Entenda a produção da carne de confinamento

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A carne de confinamento é mais competitiva no mercado, mas envolve crueldade animal e pode trazer problemas à saúde e ao meio ambiente.

Como funciona o sistema de confinamento de gado? O confinamento animal é um sistema de criação que mantém os animais confinados em gaiolas, piquetes, currais e baias, com área de deslocamento limitada, ração fornecida em cocho e água em bebedouro.

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A produção da carne bovina de confinamento surgiu como uma forma de escoar a venda de animais nos períodos de safra. Mas também a sua revenda nos períodos entressafra. Mais tarde, o confinamento passou a ser utilizado para aproveitar os resíduos ou subprodutos das agroindústrias.

Normalmente, o confinamento é praticado nos períodos de pouca chuva – quando os pastos ficam menos forrados. Porém também para engordar o animal mais rapidamente, sendo muito utilizado no setor de pecuária de corte.

Bem-estar no confinamento e qualidade da carne

O gado confinado representa apenas 5% de toda a produção pecuária de carne bovina no Brasil. Para alguns ativistas ambientais, ainda bem. De acordo com eles, a produção de carne de confinamento promove sofrimento animal, em diferentes intensidades, dependendo do tipo de acomodação.

Para a médica veterinária e diretora técnica do Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal (FNPDA), “confinar um animal por praticamente toda a vida em uma gaiola minúscula onde ele não pode sequer se virar ou andar é algo extremamente cruel”.

Entretanto, alguns defensores da carne de confinamento afirmam que os maus-tratos só são realidade em estruturas onde os animais criados não teriam espaço para se deitar ou sofrem pela ação de animais dominantes.

Na linguagem regulatória dos Estados Unidos, esses criadouros são chamados de Concentrated Animal Feeding Operation (CAFOs).

De acordo com a Enviromental Protection Agency (EPA), uma Animal Feeding Operation (AFO) se caracteriza por confinar animais por mais de 45 dias em área sem vegetação. As CAFOs são basicamente grandes AFOs.

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A agência ambiental americana divide as CAFOs em três categorias: pequenas, médias e grandes, de acordo com o número de animais, o volume de estrume produzido e os níveis de poluição gerados.

A produção de carne de confinamento considerada grande possui pelo menos mil cabeças de gado ou 30 mil galinhas. Esse tipo de confinamento está sujeito à fiscalização governamental.

O confinamento vem crescendo no Brasil e é fundamental para manter a competitividade dos produtores e o desenvolvimento tecnológico da pecuária.

Apesar disso, a pecuária nacional deve continuar se baseando no pasto. Afinal, são abundantes devido às condições climáticas favoráveis e dão origem a uma carne mais macia. No Brasil, somente de 15% a 20% do ganho de peso dos animais ocorre no confinamento.

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Foto de Josie Weiss na Unsplash

Quais são os pontos negativos do confinamento bovino?

Pode ser verdade que a carne de confinamento seja mais barata no curto prazo. No entanto, os problemas ambientais de longo prazo são grandes e inegáveis.

O consumo de água é elevado e os dejetos tóxicos poluem o ar e os mananciais. Nos EUA, a produção de carne de confinamento produz duas vezes mais dejetos do que a população humana.

Assim como na pecuária de pasto, na produção de carne de confinamento os antibióticos ajudam a prevenir doenças estimuladas pelas condições adversas. Além de promoverem o crescimento dos animais.

Porém, eles levam ao desenvolvimento de variedades resistentes. Sem contar, possivelmente, a redução da eficácia dos antibióticos usados em humanos, sendo uma ameaça mundial.

Outro problema é a saúde dos trabalhadores dos confinamentos. O ambiente apresenta altos níveis de material particulado em suspensão no ar. Além de amônia e endotoxinas liberadas por bactérias, que são muito nocivas ao sistema respiratório.

Há também a possibilidade de o trabalhador contrair doenças contagiosas transmitidas pelos animais aos humanos.

Portanto, sempre que for consumir carne, procure saber qual é a procedência ou reduza seu consumo. Dessa forma, além de estar evitando o sofrimento animal, você diminuirá sua pegada ecológica.

Stella Legnaioli

Jornalista, gestora ambiental, ecofeminista, vegana e livre de glúten. Aceito convites para morar em uma ecovila :)

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