relacionar com os gostos de Hannibal Lecter, um dos maiores vilões do cinema, não interesse muito a humanidade.
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